Contas não fecham nos setores de arroz e de feijão
Produtos terão os menores valores de produção em mais de duas décadas.
São vários os setores agropecuários que estão com queda de renda neste ano, em relação ao anterior. Dos 22 itens acompanhados pelo Ministério da Agricultura, 15 vão ter um VBP (Valor Bruto de Produção) inferior ao de 2017.
Dois deles, no entanto, e que dependem basicamente do mercado interno, estão em situação bem pior do que os demais. São arroz e feijão.
O arroz, que deverá render apenas R$ 9,9 bilhões neste ano para os produtores, tem recuo de 18% no VBP, em relação a 2017. Cai para o menor valor em 21 anos. Os dados são deflacionados pelo Índice Geral de Preços da Fundação Getulio Vargas.
Já o feijão, cuja queda no valor de produção será de 32% no ano, terá o menor VBP desde que o Ministério da Agricultura começou a fazer esse levantamento, em 1989.
A movimentação do campo será de apenas R$ 6,1 bilhões neste ano, metade do valor de há dois anos, conforme o analista do Ministério da Agricultura, José Gasques.
Quedas de produção e de preços internos ajudaram nesse recuo do valor de produção do setor. A safra de arroz deste ano ficou em 12 milhões de toneladas, mesmo volume do consumo. Ambos tiveram retração.
Os preços internos não reagem mesmo com a queda nas importações. De janeiro a setembro últimos, o país importou 439 mil toneladas de arroz, bem abaixo das 708 mil de igual período de 2017. O câmbio elevado dificultou a entrada do produto no Brasil.
A produção de feijão, após um volume de 3,4 milhões de toneladas na safra 2016/17, retraiu-se para 3,1 milhões no período 2017/18, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
O preço da leguminosa, cotado a R$ 4,71 em 2016, está em R$ 1,92 neste ano. Os valores são deflacionados e indicam uma queda real de 59% nesse período.
O consumo nacional de feijão, que era de 3,3 milhões de toneladas em 2016/17, recuou para 3,2 milhões em 2017/18 (Folha de S.Paulo, 24/10/18)