Com menos arroz e feijão, safra de grãos recua em 2018
As perspectivas do agronegócio para o mercado externo continuam promissoras neste ano. As do interno, nem tanto. É o que mostram os dados desta quinta-feira (11) da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
A área a ser utilizada com o plantio de grãos vai aumentar, mas o volume a ser produzido poderá recuar para 228 milhões de toneladas, 10 milhões menos do que na safra anterior.
A queda recai de forma perigosa sobre os produtos que compõem a cesta básica de alimentos dos consumidores: arroz e feijão. Os alimentos, um dos responsáveis pela baixa taxa de inflação em 2017, iniciam o ano subindo.
A Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), que faz pesquisa de preços semanalmente no município de São Paulo, apontava queda de 0,57% nos alimentos na primeira quadrissemana de dezembro (acumulado em 30 dias). Na primeira deste mês, a alta já é de 0,57%.
A produção de arroz deste ano cai para 11,6 milhões de toneladas, 6% menos do que em 2017. Alguns produtores preferiram reduzir a área de plantio.
Além disso, boa parte dos que semearam o cereal teve dificuldades durante o plantio, devido ao excesso de chuvas no Rio Grande do Sul, principal produtor nacional.
A área e a produção de feijão também serão menores, com a safra recuando para 3,3 milhões de toneladas neste ano, 3% menos.
Na avaliação da Conab, porém, produção e consumo desses produtos estão ajustados. Os estoques de final de safra são suficientes para um mês de consumo. Os preços podem ser reajustados para cima, mas sem sobressaltos, desde que as condições climáticas sejam favoráveis.
A produção de soja, um produto praticamente dedicado ao mercado externo, também cai, mas sem afetar o fluxo de produto a ser exportado.
A produção, após o recorde do ano passado, poderá ficar em 110,4 milhões de toneladas neste, segundo a Conab. Algumas consultorias privadas mantêm estimativa de produção semelhante ao recorde do ano passado, de 114 milhões de toneladas.
As exportações de milho, cujas previsões iniciais são de um novo recorde neste ano, terão como garantia os elevados estoques nacionais.
Os sinais da produção da primeira safra, entretanto, desanimam. Os agricultores vão levar 17% menos cereal para os armazéns.
As apostas recaem sobre a safrinha, que ainda será semeada e é bastante dependente de um bom clima. Se tudo der certo, a safra fica próxima dos 90 milhões de toneladas.
O cenário para o algodão é bom. A área destinada ao produto sobe 12% em 2017/18, enquanto a produção atingirá 1,7 milhão de toneladas em pluma, 11% mais. As exportações podem repetir as do ano passado, quando atingiram 850 mil toneladas (Folha de S.Paulo, 12/1/18)