24/09/2019

Conab é um farol apagado para os produtores de café

Conab é um farol apagado para os produtores de café

O Ministério da Agricultura está prestando um desserviço à cafeicultura brasileira, setor que gera cerca de US$ 5 bilhões por ano em divisas para o país. O problema está na Conab, órgão vinculado à Pasta, que se tornou uma bússola às avessas para o produtor de café por conta dos seguidos equívocos em suas projeções para a safra nacional. A descalibragem nas estimativas do órgão oficial do governo têm confundido o mercado e induzido o cafeicultor a erro no cálculo de seus custos e receitas.

Nos últimos cinco anos, as previsões da Conab subestimaram a produção brasileira em mais de 10 milhões de sacas. Dito assim, pode soar como algo menor, uma vez que esse volume representa aproximadamente 5% da colheita no período. No entanto, a dispersão média de dois milhões de sacas por safra – distância entre as estimativas da estatal e a efetiva produção brasileira – já é mais do que suficiente para distorcer as projeções para o preço final da saca.

Este erro provoca um efeito-cascata, jogando por terra o planejamento financeiro dos cafeicultores. Na prática, ao errar para menos, a Conab gera a expectativa de uma escassez do produto e consequentemente de uma alta das cotações que não se consumam. Procurada, a Conab informou que "sempre responde aos questionamentos do setor em relação à metodologia".

A estatal afirma ainda que "o que se entende como erros de projeções, na verdade são revisões de estimativas, ocorrência natural porque as condições climáticas não são controladas." Segundo a fonte do RR, um grande produtor nacional de café, a Conab reduziu o número de visitas de pesquisadores às lavouras, aumentando significativamente a margem de erro das estimativas. A estatal nega e garante que "todos os levantamentos são realizados com visitas ‘in loco’ nas propriedades".

O fato é que, segundo a mesma fonte, os maiores produtores brasileiros e as tradings de café têm sido obrigados a recorrer cada vez mais a consultorias privadas devido às distorções nas estatísticas oficiais (Relatório Reservado, 23/9/19)