07/04/2022

Consumo de café no Brasil cresce 1,7% em 2021

Consumo de café no Brasil cresce 1,7% em 2021

CAFEZINHO Foto Blog Es Brasil

O Brasil, segundo consumidor global de café, consumiu 21,5 milhões de sacas de 60 kg no último ano.

 A safra de café do Brasil em 2022 deverá superar as expectativas iniciais, após chuvas em momentos importantes no desenvolvimento dos cafezais, avaliou hoje (6) o presidente da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), o que deve trazer alívio ao setor após um longo período de restrição da oferta e alta de custo.

 Segundo Ricardo Silveira, falava-se que a safra de 2022 no maior produtor e exportador global não chegaria a 50 milhões de sacas de 60 kg. Mas agora, a poucas semanas do início da colheita, várias instituições e analistas indicam produção de mais de 60 milhões de sacas, comentou ele.

 “A expectativa do mercado foi desfeita, e isso resulta em preço. O café não alavancou como muitos imaginavam, o preço caiu razoavelmente, as chuvas ajudaram em muito, tivemos chuvas na hora certa, no momento exato, o que beneficiou muito as lavouras”, disse Silveira a jornalistas, em teleconferência.

 Os preços do café na bolsa de Nova York atingiram os maiores níveis em mais de dez anos em fevereiro, perto de 2,60 dólares por libra-peso, mas recuaram cerca de 12% desde então. No mercado interno, os valores caíram cerca de 20% ante as máximas do ano, com o arábica cotado em São Paulo a cerca de R$ 1250 por saca, segundo acompanhamento do Cepea.

Ele disse que o Brasil terá uma safra “bem razoável” e citou a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), que projetou em janeiro a colheita brasileira em 2022 em 55,7 milhões de sacas de 60 kg, um acréscimo de 16,8% em relação ao ano passado.

 A produção, contudo, ficará abaixo do recorde de 2020, quando superou 63 milhões de sacas, segundo os números da Conab.

  “Tem bancos trabalhando com mais de 60 milhões de sacas, o cenário para o industrial no momento é um pouco melhor, ele consegue ver um horizonte melhor, porque há seis meses o cenário estava ruim, com o mercado dizendo que faltaria café”, acrescentou Silveira.

 “Acredito que teremos menos dificuldades até o final do ano”, disse.

 Desde novembro de 2020, segundo o IOCI (Índice de Oferta de Café para a Indústria), a situação “se mantém abaixo da normalidade, indicando que as empresas, de todos os portes, não têm a oferta regular de café em grão, com o abastecimento sendo gradual e seletivo”, disse a Abic.

 Essa situação foi refletida nos preços do café verde, que ficaram 155% mais altos para a indústria torrefadora no período de dezembro de 2020 a dezembro de 2021, enquanto reajuste no varejo foi de 52%.

 Mas isso tende mudar, reiterou Silveira. “O cenário é de oferta dentro de 60 dias, já teremos cafés novos no mercado, e as indústrias já começam a talvez fazer promoções junto com o varejo para beneficiar o consumidor e alavancar o consumo”, disse.

 Consumo de café em alta em 2021

O presidente da Abic destacou que, diante de todas as dificuldades em 2021, com alta de custos, baixa oferta e economia ainda afetada pela pandemia, o crescimento de 1,7% no consumo anual de café no Brasil é “algo para ser comemorado”.

 O Brasil, segundo consumidor global de café, consumiu 21,5 milhões de sacas de 60 kg no último ano, segundo pesquisa divulgada pela Abic hoje (6).

  A pesquisa anual mediu o consumo entre novembro de 2020 e outubro de 2021, apontando ainda que o Brasil está 4,5 milhões de sacas atrás dos Estados Unidos, o maior consumidor global.

 Apesar do crescimento, o Brasil (maior produtor e exportador global de café) ainda está 500 mil sacas distante do recorde de 2017, de 22 milhões de sacas. Em dez anos, o consumo no país cresceu mais de 1 milhão de sacas, segundo dados da Abic.

 Quando analisado o indicador per capita em 2021, o consumo atingiu 6,06 kg/ano de café cru e 4,84 kg/ano de café torrado.

 “O bom desempenho na mesa do consumidor teve impacto direto na indústria: as empresas associadas à Abic registraram um crescimento de 2,77% no período”, afirmou a entidade, cujas indústrias filiadas respondem por 72,9% da produção do café torrado em grão e/ou moído e 85,4% de participação no mercado nacional (Reuters, 6/4/22)