Com adoçantes naturais, Cargill entra em mercado de R$ 1 bi no Brasil
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A entrada da Cargill no mercado brasileiro de adoçantes naturais, anunciada na manhã desta terça-feira, marca o ingresso da companhia em um segmento que fatura aproximadamente R$ 1 bilhão por ano, considerando apenas produtos dirigidos ao varejo, e em um campo ainda maior, de ingredientes para a indústria de alimentos, para o qual não há estatísticas de receita.
Mais cedo, a companhia informou que está trazendo para o Brasil três marcas de adoçantes dietéticos e ingredientes para a indústria (bolos, pães, doces, bebidas, produtos lácteos, geleias, preparados de frutas e outros), sendo uma delas, a marca Truvia, dirigida também ao consumidor final e presente em mais de 15 países, incluindo os Estados Unidos, onde entrou em 2008.
Apesar de não haver estimativas do tamanho do mercado de adoçantes naturais para a indústria, é dele que deve vir o maior resultado, segundo o diretor-geral de Food Solutions da Cargill na América do Sul, Laerte Morais. “Não há estatísticas organizadas para esse segmento, mas nós imaginamos que o mercado industrial de adoçantes naturais seja maior do que o de consumo doméstico, considerando que envolve negociações com grandes empresas, como por exemplo de refrigerantes”, explicou Morais ao Broadcast Agro.
No varejo, o mercado de adoçantes sem açúcar cresce anualmente cerca de 19%, acima do segmento de adoçantes em geral, que inclui açúcar e avança ao redor de 5% ao ano, segundo o diretor de Marketing de Food Solutins da Cargill na América do Sul, Esdras Leite. Entre os adoçantes sem açúcar, os produzidos a partir de ingredientes naturais - mais de 95% são compostos por estévia - representam 27% do total. No mercado norte-americano, adoçantes à base de ingredientes naturais já são responsáveis por 50% do faturamento do setor e a perspectiva é de que a fatia no Brasil cresça também. Tanto no varejo como no segmento industrial, a Cargill pretende buscar conquistar em torno de 20% de participação em um prazo de três a cinco anos, segundo Leite. “Queremos ser um player importante nestes mercados”, afirmou o diretor de Marketing.
A apresentação das três marcas de adoçantes à base de estévia não apenas insere a Cargill em um novo mercado no Brasil como acompanha um plano mais abrangente da divisão de Food Solutions, de ampliar seu portfólio de produtos de maior valor agregado. A divisão contribui atualmente com cerca de 25% do resultado global da Cargill - que atua ainda na originação e processamento de grãos e nutrição animal. Já o Brasil representa em torno de 15% dos negócios de Food Solutins, segundo Morais.
“Estamos migrando cada vez mais de um portfólio de produtos básicos para uma oferta de itens de maior valor agregado. É um desafio enorme porque nos tornamos especializados em produzir itens que envolvem grandes volumes e desempenho operacional e agora temos de lidar com um portfólio mais diverso”, afirmou o executivo. A Cargill é dona, por exemplo, da marcas de extrato de tomate Elefante, molho de tomate Pomarola e Tarantella e óleos Liza. “Estamos nos centrando cada vez mais em entender o que o consumidor quer para trazer isso para dentro e desenvolver produtos”, continuou.
De acordo com Morais, a companhia está desenvolvendo soluções envolvendo adoçantes à base de estévia com empresas de refrigerantes dos Estados Unidos e do Brasil, que devem resultar em lançamentos no médio prazo. “No segmento industrial há um foco muito grande em bebidas. Quando se conquista um cliente grande, há um salto muito grande no resultado. Mas estamos falando de projetos, no caso dos refrigerantes, que geralmente não são concluídos em menos de três anos”, disse.
A matéria-prima utilizada nas três marcas de adoçantes à base de estévia - Truvia, voltada ao uso industrial e consumidor final, EverSweet, produzido pela Avansya, joint venture da empresa com a DSM, e ViaTech - estas duas últimas apenas para uso industrial - será comprada de propriedades na China e processada em unidades nos Estados Unidos. Não há planos, segundo Morais, de fazer a originação no Brasil, porque o fornecimento chinês é mais competitivo. Aqui, a companhia utilizará seu Centro de Inovação em Campinas (SP) e laboratórios de aplicação de produtos da unidade para desenvolver projetos e soluções voltadas ao mercado brasileiro (Broadcast, 5/9/23)