19/10/2023

Ditadura dos grupos terroristas em Gaza só sobrevive por causa da guerra

Ditadura dos grupos terroristas em Gaza só sobrevive por causa da guerra

Tropas israelenses manobram tanque perto na fronteira com a Faixa de Gaza. Foto Menahem Kahana AFP

 

Por J.R. Guzzo

Praticamente não se fala mais dos crimes cometidos no ataque do dia 7 de outubro e exige-se que Israel cesse “as hostilidades”.

Depois dos ataques selvagens que Israel sofreu dos terroristas do Hamas, com o massacre de inocentes, entre eles três brasileiros, o assassinato de bebês, o sequestro de reféns, tortura e estupros, a reação imediata e quase unânime das classes intelectuais civilizadas foi pedir “a cessação imediata das hostilidades” por parte dos “dois lados”.

 

É uma pena, realmente, que não tenham feito seus apelos de paz antes da chacina executada pela “resistência do povo palestino”. Não teria havido, então, a morte de nenhum “civil palestino”, nem os bombardeios contra os centros de operação do Hamas em Gaza, nem a fuga de refugiados das zonas de guerra – que os terroristas, aliás, tentam impedir bloqueando estradas e obrigando a população a sofrer com as bombas da reação israelense.

 

Sem a agressão, na verdade, haveria a paz, como ocorre com outros vizinhos do Estado de Israel. Mas a ditadura dos grupos terroristas em Gaza não existe com paz – só consegue sobreviver com a guerra e o apoio que recebe da esquerda mundial.

 

O que se exige de Israel, entre os professores universitários, peritos em “questões internacionais” que dão entrevistas na mídia, formadores de opinião e o restante deste bioma, é uma decisão impossível de ser tomada.

 

Depois do assassinato a sangue frio de 1.400 israelenses, recomendam eles todos, Israel não deveria reagir com nenhuma medida de força; teria de convidar o Hamas, a ONU e a Anistia Internacional para “negociações de paz”, e ficar esperando o próximo massacre.

 

Praticamente não se fala mais dos crimes cometidos no ataque do dia 7 de outubro. A preocupação é começar um diálogo para o atendimento das reivindicações palestinas – algo muito pouco provável, considerando-se que o objetivo oficial do Hamas é a extinção material do Estado de Israel e a expulsão dos 9 milhões de judeus que vivem ali.

 

O que a esquerda sugere que Israel faça, então? Não é viável propor que os israelenses se suicidem, ou entreguem tudo o que têm ao Hamas. Exige-se, então, que cessem “as hostilidades”. O que mais? Mais nada.

 

Há uma pregação maciça, universal e permanente para Israel tratar “as populações civis” com a humanidade que o Hamas jamais teve em relação ao povo israelense. É extraordinário, a esse propósito, que o mais trágico ataque ao povo de Gaza até agora veio dos próprios terroristas – um grupo rival do Hamas errou a pontaria ao disparar um míssil, e matou 500 pessoas dentro de um hospital.

 

Nunca se menciona que só há vítimas entre os palestinos porque Israel foi agredido com um ataque criminoso; ninguém teria sido ferido ou morto, de nenhum dos lados, se o Hamas não tivesse feito o que acaba e fazer. Israel não está executando uma vingança, e nem agride inocentes para aterrorizar pessoas, como fez o Hamas.

 

Está combatendo um inimigo militar que prega abertamente a sua destruição. Pode até conviver com ele, cada um do seu lado da fronteira. Mas não pode deixar que os terroristas invadam o seu território, exterminem seres humanos e destruam alvos civis – e não dispare um tiro em legítima defesa (Estadão, 19/10/23)