Em ano de recordes, Brasil ganha espaço dos Estados Unidos
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Desde 2019, país colocou 300 milhões de t de soja e 10 milhões de carne na China.
No relatório de oferta e demanda mundial deste mês, o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) apontou que os americanos estão perdendo espaço importante na agropecuária em mercado tradicionais.
Um dos que estão entrando em espaço americano é o Brasil, afirma o órgão do governo dos Estados Unidos. A comparação do comportamento das exportações dos dois países para o mercado da China aponta a forte evolução do Brasil.
A China, que está entre os principais importadores de alimentos do mundo, é importante tanto para a balança comercial do Brasil como para a dos Estados Unidos.
Os americanos perdem espaço nos grãos e nas carnes por vários fatores. Um deles é político. O enfrentamento de Donald Trump com grandes importadores de commodities, principalmente com a China, abriu caminhos para outros concorrentes durante seu governo.
Os chineses, a exemplo de Trump, colocaram barreiras tarifárias nos produtos dos EUA no período de seu governo. O país perdeu espaço e abriu frente para outros.
Os americanos tiveram também períodos de baixa oferta de produtos, devido a quebra de safras, o que reduziu a capacidade de exportações. Perderam também na relação de preços, tanto nos grãos como nas carnes.
Os Estados Unidos podem ter uma recuperação no milho no próximo ano. No primeiro, a concorrência com o Brasil será intensa, desde que a safrinha responda com boa produção. A China, que comprou 34 milhões de toneladas do cereal no acumulado de 2021 e 2022 dos Estados Unidos, adquiriu apenas 4,8 milhões do produto de janeiro a outubro últimos.
Já o Brasil, depois que os chineses abriram as portas para o milho brasileiro, vendeu 1,16 milhão de toneladas no ano passado e 11,4 milhões neste ano até novembro.
A participação brasileira no mercado chinês deixou de ser apenas de soja, como era há cinco anos, e se espalhou por uma gama de produtos antes oferecidos pelos americanos.
Nos últimos cinco anos, os Estados Unidos exportaram 135 milhões de toneladas de soja para a China. O Brasil colocou 300 milhões no mesmo período naquele mercado.
No setor de carnes, o Brasil também chegou mais tarde no mercado chinês, mas as vendas brasileiras somam 9,61 milhões de toneladas nos últimos cinco anos, 79% a mais do que os 5,37 milhões exportados para os chineses pelos americanos.
Preços e oferta disponível de produtos foram essenciais para o Brasil atingir esse patamar de venda para a China. Apenas neste ano, as vendas de soja para os chineses já somam 71,2 milhões de toneladas. Somados os volumes para outros mercados, as exportações brasileiras da oleaginosa superarão 100 de toneladas neste ano (Folha, 13/12/23)