19/12/2017

Estoque pode compensar produção menor de milho

Estoque pode compensar produção menor de milho

Acendeu o sinal amarelo para a oferta de milho: a exportação continua aquecida, a área de plantio será menor nas duas safras (verão e inverno) e, a depender do clima, essa situação pode agravar-se ainda mais. É o que mostram os dados mais recentes do setor.

O que pode compensar esse quadro difícil é o grande estoque de passagem desta safra para a outra.

As exportações de dezembro, mantido o ritmo atual obtido até a terceira semana, deverão fechar o mês em 4,3 milhões de toneladas, bem acima do volume de dezembro de 2016 (368 mil).

Com a venda externa deste mês, o volume do ano vai para 30 milhões de toneladas. Em 2016, foram 22 milhões.

Os números do próximo ano serão bem distintos dos deste. A produção nacional de milho de 2018 deverá recuar para 84 milhões de toneladas, um volume 13,5 milhões inferior ao deste ano, conforme dados da AgRural.

Essa queda ocorre devido a uma perda de área destinada ao milho tanto na safra de verão como na de inverno.

Na avaliação da AgRural, a área de plantio de milho poderá sofrer um recuo considerável: dos 12,1 milhões de hectares da safra de 2016/17 para algo em torno de 10,8 milhões na de 2017/18.

Para Mato Grosso, o principal produtor do país, estima-se um grande recuo. Nos cálculos do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Aplicada), a área da safrinha deve cair para 4,2 milhões de hectares em 2018, 10% a menos do que a deste ano.

A produção do Estado, devido a uma produtividade menor, pode amargar expressivo recuo (19%), caindo para 24,7 milhões de toneladas.

A Conab ainda mantém uma produção de 92 milhões de toneladas de milho, mas esse número deverá ser ajustado após fevereiro, quando o órgão começará a fazer estimativas para a safrinha.

Somando as projeções de produção da AgRural (84,1 milhões de toneladas) e os estoques de passagem da Conab (19,4 milhões), a oferta de milho seria de 103,5 milhões de toneladas.

Descontados o consumo interno (58,5 milhões de toneladas) e a exportação (30 milhões), os estoques de 2017/18 ficariam próximos de 15 milhões de toneladas.

Ainda é um volume que dá boa sustentação ao mercado, mas qualquer problema climático mais sério, principalmente durante a safrinha, traria preocupação aos compradores e esperanças de preços melhores aos produtores (Folha de S.Paulo, 19/12/17)


Chuvas irregulares comprometem lavouras de milho  

 

As chuvas ocorridas nesse último final de semana sobre a região Sul foram bastante irregulares e em volumes baixos, e muitas localidades nem registraram chuvas. Tal condição deixa os solos com níveis muito baixos de umidade e, sobretudo, mantém as condições bastante preocupantes para o desenvolvimento das lavouras.

A semana começa com tempo seco no centro-sul gaúcho, mas as pancadas de chuva retornam a partir da quarta-feira e podem ser fortes. Apesar dos mapas de previsão continuarem sinalizando chuvas para o Sul, essas ainda continuarão sendo irregulares. De uma certa forma, não será de todo ruim, já que muitas áreas continuarão sendo beneficiadas, mas é fato que essa ausência de chuvas regulares já vem comprometendo o pleno desenvolvimento das lavouras, principalmente a de milho. No entanto, ao longo dessa semana, as lavouras de soja devem ficar sob estresse hídrico e, consequentemente, pode haver perda de produtividade em ambas as culturas.

Infelizmente, esse bolsão de água fria na metade leste do Oceano Pacífico mantém os corredores de umidade voltados ao norte do país, fazendo com que as frentes frias passem rapidamente sobre a região Sul e provoquem chuvas rápidas, de baixa intensidade e bastante irregulares. Ainda é muito cedo para prever que a região Sul, em especial a do Rio Grande do Sul, terá quebras significativas em suas lavouras, mas já se pode descartar que não será uma safra tão espetacular como foram as últimas quatro.

Mesmo com toda essa preocupação em dezembro, os mapas de previsão de chuva continuam sinalizando um mês de janeiro com volumes acima da média para toda a região Sul, o que irá trazer boas perspectivas de produtividade para a Região, em especial para a cultura da soja, que nesse mês estará em plena fase de florescimento e enchimento de grãos.

Para a região Sudeste, a semana será marcada pela ocorrência de pancadas de chuva, principalmente no final de tarde e à noite. As temperaturas continuarão altas, mas com a passagem de frentes frias associadas a áreas de instabilidade, as temperaturas máximas não deverão ser tão altas como foram nessa última semana. Além disso, com a ocorrência de chuvas mais regulares sobre as regiões produtoras de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, as condições ao desenvolvimento das lavouras se manterão favoráveis. Isso deve manter boas perspectivas para a produção para essa safra 2017/18. Além disso, os mapas de previsão de chuvas mantém um janeiro com chuvas dentro da média para toda a região Sudeste, sendo que apenas no norte de Minas Gerais é que poderá ter alguns períodos de chuvas bem mais irregulares e até mesmo algumas ausências, principalmente durante a segunda quinzena do mês.

No Centro-Oeste, as chuvas intermitentes que vem ocorrendo, principalmente sobre o Mato Grosso, tem impossibilitado a realização dos tratos culturais, principalmente as aplicações de defensivos agrícolas e também o plantio do algodão safra. Essa condição já traz muita apreensão a diversos produtores, uma vez que tais condições meteorológicas, além de atrapalharem a realização dos trabalhos de campo, também prejudicam o desenvolvimento das lavouras, uma vez que mantém o tempo nublado e os índices de taxas de radiação solar muito baixos. Isso ocasiona taxas fotossintéticas baixas e, consequentemente, baixos índices de acumulo de matéria seca.

A perspectiva é de que as chuvas voltem a ocorrer em todas as regiões produtoras do Mato Grosso, Goiás e em boa parte do Mato Grosso do Sul na forma de pancadas, muito provavelmente diárias, mas não mais uma condição de invernada. Isso irá possibilitar a plena retomada das atividades de campo e, sobretudo, o plantio do algodão. Além disso, o mês de janeiro deve ter chuvas dentro da média para toda a região, o que irá permitir que os níveis de umidade do solo se mantenham adequados ao desenvolvimento das lavouras, bem como possibilitem a realização da colheita da soja e posterior plantio das lavouras de segunda safra.

No Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia, as condições para a segunda quinzena de dezembro ainda continuarão sendo de pancadas de chuvas, horas mais intensas e generalizadas e num outro momento, irregulares. Mas mesmo assim, os mapas de previsão continuam sinalizando chuva para toda a região, o que manterá as condições extremamente favoráveis ao desenvolvimento das lavouras, não sendo observado para esse período, nenhuma grande anomalia que possa prejudicar o pleno desenvolvimento das plantas e consequentemente resultar numa redução em seus potenciais produtivos.

Além disso, a primeira quinzena de janeiro continuará sendo marcada pelas chuvas regulares e em bons volumes, mantendo assim, boas condições ao desenvolvimento das lavouras. Porém, ao longo da segunda quinzena de janeiro, há grandes possibilidades de que venha a ocorrer um veranico - o que é de tradição na região, mas na primeira quinzena de fevereiro já há previsões de retorno das chuvas, o que manterá as condições bastante favoráveis ao desenvolvimento das lavouras. Porém, como será um ano onde a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) demora uma pouco mais para se estabelecer sobre a região, algumas microrregiões poderão ter alguns problemas de ausência de chuvas entre a segunda quinzena de janeiro e a primeira de fevereiro.

Desse modo, apesar da ausência de chuvas no Sul, não vejo ainda nenhuma grande preocupação para com a safra de grãos, de café e de cana-de-açúcar ainda para a safra 2017/18. Porém, os índices de produtividade/produção não serão iguais aos registrados na safra 2016/17, quando o clima se mostrou excepcional em todas as regiões produtoras do País. No entanto, não terá quebras como vistas em anos como 2012 e 2013 no Brasil - pelo contrário, será uma safra com índices de produtividade dentro da média para todas as culturas, devido exclusivamente, por essa oscilação nos regimes de chuvas - horas numa determinada região do País e num outro período em outra parte. O que irá determinar índices bons, regulares ou até mesmo ruins de produtividade, será o período que essas intempéries climáticas ocorrerem associadas à fase fenológica da cultura (Assessoria de Comunicação, 18/12/17)