22/06/2018

Dakang diz que irá manter originação de grãos no Brasil

Richard Fan diz que a Dakang busca

Em reestruturação, a mato-grossense Fiagril vendeu um armazém de grãos e arrendou outros seis dos 12 que possuía. Esse movimento, no entanto, não representa a saída da empresa do negócio de originação de grãos. É o que garantiu ao Valor o vice-presidente da empresa chinesa Dakang International, Richard Fan. Controladora da Fiagril há dois anos, a Dakang é o braço agrícola do grupo chinês Pengxin.

Conforme o Valor informou na edição de terça-feira, com base em fontes próximas às negociações para reestruturação da Fiagril, a empresa manterá apenas três dos 12 armazéns para soja e milho em Mato Grosso, o que representaria praticamente a saída dela do negócio de originação. Em visita ao Brasil, Fan rebateu a informação.

Contratado pela Dakang para reestruturar a Fiagril, o novo presidente da empresa, Luiz Gustavo Figueiredo da Silva, afirmou que a Fiagril manterá cinco armazéns de grãos em operação e também poderá utilizar a estrutura de quatro dos seis armazéns que foram arrendados. Dos seis armazéns, quatro foram arrendados aos sócios minoritários da Fiagril – Marino Franz, que detém 20% da Fiagril, e Miguel Ribeiro, com 9%. São esses os armazéns que poderão ser utilizados, conforme o executivo. Os outros dois foram arrendados a terceiros.

Segundo Fan, a Dakang está buscando "soluções" para a Fiagril operar de maneira mais lucrativa na área de originação de grãos. Conforme o Valor informou, os motivos que provocaram a decisão da Friagril de se desfazer de armazéns vão desde de problemas culturais de gestão a "esqueletos" que passaram despercebidos no processo de due diligence, como os altos índices de inadimplência.

"Nunca seguramos qualquer investimento no Brasil. O que estamos fazendo é pensando um novo modelo de negócios", disse Fan, que também admitiu que os resultados da paranaense Belagrícola, controlada pela Dakang, estão melhores do que os da Fiagril. Assim como a empresa de Mato Grosso, a Belagrícola atua nas áreas de originação de grãos e de distribuição de insumos.

"O modelo deste negócio [de trading] deve ser melhorado. A rentabilidade é muito baixa. Não está à altura do nosso padrão", admitiu. Questionado, Fan não quis detalhes a situação financeira da Fiagril. Em 2017, a receita líquida da empresa somou R$ 3,4 bilhões.

Segundo Fan, a operação tradicional de comercialização (trading) de grãos não traz rentabilidade. "O que estamos tentando fazer é reduzir a participação na área pura de trading de grãos", indicou.

Segundo o novo presidente da Fiagril, a companhia "não passará por reestruturação financeira, mas apenas operacional". A Dakang também contratou a consultoria Mckinsey para auxiliar no processo de reestruturação.

"Estou vendo uma situação muito melhor do que eu achava que ia ter", disse ele, que é especializado em reestruturação. Segundo Silva, será preciso reestruturar o negócio de trading da Fiagril, trazendo pessoas que conheçam bem esse tipo de operação e melhorar a logística.

"A gente vai ter que ter uma estrutura logística, contrato com ferrovias e portos", afirmou. Uma parceria com a Cianport, área de logística que pertence a acionistas minoritários da Fiagril, é uma das possibilidades, conforme o executivo.

Em relação à estrutura de armazenagem da Fiagril, o novo presidente sustentou que os cinco armazéns que continuarão sendo tocados pela empresa "são maiores e mais bem posicionados" que os demais. No entanto, não quis descartar a possibilidade de arrendar outros armazéns a terceiros no futuro.

"Armazenagem não é mais um problema em Mato Grosso como era há dez anos", disse, argumentando que hoje existe capacidade ociosa de armazenagem no mercado e muitos produtores têm armazéns próprios. "O nosso objetivo é ser uma companhia ‘asset light’ [poucos ativos] para podermos focar nas compras", afirmou Silva. Nesse cenário, a Fiagril já tem comprado soja e deixado armazenada com o próprio produtor, quando há essa possibilidade (Assessoria de Comunicação, 21/6/18)