10/07/2018

Estados Unidos e China dão início ‘oficial’ a guerra comercial

Estados Unidos e China dão início ‘oficial’ a guerra comercial

Tarifas de 25% sobre exportações de US$ 34 bilhões entre os dois países entraram em vigor nesta sexta; Trump ameaça taxar mais produtos.

Agora é oficial: Estados Unidos e China estão em guerra comercial.

 As tarifas de 25% impostas pelo governo Donald Trump a importações de produtos chineses equivalentes a US$ 34 bilhões começaram a valernesta sexta-feira. E, imediatamente, a China pôs em vigor uma retaliação nas mesmas bases, e ainda acusou o governo americano de desencadear a “maior guerra comercial da história”. Além dessa acusação, a China também iniciou uma ação contra os EUA na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Horas antes do prazo de Washington para que as tarifas entrassem em vigor, o presidente Trump, aumentou o tom, alertando que os EUA poderiam visar mais de US$ 500 bilhões em produtos chineses, ou o volume total das importações norte-americanas da China no ano passado.

“Provavelmente podemos dizer que a guerra comercial oficialmente começou”, disse Chen Feixiang, professor de economia aplicada da Faculdade de Economia e Administração Antai, da Universidade Xangai Jiaotong. “Se isso acabar em US$ 34 bilhões, terá um efeito marginal sobre ambas as economias. Mas se aumentar para US$ 500 bilhões como Trump disse, então terá um grande impacto para ambos os países.”

Apesar do potencial de estragos na economia global, o início “oficial” da guerra, por ser amplamente esperado, não mexeu com os mercados internacionais. O que acabou mesmo influenciando as bolsas e o mercado de câmbio foi o relatório de empregos nos Estados Unidos, que mostrou uma inesperada alta da taxa de desemprego e um ganho salarial abaixo do previsto. A leitura foi de que, por conta disso, há menos espaço para a aceleração da inflação no país, que pode se refletir na postergação das altas de juros. Com isso, o dólar acabou fechando em queda nos mercados globais e as bolsas registraram altas

Áreas afetadas

A princípio, os efeitos das tarifas adotadas pelos EUA contra produtos chineses e da retaliação tarifária de Pequim serão mais sentidos exatamente nas regiões americanas que garantiram a eleição de Donald Trump.

No caso americano, a tarifação recairá principalmente sobre produtos chineses dos setores aeroespacial, de tecnologia da informação, de autopeças e de instrumentos médicos. O foco da retaliação de Pequim está em produtos agrícolas, carros e petróleo bruto.

As tarifas americanas irão servir de proteção para algumas empresas que competem com importações chinesas, mas a retaliação de Pequim vai atingir grandes partes do território americano, segundo a Moody’s Analytics, que calculou quanto do Produto Interno Bruto (PIB) de cada país está em indústrias que se beneficiarão do protecionismo ou serão prejudicadas pela retaliação.

A retaliação chinesa terá impacto mais pronunciado – afetando mais de 25% da economia dos EUA – em quase 20% das regiões que votaram no republicano Trump na eleição presidencial de 2016, abarcando cerca de 8 milhões de pessoas. Apenas 3% das áreas que preferiram a democrata Hillary Clinton, com uma população de 1,1 milhão de pessoas, serão igualmente atingidas.

“Os beneficiários estão bastante concentrados regionalmente, bem no meio-oeste industrial. Fora de lá, é difícil identificar qualquer um que se beneficie de forma significativa”, diz Mark Zandi, economista-chefe da Moody’s Analytics. “As áreas que sofrem são mais amplas e difusas. As áreas rurais são afetadas. Parte dos centros manufatureiros também é prejudicada.”

O governo Trump alega que a China tem empregado práticas desleais de comércio com os EUA que precisam ser combatidas, mesmo que haja custos para a economia americana.

Regiões dos EUA com mais de 25% de suas economias atingidas pelas tarifas chinesas provavelmente sofrerão consequências dolorosas se a tarifação continuar em vigor. Indústrias como a de soja das Grandes Planícies, montadoras do meio-oeste e áreas produtoras de petróleo das Dakotas ou do Texas serão as mais afetadas. A China é o maior importador mundial de soja e foi o segundo maior destino das exportações de petróleo bruto dos EUA em 2017.

As áreas que se beneficiam abrigam indústrias cujos concorrentes chineses serão agora tarifados, enquanto as prejudicadas têm empresas que terão maiores custos para exportar para a China (O Estado de S.Paulo, 7/7/18)


Rússia impõe tarifas de 25% a 40% sobre produtos dos Estados Unidos

Legenda: Medida foi uma resposta às tarifas aplicadas pelos EUA sobre o aço e alumínio estrangeiros

 Medida foi uma resposta às tarifas aplicadas pelos EUA sobre o aço e alumínio estrangeiros.

A Rússia impôs nesta sexta-feira tarifas que variam de 25% a 40% sobre a importação de produtos dos EUA no setor de construção, petróleo e mineração, em resposta às tarifas aplicadas pelos EUA sobre o aço e alumínio estrangeiros.

O ministro do Desenvolvimento Econômico da Rússia, Maxim Oreshkin, disse em um comunicado que as tarifas adicionais foram aplicadas a alguns equipamentos de construção de estradas, equipamento de petróleo e gás, instrumentos de processamento de metais e equipamentos de perfuração e fibra ótica.

A União Europeia, a Índia, a China e a Rússia contestaram na Organização Mundial do Comércio as tarifas dos EUA que foram impostas no dia 23 de março. Washington argumentou que elas foram impostas por razões de segurança nacional.

Oreshkin disse que os fabricantes russos de aço e alumínio sofreram perdas de US$ 537,6 milhões por causa das novas tarifas dos EUA. Ele observou que as novas tarifas russas só permitirão uma compensação parcial de US$ 87,6 milhões (O Estado de S.Paulo, 7/7/18)