21/02/2024

Em meio à crise com Israel, Brasil recebe ministros do G20

Em meio à crise com Israel, Brasil recebe ministros do G20

G20 RIO - Imagem Divulgação Prefeitura do Rio de Janeiro-Alexandre Macieira

O evento ocorre até quinta-feira (22) no Rio de Janeiro. Como presidente temporário do grupo, o Brasil escolheu os temas prioritários para serem discutidos ao longo do ano.

Começam os preparativos para o G20, que acontece no Rio, em novembro.

Em meio a uma crise com Israel, o Brasil recebe nesta quarta-feira (21) ministros de Relações Exteriores dos países do G20, o grupo das 20 maiores economias do mundo. O evento ocorre até quinta-feira (22) no Rio de Janeiro.

O principal tema, segundo o Itamaraty, será a reforma de organismos multilaterais, como a Organização das Nações Unidas (ONU).

Também serão debatidos o combate à fome e a transição energética —essa será uma prévia da cúpula com participação dos chefes de estado do G20, a ser realizada em 18 e 19 de novembro, também no Rio.

Entre outros, estarão no evento desta quarta-feira Anthony Blinken, secretário de Estado do governo Joe Biden, dos Estados Unidos, e Sergei Lavrov, da Rússia. Nesta quarta (20), a Casa Branca responsabilizou a Rússia pela morte de Alexei Navalny, líder da oposição morto na sexta-feira (16) em uma prisão na Sibéria.

Blinken se encontrará com o presidente Lula e, depois da reunião do G20, vai a Buenos Aires para um encontro com Javier Milei, da Argentina. Lavrov esteve em Cuba e na Venezuela antes de chegar ao Brasil.

O G20 não é uma instituição como a ONU ou a Organização Mundial do Comércio, que têm secretariado. Na prática, é um grupo de diálogo. Ao país que preside temporariamente o G20, cabe receber os representantes de outros países, organizar as reuniões e pautar as discussões.

O Brasil preside desde 1º de dezembro de 2023 o G20. O mandato vai até 30 de novembro deste ano.

Ainda não há uma lista confirmada de presença, mas sabe-se que pelo menos três países não vão enviar os ministros, mas, sim, os vice-chanceleres:

  • China,
  • Índia,
  • Itália.

 

Tema: reforma da ONU, FMI e Banco Mundial

Como presidente temporário do grupo, o Brasil escolheu três temas prioritários para serem discutidos ao longo do ano. Os temas são os seguintes:

  • Combate à fome, à pobreza e às desigualdades.
  • Transição energética e enfrentamento às mudanças climáticas.
  • Reformas das instituições multilaterais.

Como o tema da reforma das instituições é pertinente às Relações Exteriores, e o encontro desta semana no Rio é de ministros desta pasta, esse deverá ser o principal tema a ser debatido.

O presidente Lula (PT) tem repetido em seus discursos que considera que é preciso reformar instituições como a ONU, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.

Em sua visita recente à Etiópia ele voltou a citar o tema. Segundo ele, a ONU não tem “dado conta” de resolver os problemas. “Os membros do Conselho de Segurança são os maiores produtores de armas. São os que detêm as armas nucleares. São os que têm direito de veto, e são os que não cumprem nada porque não se submetem ao próprio Conselho de Segurança", afirmou o presidente.

Ele também fez críticas ao desempenho atual do FMI e Banco Mundial: "[Essas entidades] vão servir para financiar desenvolvimento dos países pobres ou vão continuar existindo para sufocar os países pobres?".

Tema não é novo

O tema da reforma de instituições como a ONU não é novo, diz Victor do Prado, conselheiro consultivo internacional do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) e ex-diretor do Conselho e do Comitê de Negociações Comerciais da OMC.

"Essa é uma agenda que 'peregrina', porque ela vai e volta. O que as pessoas querem é que a ideia [de uma reforma] não morra, mas o ambiente internacional para que isso tenha uma chance de ser concretizado é desfavorável. Veja, por exemplo, o Conselho de Segurança da ONU. Estão lá EUA, China e Rússia, três países que têm dificuldades para chegar a acordos", diz ele.

Prado diz que nos anos 1990, após a queda do Muro de Berlim, o ambiente internacional era mais propício para uma mudança desses órgãos.

Para ele, faz sentido manter o debate aceso, mas de uma maneira realista. "No fundo, como o Brasil não tem poder militar nem nuclear, depende de 'soft power', o que se adquire com credibilidade no discurso e nas ações, e nos últimos dias o Brasil teve um revés nesse aspecto", disse ele, referindo-se à fala do presidente Lula ao comparar a ação militar de Israel na Faixa de Gaza com o Holocausto.

O G20 é formado pelos seguintes membros:

  • África do Sul;
  • Alemanha;
  • Arábia Saudita;
  • Argentina;
  • Austrália;
  • Brasil;
  • Canadá;
  • China;
  • Coreia do Sul;
  • Estados Unidos;
  • França;
  • Índia;
  • Indonésia;
  • Itália;
  • Japão;
  • México;
  • Reino Unido;
  • Rússia;
  • Turquia;
  • União Europeia;
  • União Africana (G1, 21/2/24)

 

'Trilha de sherpas' e preparação para novembro: entenda o que é o G20 e o encontro no Brasil

Encontro desta semana terá Ministros das Relações Exteriores dos países membros e faz parte de uma série de reuniões do grupo em 2024. Juntas, as nações do G20 representam 85% da economia global.

Começam os preparativos para o G20, que acontece no Rio, em novembro

Os Ministros das Relações Exteriores dos países membros do G20 vão se reunir nesta quarta (21) e quinta-feira (22) no Rio de Janeiro. O Brasil preside o grupo e vai pautar temas sociais, ambientais e a reforma das organizações multilaterais, como a ONU. 

O encontro desta semana funciona como uma espécie de preparação para a Cúpula do G20, que está marcada para novembro, no Rio. Enquanto isso, o grupo foca em duas frentes de trabalho: a Trilha de Sherpas e a Trilha de Finanças.

Trilha de Sherpas possui 15 grupos de trabalho e é supervisionada por emissários pessoais dos líderes do G20. Esses emissários acompanham as negociações entre os países, coordenam a maior parte dos trabalhos e discutem as principais pautas da agenda do grupo.

O nome "Sherpas" é uma referência à etnia dos xerpas, que vive no alto do Himalaia, no Nepal. Os xerpas ajudam a guiar alpinistas que desejam chegar ao topo do Monte Everest. No caso do G20, os "Sherpas" são os líderes de cada país.

Já a Trilha de Finanças trata de assuntos macroeconômicos e é comandada por membros dos ministérios da Economia e presidentes dos bancos centrais dos países que integram o bloco. A trilha tem sete grupos de trabalho.

 

O que é o G20?

O Grupo dos 20, ou G20, é uma organização que reúne ministros da Economia e presidentes dos bancos centrais de 19 países e de dois órgãos regionais, União Europeia e a União Africana.

Juntas, as nações do G20 representam cerca de 85% de toda a economia global, mais de 75% do comércio mundial e cerca de dois terços da população mundial.

G20 conta com presidências rotativas anuais. O Brasil é o atual presidente do grupo, tomou posse em 1º de dezembro de 2023 e fica no comando até 30 de novembro de 2024. Durante esse período, o país deve organizar 100 reuniões oficiais.

A principal delas será a Cúpula do G20 do Brasil, programada para os dias 18 e 19 de novembro de 2024, no Rio de Janeiro.

Depois de cada Cúpula, o grupo publica um comunicado conjunto com conclusões, mas os países não têm obrigação de contemplá-las em suas legislações. Além disso, os encontros separados de autoridades de dois países são uma parte importante dos eventos.

G20 é formado pelos seguintes países:

Presidente Lula na cúpula do G20, em Nova Délhi, na Índia — Foto: Ricardo Stuckert Presidência da República

G20 surgiu em 1999, após uma série de crises econômicas mundiais na década de 1990. A ideia era reunir os líderes para discutir os desafios globais econômicos, políticos e de saúde.

Naquele momento, falava-se muito em globalização e na importância de uma certa proximidade para poder resolver problemas. O G20 é, na verdade, uma criação do G7, que é o grupo de países democráticos e industrializados, composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, ItáliaJapãoReino Unido e União Europeia.

O primeiro encontro de líderes do G20 aconteceu em 2008. A cada ano, um dos 19 países-membros organiza o evento.

Debate no Rio

Durante o encontro desta semana, o Brasil submeterá três temas para discussão:

  • Inclusão social e combate à fome;
  • Transição energética e desenvolvimento sustentável;
  • Reforma das instituições de governança global e organizações multilaterais.

Os temas seguem a pauta que o presidente Lula havia adiantado durante a cerimônia de encerramento da última Cúpula do G20, em Nova Délhi, na Índia, em setembro de 2023.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Anthony Blinken, veio ao Brasil para o G20 e vai se encontrar com o presidente Lula (G1, 21/2/24)