Cop28: Diretor rejeita críticas; cúpula precisa de nova mentalidade
Sultan al-Jaber-presidente da COP28-foto-John Macdougall - 3.mai.2023- AFP
Cargo de Sultan al-Jaber tem sido questionado por ele dirigir gigante petrolífera estatal dos Emirados Árabes.
Não há conflito de interesses entre liderar a próxima cúpula da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre a mudança climática, em Dubai, no fim deste ano, e ao mesmo tempo dirigir a gigante petrolífera estatal dos Emirados Árabes Unidos, disse o diretor-geral da COP28 nesta terça-feira (6).
Mais de cem membros do Congresso dos Estados Unidos e do Parlamento Europeu pediram em maio que o presidente dos EUA, Joe Biden, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pressionassem o governo dos Emirados a tirar Sultan al-Jaber do cargo na COP, dizendo que sua dupla posição poderia prejudicar as negociações.
Jaber, que também dirige a Companhia Nacional de Petróleo de Abu Dhabi (Adnoc), defende desde sua nomeação este ano uma abordagem mais inclusiva da ação climática que não deixe ninguém de fora, incluindo a indústria de combustíveis fósseis.
"Acho que ele está perfeitamente posicionado em nosso sistema. Ele entende o processo, entende os participantes, tem os contatos políticos", disse o diretor-geral da COP28, Majid Al Suwaidi, à agência Reuters em entrevista nesta terça-feira (6), à margem das negociações climáticas da ONU em Bonn, na Alemanha.
Al Suwaidi disse que ter um CEO para chefiar a COP pela primeira vez na história das cúpulas do clima, e deixar de ter um processo puramente político, ajudará a entregar resultados da reunião de dezembro.
Majid Al Suwaidi, diretor-geral da COP28, durante conferência sobre clima em Bonn, na Alemanha - foto-Jana Rodenbusch-Reuters
"Precisamos de uma mentalidade de entrega. Pela primeira vez, o doutor Sultan está perguntando: quais são as metas específicas que nos levarão a atingir as metas de Paris até 2030?", disse Al Suwaidi, acrescentando que é importante incluir o setor privado nas negociações.
"Estou nessas negociações há anos. Nunca realmente engajamos o setor privado para perguntar como eles podem trabalhar conosco para fazer isso. Na COP28, estamos fazendo", acrescentou.
Al Suwaidi rejeitou as críticas de que a presidência designada da COP foi vaga sobre sua agenda e seu cronograma, dizendo que sua equipe apresentou os dias temáticos da cúpula para comentários há um mês e agora os está refinando de acordo com o feedback recebido.
"Sinto-me muito confiante de que estamos no caminho certo", afirmou.
A presidência da COP28 ainda não tem um conceito claro de como seria um fundo de perdas e danos para locais afetados por desastres causados pelo clima, acordado na conferência COP27 no Egito no ano passado, e de onde viria ou seria gasto o dinheiro, acrescentou Al Suwaidi.
"Isso é o que os negociadores estão fazendo no momento no comitê de transição aqui nas discussões em Bonn. Precisamos que eles avancem nessa questão", disse ele (Folha, 7/6/23)