19/05/2021

Crédito para pequeno produtor é um desafio, afirma CNA

Crédito para pequeno produtor é um desafio, afirma CNA

Legenda: Fazenda de produtor rural em Matelândia, no interior do Paraná - Zanone Fraissat-4.set.2017/Folhapress

 A inclusão do pequeno produtor no sistema de crédito rural é um desafio. E esse é um dos temas que a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) leva, nesta quarta-feira (19), para a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.

A entidade avalia também, junto ao ministério, a revisão dos limites de receita bruta do Proagro e do Pronaf, quer uma revisão de custos administrativos e uma otimização dos gastos do governo. Tudo isso, em busca de um aumento na oferta de crédito para o pequeno produtor.

Para Fernanda Schwantes, assessora técnica de Política Agrícola da CNA, é preciso, no entanto, entender melhor o pequeno produtor e a sua participação no crédito rural.

Em busca de resposta, a CNA realizou uma pesquisa com 4.336 produtores atendidos pelo programa de assistência técnica e gerencial do Senar. Esses produtores atuam em 14 estados e em 727 municípios.

Apenas 27% deles contrataram crédito rural em 2020, e a principal fonte de financiamento para 84% deles foi instituições financeiras.

A pesquisa indicou que o Pronaf Custeio foi a principal linha contratada pelos produtores. A maior parte que acessou o crédito rural, porém, não contratou ou não conhece o Proagro e o seguro rural.

Schwantes diz que isso mostra o quanto é necessário o desenvolvimento de um roteiro de informações para esses produtores. “Ao contrário dos grandes, que se dedicam mais à atividade gerencial, o pequeno se dedica à atividade final. Ou seja, à produção.”

Burocracia e garantia que devem ser dadas na obtenção do crédito também são fatores que reduzem o interesse dos produtores pelo crédito.

Para a assessora, é preciso aproximar mais o pequeno produtor do mercado de seguro, com informações fundamentais e transparentes, além de reduzir a burocracia. 

Essa discussão de crédito vem em um momento em que as taxas de juros estão subindo, assim como os insumos básicos para a produção. Sofrem mais as cadeias que atuam apenas no mercado interno, que não têm o benefício das exportações, incentivadas pelo dólar elevado.

Do total de produtores pesquisados, 70% têm renda bruta de até R$ 100 mil; 20%, de até 300 mil; e outros 10%, acima deste último valor (Folha de S.Paulo, 19/5/21)