11/02/2020

Doenças e acordo China-EUA dificultam planejamento do agronegócio em 2020

Doenças e acordo China-EUA dificultam planejamento do agronegócio em 2020

Legenda: Pessoas usando máscaras na fila para serem testadas em um hospital em Wuhan, China

 

Demora no controle do coronavírus vai comprometer o primeiro semestre.

O ano de 2020 começa com grande incerteza para as empresas agropecuárias, que precisam fazer um planejamento de compras ou de vendas.

Um dos primeiros desafios é o do próprio Usda (Departamento de Agricultura dos EUA), que divulga nesta terça (11) dados sobre oferta e demanda de produtos agrícolas.

As estimativas englobam dados sobre os EUA e os principais países produtores. Uma missão difícil, em vista de tantas variantes no mercado.

A primeira delas vem exatamente dos EUA. O Usda já avisou que as projeções não vão conter os detalhes do recente acordo comercial assinado em 15 de janeiro com a China.

Como nem o Usda tem os detalhes, fica difícil saber o que e quanto os Estados Unidos vão exportar para a China, o principal mercado mundial.

Além dessa indefinição, novos eventos mundiais, como o coronavírus, alteraram as rotinas de comércio.

Os alimentos são essenciais, e o consumo é sempre mais resiliente do que o de outros bens, mas queda na atividade econômica, dificuldades em transporte e menor mobilidade na China podem afetar o padrão atual.

Os chineses ainda lutam para interromper o avanço da peste suína africana, iniciada em 2018 no país, mas já tiveram de abrir novas frentes para combater o coronavírus e a influenza aviária. Esta última apareceu com um vírus com potencial ainda mais destrutivo do que nos anos anteriores.

O combate a essas doenças exige uma movimentação menor de mercadorias e de animais. Relatório desta segunda-feira (10) do Rabobank mostra que os efeitos dessas restrições afetam tanto o fornecimento de insumos para a agricultura como a produção.

Se os chineses tiverem sucesso na contenção do coronavírus nos próximos meses, a demanda voltará forte, reanimando o mercado.

Uma demora no controle vai comprometer o primeiro semestre. O cenário se agravará, porém, se houver avanço da gripe aviária, uma vez que a avicultura tinha sido a aposta dos chineses para conter a deficiência de carne suína (Folha de S.Paulo, 11/2/20)