28/02/2020

Coronavírus já afeta cadeia da soja e da carne na China

Coronavírus já afeta cadeia da soja e da carne na China

Legenda: Mulher desinfecta mercado em Hangzhou, província de Zhejiang 

 

Consumo cai e importações serão menores neste primeiro semestre, mas demanda cresce no segundo, segundo Rabobank.

surto de coronavírus está afetando a cadeia de soja na China. Ausências no trabalho, controle de transporte, queda no consumo e suprimento menor da oleaginosa afetaram o esmagamento pelas indústrias.

Além disso, o Covid-19 afeta o consumo de óleo e de farelo de soja neste primeiro trimestre. Os efeitos do vírus poderão continuar no segundo.

A avaliação é de analistas do Rabobank, banco especializado em agronegócio. Eles preveem que os impactos do vírus sejam de curto prazo, com retomada acelerada do setor no segundo semestre. Isso depende, no entanto, da duração da propagação do vírus.

 

Com a redução da demanda de soja neste início de ano, a China está importando menos produto dos EUA e mais da América do Sul, devido ao período de colheita no Brasil e na Argentina. A safra dos EUA ocorre no segundo semestre.

O uso de óleo de soja na indústria de alimentação fora de casa, que representa 40% do total do produto consumido pelos chineses, está em queda, mas continua firme nas residências.

Na avaliação do banco, o consumo total de óleo de soja deverá cair de 6% a 8% no primeiro semestre, em relação a igual período de 2019.

O coronavírus afeta também o consumo de farelo de soja, que terá recuo de 3% a 5% neste semestre, em relação a igual período do ano passado.

O banco prevê, ainda, uma queda nas importações de carne bovina neste primeiro semestre. Estoques em mãos dos importadores, a carne não consumida no Ano-Novo chinês e os pontos de distribuição fechados vão retardar as importações chinesas.

Apesar disso, as estimativas são de aumento das compras no segundo semestre (Folha de S.Paulo, 28/2/20)

Frigoríficos enfrentam demanda reduzida da China em meio ao coronavírus

As importações de carne bovina pela China vão recuar no primeiro semestre de 2020 devido à epidemia de coronavírus, que está afetando a circulação de pessoas e o comércio em todo o mundo, disse o Rabobank em relatório divulgado nesta quinta-feira.

A situação pode reprimir a bonança verificada nas exportações de carnes do Brasil recentemente, uma vez que frigoríficos locais estiveram entre os principais beneficiados pela demanda adicional da China por importações de alimentos, depois de a peste suína africana atingir a oferta de carne do país asiático desde meados de 2018.

O banco afirmou que amplos estoques chineses de carne bovina congelada, armazenados em mercados locais em meio aos preparativos para o feriado do Ano Novo Lunar, não foram consumidos em janeiro por causa do coronavírus, que levou ao fechamento de restaurantes no país.

Alguns deles, segundo o Rabobank, podem permanecer fechados até março, já que muitas pessoas continuam evitando refeições fora de casa.

“Restaurantes de serviço rápido podem ser os menos impactados, enquanto restaurantes ‘hotpot’ e de serviços completos sofrerão uma queda acentuada nas vendas no primeiro semestre”, disse o relatório.

Citando incertezas sobre se o coronavírus pode ser contido ainda no primeiro trimestre, o Rabobank mencionou a possibilidade da indústria de restaurantes e turismo continuarem estagnadas até abril ou maio.

“Os menores volumes de vendas significam que a demanda por carne bovina será mais fraca do que em anos normais no primeiro semestre”, apontou o banco.

As exportações de carne bovina do Brasil atingiram uma receita recorde de 7,5 bilhões de dólares em 2019, guiadas pela forte demanda chinesa, que representou 26,6% do volume exportado por frigoríficos locais, de acordo com dados compilados pela Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).

Se contabilizadas as vendas para Hong Kong, o volume salta para 45%.

Minerva, JBS e Marfrig estão entre alguns dos principais exportadores de carne bovina do Brasil.

Ainda assim, depois de um 2019 marcado por recordes de exportações e preços, a indústria brasileira de carne bovina “está experimentando um momento de rebalanceamento de oferta e demanda”, afirmou o Rabobank.

O Brasil registrou máximas recordes de preços no final do ano passado devido às fortes exportações do produto, o que causou retração no mercado interno. Enquanto isso, a temporada de chuvas gerou o crescimento das pastagens, o que reduz os custos de produção, mas limita a oferta de animais enviados para o abate, disse a instituição.

“Com o consumo doméstico (do Brasil) ainda considerado fraco e a China reduzindo compras devido ao coronavírus, abatedouros não estão dispostos a pagar preços mais altos para atrair volumes maiores”, acrescentou o Rabobank.

Embora permaneçam 27% acima dos níveis de janeiro de 2019, os preços do boi gordo no Brasil recuaram 9,8% em janeiro de 2020, depois de atingirem 211,97 reais por arroba (15 kg) em dezembro, mostraram dados do Rabobank.

Além do aumento do custo para compra do gado, os crescentes valores da ração animal também são um desafio para os frigoríficos brasileiros, concluiu o banco (Reuters, 27/2/20)