22/03/2021

Desafios da safra 2020/2021

Desafios da safra 2020/2021

Legenda: Devido ao excesso de chuva, o Brasil está vivendo atrasos na colheita da safra de soja e consequentemente no plantio da safrinha, em geral de milho

Por Helen Jacintho

Muito se comenta sobre os números e desempenho do Agro e pouco se fala sobre os desafios enfrentados pelos produtores rurais, que são empreendedores dinâmicos e sobretudo otimistas, por desenvolverem uma atividade onde uma das variáveis da equação não se controla: a natureza.

O Brasil é o maior produtor mundial de soja e um dos maiores produtores mundiais de milho, a safra de grãos 20/21 deve ser recorde de 272,3 milhões de toneladas, 15,4 milhões de toneladas superior à safra 19/20 de acordo com dados da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento).

Olhando de fora para os preços e a produtividade parece ser um ano excelente, porém, devido ao excesso de chuva, o Brasil está vivendo atrasos na colheita da safra de soja e consequentemente no plantio da safrinha, a segunda safra, em geral de milho. Isto implica em os produtores plantarem a segunda safra fora da janela ideal de plantio, o ZARC (Zoneamento Agrícola de Risco Climático), e desta maneira, ficarem descobertos pelo seguro rural e sujeitos a produtividade abaixo do esperado.

Os estoques de milho do Brasil estão baixos e existe a previsão do aumento de demanda para produção de carne de frango e suína. O país baixou o imposto de importação e independente disto, precisa de uma boa safra de milho.

A CNA (Confederação Nacional da Agricultura) entrou com um pedido de prorrogação da janela de plantio do milho junto ao Ministério da Agricultura. Dividir o risco com os produtores, esticando a vigência do seguro, seria um estímulo para os produtores plantarem com direito ao seguro agrícola, mesmo correndo o risco de baixa produtividade. O pedido foi rejeitado, com a alegação de que o zoneamento veio para trazer mais segurança para as seguradoras que entraram no mercado de seguro rural.

Outro ponto é a enorme quantidade de produtores que firmaram contrato futuro de venda de soja no começo de 2020 e devido ao câmbio, viram o preço da soja praticamente dobrar. Produtor rural não é de “dar para trás em negócio”, a maioria esmagadora vai cumprir os contratos, mesmo recebendo 60% do valor de sua produção e sendo obrigados a comprar insumos e todo material para plantio da safra 21/22 a valores mais elevados, tendo como base os valores atuais da soja R$150,00 (Reuters, 19/3/21)