Com mais café à vista, investimento cresce
A perspectiva de uma maior produção de café no Brasil na safra 2018/19, que começará a ser colhida a partir de abril em algumas regiões do país, impulsionou os negócios de empresas que fabricam equipamentos voltados à cultura, principalmente para o chamado rebenefício do grão.
A próxima safra de café deve ser de bienalidade positiva, e a primeira estimativa da Conab, divulgada este mês, indica que a produção deve ficar entre 54,4 milhões e 58,5 milhões de sacas, alta entre 21,1% e 30,1% sobre a temporada 2017/18, de bienalidade negativa. Já o IBGE é menos otimista e estima produção de 53,2 milhões de sacas na safra, crescimento de quase 15%.
"As empresas investiram em equipamentos novos olhando para 2018", afirma Reymar Andrade, presidente da Pinhalense, com sede em Espírito Santo do Pinhal (SP) e uma das maiores do setor no país. Segundo ele, com a expectativa de uma maior produção, cooperativas e companhias exportadoras de café prepararam suas unidades para receber um maior volume de café este ano.
Além disso, empresas que ampliaram a participação nos mercados para o café também concretizaram projetos com esse fim, o que aqueceu os negócios, afirma. Como resultado, a Pinhalense registrou aumento de cerca de 32% nas vendas em 2017, alcançando uma receita bruta de R$ 171,6 milhões.
A Pinhalense fabrica ainda equipamentos para culturas como cacau, pimenta, castanha-do-pará e feijão, mas 70% do faturamento é proveniente do café.
Entre os equipamentos que impulsionaram as vendas da Pinhalense estão os "pós-fazenda", como linhas de rebenefício de café – equipamentos para classificação e padronização do grão e para granelização.
A Palini & Alves, igualmente instalada em Espírito Santo do Pinhal, também registrou maior demanda para equipamentos das linhas de rebenefício. De acordo com Carlos Henrique Palini, diretor comercial da empresa, a partir do segundo semestre de 2017, empresas armazenadoras e exportadores de café "começaram a se preparar para receber a maior safra".
Houve ainda crescimento na demanda para projetos para cafés especiais, o que impulsionou as vendas das linhas de rebenefício. Em 2017, a Palini & Alves montou seis desses projetos ante apenas um no ano precedente, segundo ele. "Quando o preço do café está baixo, a tendência é buscar diferenciação, por isso o investimento em cafés especiais", observa, acrescentando que a demanda por esses cafés diferenciados está em alta.
Mas as vendas de implementos para a cultura de café, como recolhedoras, carretas e varredores, pela Palini ficaram estáveis, uma vez que a safra menor em 2017/18 não estimulou o investimento por parte de produtores. A Pinhalense, porém, ampliou as vendas do segmento fazenda em 2017, de acordo com Reymar Andrade.
A Palini & Alves fechou 2017 com avanço de 12% nas vendas, que atingiram R$ 123 milhões, e o diretor atribui parte dessa alta também ao investimento, por parte de produtores de café, em linhas de beneficiamento no ano passado.
Isso ocorreu após registros de fraudes em máquinas de beneficiamento de café em 2017 em Minas Gerais e no Espírito Santo. Equipamentos, de alguns prestadores do serviço contratados por produtores, eram adulterados para desviar parte do café durante o beneficiamento. "Os produtores investiram para evitar fraudes", diz Carlos Henrique Palini.
A Palini também produz equipamentos para culturas como feijão, pimenta e castanhas, mas o café é o carro-chefe que responde por 70% da receita.
Para Reymar Andrade, da Pinhalense, este ano "deve ser norteado pela grande safra", com estímulo a investimentos em equipamentos e automação. Diante disso, a companhia projeta um novo avanço nas vendas, na casa dos 20%.
Depois de um crescimento em 2017 abaixo da média de 20% dos últimos anos, a Palini também está otimista para este ano. "2018 já começou muito forte, com maior demanda por parte de produtores", afirma Carlos Henrique Palini, que espera avanço de 25% no faturamento este ano.
Com um portfólio de equipamentos mais voltado ao produtor, a Vicon, sediada em Cotia (SP), registrou queda de 30% nas vendas em 2017, segundo Adolfo Horowicz, diretor-geral da companhia. A empresa fabrica implementos agrícolas, como adubadoras, recolhedoras e varredores para café, além de equipamentos para culturas como milho, soja, cana e outros. "Depois de setembro de 2017, o mercado parou", diz. Ele atribui esse quadro à menor produção de café na safra atual e também às incertezas na economia.
Mas com o ciclo de maior produção chegando, já houve sinais de melhora em janeiro. Ainda assim, Horowicz é cauteloso e fala em "ano de equilíbrio" em 2018 (Assessoria de Comunicação, 30/1/18)