Com queda da soja, valor bruto da produção agropecuária recua neste ano
PRODUCAO DE SOJA FOTO DIVULGACAO AGROPECUARIA G1
As receitas totais dos produtores caem para R$ 1,19 trilhão dentro da porteira.
A soja determina boa parte da renda dos produtores agrícolas brasileiros. A quebra de safra deste ano, quando a produção ficou quase 20 milhões de toneladas abaixo do potencial produtivo, fez com que o VBP (Valor Bruto de Produção) do setor agrícola recuasse 0,6%.
Tradicionalmente com ritmo forte no crescimento das receitas, este é apenas o segundo ano de queda do VBP da oleaginosa em dez anos. O anterior havia sido em 2019.
A soja deverá render R$ 343 bilhões aos produtores dentro da porteira, 11% a menos do que em 2021. Essa queda poderia ter sido bem maior se os preços externos e internos, devido à demanda, não tivessem sido mantidos elevados.
Com isso, o VBP total do país recua para R$ 1,19 trilhão, após ter atingido R$ 1,2 trilhão no ano anterior, segundo dados do Ministério da Agricultura. No ano passado, o valor de produção havia crescido 10,5%, em relação a 2020.
Apesar da queda da safra de soja, o VBP das lavouras (19 produtos) deverá somar R$ 821 bilhões, com aumento de 0,9% sobre 2021. Algodão, café, milho e trigo terão bons desempenhos.
Já a pecuária, após alta de 5% no ano passado, recua 4% neste. As receitas com bovinos, suínos e frango caem, mas as com leite, devido ao aumento de preços, sobem.
Mesmo com a queda na produção, a soja deverá somar 29% do VBP deste ano. Milho e bovinocultura vêm a seguir com 13% cada. O trigo, com o aumento de produção para um volume próximo de 10 milhões de toneladas, terá participação de 1,5% no VBP, somando receitas de R$ 18 bilhões.
As exportações do complexo soja (grãos, farelo e óleo) renderão US$ 58 bilhões para o país neste ano, um valor pouco imaginável há dois anos, quando as receitas ficaram US$ 35 bilhões.
Os dados são da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), que estima uma saída de 77 milhões de toneladas de soja do país nesta safra. No ano passado, foram 86 milhões (Folha de S.Paulo, 12/10/22)