Dólar cai e fecha a R$ 4,95; Bolsa sobe 112,5 mil pontos
IBOVESPA. Foto- Daniel Teixeira-Estadão
Apetite por risco no exterior, dados da China e subida das commodities foram fatores para resultados do dia.
O dólar à vista emendou o segundo pregão de queda firme no mercado doméstico de câmbio nesta sexta-feira, 2, e voltou a fechar abaixo da linha de R$ 5,00 após quatro sessões. Houve relatos de entrada de fluxos de exportadores e desmonte de posições cambiais defensivas, em meio a forte apetite ao risco no exterior e a uma onda de valorização de divisas emergentes diante da expectativa de medidas de estímulo econômico na China.
As cotações do petróleo subiram mais de 2%, com o tipo brent para agosto encerrando em alta de 2,39%, a US$ 76,13 o barril, às vésperas de encontro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+). O Ibovespa teve alta de 1,80%, aos 112.558,15 pontos.
Em baixa desde a abertura, o dólar rompeu a barreira psicológica dos R$ 5,00 na primeira hora de negócios e registrou mínima ainda pela manhã, a R$ 4,9467. No fim da sessão, a moeda recuava 1,07%, cotada a R$ 4,9528. O real, que apanhou mais que seus pares recentemente, hoje apresentou o melhor desempenho entre emergentes. Após ter fechado em R$ 5,0730 na quarta-feira, último pregão de maio, o dólar caiu 2,37% no dois primeiros dias de junho e terminou a semana com baixa de 0,72%. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para julho teve giro razoável, acima de US$ 12 bilhões.
Referência do comportamento do dólar frente a seis divisa fortes, o índice DXY voltou a tocar o nível dos 104,000 pontos, com fortes ganhos da moeda americana ante iene, euro e libra. Divulgado pela manhã, o relatório de emprego (payroll) mostrou geração de 339 mil vagas nos EUA em maio, bem acima da mediana de Projeções Broadcast (200 mil). A taxa de desemprego, porém, subiu de 3,5% em abril para 3,7% em maio, ante projeção de queda para 3,4%. Além disso, o salário médio por hora cresceu abaixo do esperado na comparação anual.
Casas como Jefferies, Commerzbank e ING, por exemplo, afirmam que a desaceleração gradual do ritmo de aumento dos salários abre uma janela para que o Federal Reserve adote uma pausa no processo de alta dos juros em sua reunião de política monetária neste mês (dia 14). As atenções se voltam agora para a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de maio, na véspera da decisão do BC americano.
Monitoramento da CME mostra que as chances de manutenção dos Fed Funds seguem acima de 70%. De outro lado, as apostas em redução dos juros no fim do ano deixaram de ser majoritárias. A Oxford Economics afirma que, mesmo com uma pausa em junho, não se pode descartar a possibilidade de que o Fed eleve a taxa básica no segundo semestre, dependendo dos dados de inflação e atividade. A casa vê início de ciclo de afrouxamento apenas em 2024, e de forma bem gradual.
Bolsa
Com o desempenho desta sexta-feira que o alçou aos 112 mil pontos, o Ibovespa obteve o sexto ganho semanal consecutivo, em intervalo sem quebra não visto desde o início de novembro a meados de dezembro de 2020, quando havia enfileirado sete ganhos semanais, saindo então da faixa dos 95,9 mil para a dos 118 mil pontos. Agora, em ritmo gradual de recuperação - com a volatilidade da pandemia já bem para trás -, o Ibovespa iniciou a série semanal positiva, em 24 de abril, abaixo dos 104 mil pontos, e na sessão de hoje fechou em alta de 1,80%, aos 112.558,15 pontos.
Nesta sexta-feira, oscilou dos 110.567,44 aos 113.069,55 pontos, após abertura a 110.568,40, atingindo o maior nível de encerramento desde 31 de janeiro, então aos 113,4 mil pontos. No intradia, também registrou hoje a melhor marca desde 1º de fevereiro. No acumulado da semana, virou para o positivo nesta última sessão, com avanço de 1,49% no intervalo, após leve ganho de 0,15% no período anterior. A recuperação semanal se iniciou ontem, quando o Ibovespa havia avançado 2,06% com retomada nos preços das commodities, que prosseguiu hoje tanto no petróleo como no minério, e a aprovação da elevação do teto de gastos nos Estados Unidos. No combinado dessas duas primeiras sessões de junho, o índice da B3 sobe 3,90%.
Destaque nesta sexta-feira para o salto de Vale ON, em alta de 4,27% na sessão e avanço de 2,43% na semana. Nas duas primeiras sessões de junho, a ação da mineradora acumula ganho de 6,47% - no ano, ainda cede 21,88%. Petrobras ON e PN, por sua vez, subiram hoje 1,20% e 0,82%, respectivamente, encerrando a semana com ganhos de 1,26% e 1,42% no intervalo. As ações do setor financeiro, como as dos demais segmentos de peso no Ibovespa, também foram bem na sessão, com Bradesco (ON +2,62%) à frente entre as maiores instituições.
Na ponta da carteira Ibovespa nesta sexta-feira, Cosan (+7,90%), CSN (+4,91%), CSN Mineração (+4,47%) e Assaí (+4,45%). No lado oposto, Via (-10,36%), Magazine Luiza (-4,68%), Totvs (-4,19%) e Raia Drogasil (-3,60%). “As bolsas já abriram em alta, aqui e fora, refletindo a aprovação, também no Senado dos Estados Unidos, do acordo sobre o teto da dívida americana, uma aprovação já esperada, mas que reforça o otimismo”, diz João Victor Britto, especialista da Blue3 Investimento (Estadão, 3/6/23)