31/01/2023

Etanol/trigo: Projetos no RS têm capacidade de atender 30% da demanda local

Etanol/trigo: Projetos no RS têm capacidade de atender 30% da demanda local

ethanol de trigo Imagem Embrapa

Os três novos projetos privados de indústrias de etanol de trigo no Rio Grande do Sul, anunciados no ano passado pela BSBios, CB Bioenergia e Cotrijal, têm capacidade de atender 30% da demanda local de etanol, projetou o Itaú BBA, em relatório sobre o setor.

 

Segundo o banco, os projetos envolvem aporte de cerca de R$ 1 bilhão e a capacidade instalada somada das plantas poderá alcançar 300 bilhões de litros do biocombustível por ano.

 

"No ano de 2022, segundo estimativas do Itaú BBA, no Rio Grande do Sul, o consumo total de etanol (anidro e hidratado) totalizou 892 milhões de litros. A capacidade prevista já atenderia pouco mais de 30% do consumo local", calculou a instituição financeira.

Na avaliação do banco, o consumo de etanol hidratado pelo Rio Grande do Sul é "baixo", considerando que o biocombustível representa cerca de 1% no Ciclo Otto (gasolina C + etanol hidratado) do Estado ante cerca de 36% reportados em São Paulo.

 

"O baixo consumo do etanol hidratado no Estado é consequência do pequeno volume produzido na região, que faz com que os preços do etanol não sejam competitivos com o preço da gasolina nos postos. Quando comparamos a paridade de preços entre os combustíveis, o valor do etanol hidratado nos postos do Rio Grande do Sul apresenta valores acima dos 90% do preço da gasolina C", diz o banco.

 

Para o banco, esses números mostram que há uma "potencial demanda" no Estado para absorver o biocombustível produzido por essas novas plantas, se os preços forem atrativos para os carros flex. "As oportunidades são promissoras ao novo segmento da cadeia", ressaltou.

O Itaú BBA pondera, contudo, que há pontos sensíveis no setor como o fato de o Brasil ainda ser um importador de trigo, o aumento projetado para a produção de etanol de milho, que deve totalizar 10 bilhões de litros em 2030, a flexibilidade das usinas de açúcar direcionarem a produção para o etanol e uma possível queda nas cotações do biocombustível caso haja excesso de oferta de etanol no Estado.

 

"A título de cálculo, se considerarmos o volume adicional de 300 milhões de litros de etanol hidratado, será necessário um volume adicional de 790 mil toneladas, ou seja, uma adição de 17% na produção do Rio Grande do Sul em relação à produção de 2022. No tocante às cotações, embora seja possível lançar mão do mercado futuro para gerir o risco dos preços do trigo, como não é possível fazer hedge de etanol, a gestão de risco da margem é um pouco mais desafiadora", observou o banco (Broadcast, 30/1/23)