Ex-funcionários da Dedini cobram liberação de R$ 14 milhões

Grupo protestou em frente ao Fórum Estadual de Piracicaba para reivindicar que Justiça libere o pagamento. Empresa depositou a quantia em juízo.

Ex-funcionários da Dedini Indústrias de Base protestaram nesta quarta-feira (6) em frente ao Fórum Estadual de Piracicaba (SP) para reivindicar que a Justiça libere o pagamento de R$ 14 milhões referente ao processo de recuperação judicial da companhia. Segundo os manifestantes, há trabalhadores "passando por dificuldades".

A empresa realizou o depósito da quantia em juízo e a verba será repassada a 564 dos mais de 1,6 mil funcionários demitidos entre 2015 e 2016. Os manifestantes aguardam que a Justiça determine que a execução dos pagamentos, já que a Dedini depositou a verba.

"O dinheiro está aqui no banco e o juiz não libera", reclama o diretor do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Piracicaba e Região Carlos Roberto Pereira dos Santos. A manifestação ocorreu entre meio-dia e 16h.

Segundo o sindicato, a execução do pagamento depende da decisão da Justiça sobre o valor máximo a ser recebido pelos funcionários. Durante o ato, o juiz responsável pelo processo, Marcos Douglas Velozo Balbino da Silva, recebeu o advogado do sindicato Luis Fernando Severino.

"Pelo juiz foi dito que, após a decisão dos parâmetros do rateio ser proferida, os mandados de levantamento serão expedidos, mas que serão 564 mandados, não havendo condição de precisar o tempo que este trabalho levará", afirmou por nota o sindicato.

'Passando necessidade'

Outro diretor do sindicato, João Carlos Ribeiro disse que há ex-funcionários com dificuldades e que precisam do dinheiro. "Os ex-trabalhadores da Dedini estão passando por dificuldades, assim como a população de um modo geral, muitos ainda estão desempregados, sentindo os efeitos desta dispensa coletiva até hoje".

"A liberação de R$ 14 milhões de reais demanda muito cuidado para as tomadas das decisões, especialmente quanto ao valor devido para cada um dos 564 credores, sendo que, após esta liberação, restarão pouco mais de 100 ex-funcionários com saldo a receber nos autos da ação de recuperação judicial", disse o advogado do sindicato.

O Tribunal de Justiça

Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Estado (TJ-SP), a manifestação foi tranquila, ocorreu do lado de fora, na calçada, não houve nenhum transtorno e nenhuma audiência foi prejudicada.

A assessoria informou que o juiz recebeu as partes envolvidas, mas a Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loma) o impede de comentar processos em andamento.

Plano de recuperação

Em crise, a Dedini demitiu 1,6 mil funcionários nos anos de 2015 e 2016 em Piracicaba e Sertãozinho, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos. A dívida da empresa chegou a R$ 177,1 milhões, sendo que R$ 36,56 milhões correspondem a passivos trabalhistas.

O plano de recuperação judicial da metalúrgica foi homologado pela Justiça em fevereiro de 2017. A recuperação judicial foi requerida pelo grupo Dedini em 24 de agosto de 2015, o deferimento foi publicado em 9 de setembro de 2015, no Diário Oficial do Estado de São Paulo, e foi aprovado por 97% dos credores presentes em assembleia realizada no mês de setembro de 2016.

Em março do ano passado, os trabalhadores que foram demitidos até agosto de 2015 começaram a receber parte dos R$ 21,5 milhões depositados na recuperação judicial (G1, 6/6/18)