Cooxupé vê alta de 8% na exportação de café com safra maior em 2018
A Cooxupé prevê aumentar em mais de 8 por cento as exportações de café neste ano ante 2017, com aproximadamente 4,4 milhões de sacas de 60 kg, em meio à perspectiva de uma produção também maior, disse à Reuters nesta quarta-feira o presidente da maior cooperativa do setor no Brasil.
No ano passado, a Cooxupé, cuja área de atuação engloba sul de Minas Gerais, Cerrado Mineiro e Média Mogiana, em São Paulo, embarcou ao exterior pouco mais de 4 milhões de sacas, respondendo por quase 15 por cento das exportações de café verde do país, o principal player global do segmento cafeeiro.
“Já neste ano teremos uma safra maior”, destacou Carlos Paulino da Costa, no intervalo da Femagri, feira de máquinas, implementos e insumos promovida pela Cooxupé em Guaxupé (MG), sede da cooperativa, referindo-se ao fundamento por trás das exportações maiores.
A avaliação de Paulino indica uma retomada das exportações do Brasil, maior produtor e exportador global, que registrou queda de 10 por cento nos embarques de café verde em 2017 ante 2016, em meio a uma redução na produção.
A Cooxupé prevê que em 2018 seus cooperados produzirão, na área de atuação da cooperativa, 8,37 milhões de sacas de café, consideravelmente acima dos 6,68 milhões de sacas de 2017, ciclo de bienalidade negativa na produção de arábica, mas ainda assim aquém das 8,74 milhões de sacas observadas em 2016, “quando a produtividade foi excepcional”, disse Paulino.
Nem todo o café produzido pelo cooperado é entregue na cooperativa.
Conforme o presidente da Cooxupé, a queda entre 2018 e 2016 deve-se a uma “ressaca de estresses climáticos”, em especial a seca entre setembro e outubro do ano passado, importante momento de floração das lavouras.
“Faltou chuva e isso prejudicou a florada, com abortamento e desfolha. Soltou a flor e o fruto não se desenvolveu (adequadamente)”, comentou Paulino, também produtor em Monte Santo de Minas (MG), no sul do Estado, onde colhe em média 8 mil sacas por temporada, e desde 2003 presidente da Cooxupé.
Por esse mesmo motivo, Paulino avalia que a safra de café do Brasil deste ano pode até ser maior ante a de 2017, mas não atingir o recorde esperado por alguns agentes do mercado, dentre os quais a própria Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
COMERCIALIZAÇÃO
De qualquer forma, o maior volume esperado tende a beneficiar a Cooxupé.
Segundo Paulino, a cooperativa prevê receber quase 6 milhões de sacas de café em 2018, incluindo o volume de terceiros, ante 4,7 milhões em 2017.
Já as vendas totais, entre exportação e mercado interno, devem passar para 6 milhões de sacas, de 5,5 milhões no ano passado.
Atuando no setor de café desde a década de 1960, o presidente da Cooxupé disse que a comercialização dos cooperados está dentro da média para esta época.
Segundo ele, os cooperados viraram o ano com estoques de quase 1,9 milhão de sacas, “dentro da normalidade”. As reservas são menores que as 2,5 milhões de sacas observadas em 2012 e 2013, quando preços baixos desestimularam as vendas por produtores.
“O produtor segurou um pouco (neste ano) as vendas, mas não foi tanto assim”, comentou Paulino.
Com os embarques menores em 2017, ficou um sentimento de cautela dos produtores para fechar vendas futuras, à espera de cotações mais atrativas para comercializar.
Mas o presidente da Cooxupé destacou que a comercialização terá de ocorrer, “porque o produtor precisa fazer dinheiro”, enquanto a safra será grande.
“O produtor já está consciente de que não terá preços altos neste ano. Então vai vender quando observar ‘suspiros’ de alta. Quando o preço chegar a 450 reais (a saca), vai ter uma enxurrada de vendas”, afirmou Paulino.
Atualmente, a cotação praticada pela Cooxupé é de cerca de 425 reais a saca, ante 480 reais há um ano, disse ele (Reuters, 21/2/18)
Exigências para crédito afetam vendas de equipamentos de café
Maiores exigências para se tomar crédito e preços internacionais enfraquecidos devem pesar sobre a venda de equipamentos ao setor de café no Brasil no curto prazo, disse nesta quarta-feira à Reuters o presidente da Pinhalense, líder em produtos e tecnologia para o processamento dos grãos.
De acordo com Reymar de Andrade, a cautela por parte do cafeicultor para fechar negócios com a indústria de equipamentos se intensificou recentemente.
“Na virada de ano, percebemos que o acesso ao crédito ficou mais difícil. Não por falta de recursos, mas há mais exigências... Outro fator foi a queda dos preços em Nova York. A preocupação do produtor sobre a quanto vai vender trouxe receio ao mercado”, explicou o executivo no intervalo da Femagri, feira de máquinas, implementos e insumos promovida pela cooperativa Cooxupé em Guaxupé (MG), iniciada nesta quarta-feira.
O contrato futuro do café arábica negociado em Nova York registra queda de mais de 20 por cento, na comparação com o valor visto no mesmo período do ano passado, para cerca de 1,19 dólar por libra-peso.
De acordo com ele, a Pinhalense trabalha com uma estabilidade nos negócios fechados durante a Femagri deste ano ante o valor apurado na feira de 2017, da ordem de 18 milhões de reais, interrompendo crescimentos observados nos últimos anos.
“É um mercado ainda bom, interessante, mas aquele boom que esperávamos, de alta de 20 a 30 por cento nas vendas, não ocorrerá.”
A Pinhalense faturou mais de 150 milhões de reais em 2017 e prevê volume semelhante em 2018, mas segundo Andrade o desempenho para todo o ano ainda é “uma bola de cristal nebulosa”.
Com 50 por cento de participação no mercado interno e 30 por cento no externo, a companhia de Espírito Santo do Pinhal (SP) exporta para mais de 90 países.
“JANELA APERTADA”
O executivo destacou que a janela para o produtor realizar suas aquisições está se estreitando, já que a colheita da safra deste ano começará entre abril e maio, quando as máquinas já precisam estar instaladas para o processamento dos grãos.
“O risco é o preço (do café) cair muito, daí o produtor não conseguirá instalar seu equipamento a tempo”, acrescentou Andrade.
Os preços internacionais do café estão pressionados em razão, principalmente, da perspectiva de uma safra volumosa neste ano no Brasil, dado o ciclo de bienalidade positiva para a variedade arábica.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), por exemplo, prevê uma produção de até 58 milhões de sacas, um recorde.
Curiosamente, foi justamente essa previsão de ampla colheita que, a princípio, levou o setor a apostar em vendas mais fortes de maquinários, cenário este que mudou na virada de ano (Reuters, 21/2/18)