06/02/2018

Dow Jones fecha em queda de 4,6%, maior retração diária desde 2011

Dow Jones fecha em queda de 4,6%, maior retração diária desde 2011

Queda ocorre pelo 2º pregão seguido, influenciada por dados sobre o mercado de trabalho dos EUA divulgados na sexta-feira.

A Bolsa de Valores de Nova York fechou em queda de 4,6% nesta segunda-feira (5), a maior retração diária desde agosto de 2011. O índice Dow Jones Industrial, o principal indicador do mercado, assim como os índices S&P 500 e Nasdaq despencaram uma hora antes do encerramento do pregão.

  • Dow Jones caiu 4,6%, para 24.345 pontos
  • S&P 500 recuou 4,10% para 2.648 pontos
  • Nasdaq caiu 3,78%, para 6.967 pontos

Os mercados financeiros reagem a uma eventual alta dos juros nos EUA, que afeta negativamente as bolsas de valores. Nesta segunda-feira, os títulos públicos americanos com vencimento em 10 anos, os chamados Treasuries, tiveram uma alta de juros e atingiram o maior valor desde janeiro de 2014.

O pessimismo no mercado financeiro americano também influenciou as bolsas internacionais e a cotação do dólar frente às demais moedas. ABovespa fechou em queda de 2,59%, enquanto o dólar subiu 0,99% frente ao real.

O mercado financeiro internacional reflete ainda os dados divulgados na sexta-feira passada, que mostram que os salários avançaram 2,9% em janeiro, na comparação com o ano anterior, a maior alta em um ano registrada em 9 anos.

Esse número pode indicar que as pressões inflacionárias estão mais fortes nos EUA e influenciar as futuras decisões do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) sobre a taxa de juros americana. Uma eventual alta dos juros influencia negativamente o mercado de ações por 2 motivos:

  • o investimento em títulos americanos fica mais atrativo quando o juro aumenta, atraindo parte do capital investido em ações;
  • o custo do crédito fica mais caro para as empresas quando o juro básico sobe.

Segundo o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, existe uma apreensão muito grande entre os investidores sobre o que vai acontecer com uma eventual alta de juros nos Estados Unidos. “O mercado aposta que é melhor ter títulos do Tesouro dos EUA no bolso”, explica.

Ele também aponta para um possível movimento de correção após as bolsas renovarem seguidas máximas. “A combinação de bolsas batendo recordes com volatilidade em baixa não pode se manter por muito tempo”, diz.

Em nota divulgada após o fechamento dos mercados, a Casa Branca afirmou que o foco do presidente Donald Trump são "os fundamentos econômicos a longo prazo, que continuam excepcionalmente fortes, com fortalecimento do crescimento dos Estados Unidos, desemprego historicamente baixo e aumento de salários para trabalhadores americanos". O comunicado é assinado por Sarah Sanders, porta-voz da Casa Branca.

Virada

A queda na cotação das ações, no entanto, ocorre dias após as bolsas de valores americanas atingirem seu maior patamar, em meio a um otimismo sobre o crescimento da economia do país.

A virada nas bolsas americanas começou na sexta-feira (2), que foi o pior pregão do mercado de ações nova-iorquino em quase dois anos. O índice Dow Jones terminou com forte baixa de 2,54%.

A crise dos últimos dois pregões, no entanto, não chega perto dos piores dias da história do mercado financeiro. Em 19 de outubro 1987, na chamada "Segunda-feira Negra", o índice Dow Jones caiu 22,6%, diante de um ataque do Irã a navios petroleiros americanos.

Na bolsa de Nova York, a sessão tinha começado em baixa, mas apresentou alguma recuperação uma hora depois. No entanto, por volta das 13h locais (16h em Brasília), os principais indicadores começaram a despencar (G1, 5/2/18)


Bolsa de NY tem maior queda em sete anos

Investidores temem que a inflação saia do controle na maior economia do mundo, levando a uma alta mais acelerada dos juros.

O temor de que a economia americana entre em uma fase de superaquecimento provocou pânico nesta segunda-feira, 5, no mercado acionário dos EUA, que fechou com a maior queda em pontos da história. O movimento de venda acentuou perdas registradas na sexta-feira e se espalhou por Bolsas na Europa, Ásia e América Latina. Sob esse efeito, em São Paulo, o Ibovespa - com as principais ações em negociação na B3 - acompanhou a queda de seus pares em Nova York, porém, em ritmo um pouco mais contido. O índice fechou em baixa de 2,59%, aos 81.861,08 mil pontos.

Em termos porcentuais, o tombo no exterior foi o maior desde 2011 e anulou os ganhos obtidos pelos investidores em 2018. O índice Dow Jones sofreu a maior perda diária em pontos da história, ao ceder 4,60%, aos 24.345,75 pontos. O S&P 500 recuou 4,10% e o Nasdaq fechou em baixa de 3,78%. Ao longo do pregão, o Dow Jones chegou a despencar mais de 6%.

O grande temor do mercado é que a maior economia do mundo enfrente pressões inflacionárias que levem o Federal Reserve a aumentar a taxa de juros em ritmo mais acelerado que o gradualismo projetado por Janet Yellen e seu sucessor, Jerome Powell, que tomou posse ontem.

Dados sobre emprego divulgados na sexta-feira, 2, pelo governo mostraram uma alta de 2,9% no salário-hora pago aos trabalhadores americanos, impulsionada pela queda do desemprego a 4,1% e um aperto do mercado laboral. Em dezembro, o Congresso aprovou corte de impostos de US$ 1,5 trilhão, que equivale a um estímulo fiscal no momento em que a economia está com pleno emprego e crescimento superior a 2,5% anualizados.

“É possível que a reforma tributária leve a um superaquecimento. A economia está crescendo a um ritmo próximo de sua capacidade e o desemprego está em 4,1%”, disse Michelle Meyer, economista-chefe do Bank of America Merrill Lynch. Segundo ela, esse é o cenário que os investidores passaram a contemplar a partir de sexta-feira.

Até então, a narrativa predominante era a de que o corte de impostos levaria ao aumento de investimentos e produtividade, o que garantiria um longo período de crescimento sustentável sem pressão inflacionária, observou Meyer. “Nós ainda não sabemos qual será o impacto da reforma tributária e qual dessas duas possibilidades vai se concretizar.” A economista ressaltou que não há indícios de que a inflação sairá de controle e manteve sua previsão de que haverá três altas de juros neste ano, cada uma de 0,25 ponto porcentual. Sua estimativa é de que o PIB crescerá 2,7%.

Julia Coronado, fundadora da MacroPolicy Perspectives, também não vê ameaças inflacionárias no horizonte. “Não acredito que a pressão de preços vá colocar em xeque a alta gradual de juros”, avaliou. Coronado disse que o mercado acionário estava movido por expectativas não realistas em relação ao impacto do corte de impostos e que uma correção era necessária.

Gasolina no fogo. A economista, que trabalhou durante oito anos para o board de governadores do Fed, também vê a possibilidade de que a reforma tributária provoque superaquecimento da economia, mas observou que ainda é muito cedo para chegar a uma conclusão definitiva sobre seu impacto. Mas alguns analistas já deram seu veredicto: “Nós estamos colocando tremenda quantidade de gasolina no fogo”, disse ao New York Times Rick Rieder, da gestora de investimentos BlackRock.

Em entrevista que concedeu na sexta-feira à CNBC, Yellen afirmou que a cotação das ações estava “alta” e manifestou preocupação com preços no mercado imobiliário. “É uma bolha ou está muito alto? Isso é muito difícil dizer. Mas é uma fonte de certa preocupação que a valorização de ativos esteja tão alta”, disse a ex-presidente do Fed em seu último dia no cargo.

Juros em ascensão encarecem o preço do dinheiro para empresas e aumentam o que os consumidores têm de desembolsar por financiamentos, com potencial impacto negativo sobre a expansão econômica.

Além de inflação, os investidores estão preocupados com o aperto de liquidez promovido pelo Fed depois dos anos de expansão monetária que se seguiram à crise global de 2008. O banco central americano está reduzindo a quantidade de bônus do Tesouro dos EUA que tem em carteira.

Brasil

Por aqui, segundo analistas, a correção dos ganhos acumulados no primeiro mês de 2018 é menos acentuada porque ainda há motivos que dão sustentação às perspectivas mais otimistas na cena doméstica, muito embora assuntos como a reforma da Previdência estejam parcialmente precificados.

Perto do fechamento da sessão, o índice à vista da Bolsa brasileira acompanhou uma sequência forte de mínimas em Wall Street e perdeu, inclusive, o patamar dos 82 mil pontos. O índice fechou em baixa de 2,59%, aos 81.861,08 mil pontos, na mínima do dia. Ainda assim, neste ano, o Ibovespa acumula ganhos de 7,15%.

"Vamos acompanhar a tendência das bolsas americanas, em baixa ou alta, mas a magnitude vai ser diferente", disse Raphael Figueredo, analista da Eleven Financial. Segundo ele, o mercado acionário dos Estados Unidos passa por um processo de desalavancagem (de redução de endividamento) e isso acaba contaminando globalmente.

Para o Brasil, no entanto, ele diz que esse efeito é menor uma vez que o Ibovespa não acompanhou todo o ciclo de alta do mercado americano e, também agora, não deve seguir em todo o ajuste.

Fabricio Estagliano, analista-chefe da Walpires Corretora, complementa afirmando que o recuo é limitado também pela expectativa sobre a cena doméstica, que ainda é positiva e diante da safra de bons resultados nos balanços que estão sendo divulgados.

Para os dois analistas, a cena doméstica contou pouco hoje. Com a agenda vazia de notícias mais relevantes, as declarações de integrantes do governo e de políticos em torno do andamento da Reforma da Previdência foram monitorados. 

"Ainda estamos diante das mesmas notícias e essa falta de novidade corrobora para um cenário negativo", ressaltou Figueredo, que acredita que o tema ganhe fôlego e impacto no mercado após o Carnaval, para quando foi marcada a discussão na Câmara da proposta.

Da carteira de ações mais negociadas da bolsa, chamadas por blue chips, as preferidas dos estrangeiros no Brasil sofreram na sessão desta segunda. As ações ON e PN da Petrobrás foram impactadas pela forte queda das cotações do petróleo no mercado futuro e encerraram em baixa de 4,50% e 4,66%, respectivamente. No setor financeiro, os recuos mais fortes foram notados nas units do Santander (4,07%), Itaú Unibanco PN (3,51%) e Banco do Brasil (2,98%). 

3 perguntas para Silvio Campos Neto, economista-chefe da Tendências Consultoria

1. O mercado foi pego de surpresa pelo que aconteceu em Nova York na segunda-feira?

Não. Os preços dos ativos subiram muito nos últimos dias e qualquer notícia não tão boa seria o gatilho para uma correção. No caso, foram os dados de emprego nos Estados Unidos. Não acho que essa correção vá longe.

2. Qual o impacto esperado no mercado brasileiro?

Parte da queda de Nova York já foi absorvida pelo Ibovespa. O Brasil é muito impactado com o exterior. Eu recomendo cautela para o investidor agora.

3.O que poderia reverter essa tendência de queda das bolsas internacionais nos próximos dias?

Tudo vai depender do banco central americano. Se ele vier a público e sinalizar que não vai aumentar os juros de maneira tão forte, o investidor deve se acalmar. Vamos acompanhar (O Estado de S.Paulo, 6/2/18)


Os mercados da Ásia se unem ao estoque global

Os mercados asiáticos mergulharam na terça-feira enquanto os investidores despejavam os estoques após grandes quedas nos EUA em antecipação a taxas de juros mais elevadas.

O índice japonês Nikkei 225 sofreu a maior queda de um dia desde 1990, antes de se recuperar.

Ele vem depois que a Dow Jones Industrial Average sofreu sua pior queda em mais de seis anos na segunda-feira .

O fortalecimento da economia global e os ganhos corporativos saudáveis estimularam os mercados mundiais a obter altos recordes.

Mas a liquidação começou na semana passada, depois de um sólido relatório sobre os empregos nos Estados Unidos alimentar as expectativas de que a Reserva Federal elevará as taxas de juros mais rápido do que o esperado.

"As notícias econômicas dos EUA foram mais fortes do que o previsto", disse David Kuo, diretor executivo de assessoria de serviços financeiros Motley Fool.

"Então, perversamente, a correção do mercado foi causada por notícias econômicas positivas".

Os mercados na Ásia geralmente seguem a liderança dos EUA.

Em outros países da região, o índice japonês Nikkei 225 fechou 4,7%, enquanto o Hang Seng de Hong Kong caiu 4,5% e o índice Kospi da Coréia do Sul desistiu de 2,6%. O benchmark australiano S & P / ASX 200 perdeu 3,2%.

Os futuros de ações dos EUA apontaram para quedas mais acentuadas quando os mercados abrem na terça-feira.

O que aconteceu nos EUA?

Na segunda-feira, o índice Dow Jones Industrial Average caiu 1,175 pontos, ou 4,6% para fechar em 24,345.75.

O declínio foi o maior em termos percentuais para o Dow desde agosto de 2011, quando os mercados caíram após "Black Monday" - o dia em que a Standard & Poor's reduziu sua classificação de crédito nos EUA.

A queda no Dow foi acompanhada de perto pelo índice de ações S & P 500, queda de 4,1% e Nasdaq, que sofreu uma tecnologia, que perdeu 3,7%.

A Casa Branca moveu-se para tranquilizar os investidores dizendo que estava focada em "fundamentos econômicos de longo prazo, que permanecem excepcionalmente fortes".

Por que isso está acontecendo?

As pesadas perdas na Ásia seguem o slide em Wall Street. Os investidores estão reagindo às mudanças nas perspectivas para a economia americana e global, e o que isso pode significar para o custo do empréstimo.

"A venda de ações ... reflete um ambiente de taxa de juros mais alto do que o esperado anteriormente", disse o analista da CMC Markets, Michael McCarthy.

Em resposta a isso, os investidores se mudaram para vender de ações e colocar dinheiro em ativos como títulos que se beneficiam de taxas de juros mais altas.

"Este não é um colapso da economia. Esta não é uma preocupação de que os mercados não vão fazer bem", disse Erin Gibbs, gerente de portfólio da S & P Global Market Intelligence.

"Esta é a preocupação de que a economia está realmente fazendo muito melhor do que o esperado e, portanto, precisamos reavaliar", disse ela.

Isso terá impacto a longo prazo?

Os analistas dizem que os investidores no curto prazo, os investidores devem estar preparados para mercados de ações mais rápidos.

Joel Prakken, economista dos EUA para IHS Markit, prevê que os ganhos de preços das ações serão limitados nos próximos dois anos.

"A diferença entre este ano e o ano passado é que vamos ver mais períodos de volatilidade como este, já que o mercado reage a uma inflação mais alta", afirmou.

"Nós não estamos acostumados com isso porque faz tanto tempo que nós tivemos uma correção significativa".

No entanto, ele acrescentou que os mercados teriam de se deteriorar mais significativamente para começar a se preocupar com a economia em geral.

Os mercados asiáticos, por outro lado, se beneficiaram das baixas taxas de juros dos EUA na última década porque o dinheiro fluiu para a Ásia em busca de retornos mais fortes. Os analistas dizem que o aumento esperado da taxa pode afetar a Ásia por um longo prazo (BBC, 6/2/18)