Exportação de café bate recorde em 2024 com avanço do canéfora
Quantidade foi 28,5% maior do que a de 2023 e 12,8% em relação ao recorde anterior, de 2020. Foto Tony Oliveira - CNA
O volume ficou em 50,443 milhões de sacas enviadas a 116 países
Puxado pelo crescimento de 98% nos embarques do café canéfora (conilon e robusta), o Brasil fechou 2024 com recorde anual de exportações, com 50,443 milhões de sacas enviadas a 116 países, segundo relatório estatístico do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). O volume foi 28,5% maior do que o de 2023 e de 12,8% em relação ao recorde anterior, estabelecido em 2020.
“Esse resultado foi puxado pelos embarques das variedades arábica, que cresceram 20% ante 2023, e, principalmente, canéfora, que avançaram 98% no comparativo anual”, disse em nota o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira.
A entrada de divisas no país em função dos embarques cafeeiros também alcançou o melhor desempenho na história do levantamento do Cecafé, puxada pelos recordes apurados em café verde e solúvel.
De janeiro a dezembro do ano passado, as remessas renderam US$ 12,515 bilhões ao Brasil, avançando 55,4% sobre 2023 e 35,4% em relação ao maior montante antecedente, registrado em 2022.
“Grandes produtores como Vietnã e Indonésia tiveram safras menores devido a adversidades climáticas. O Brasil, mesmo com uma colheita aquém do seu potencial, produziu o suficiente para honrar seus compromissos e, ainda, preencher a lacuna deixada pela falta do robusta dos concorrentes asiáticos. Com o consumo mundial se mantendo aquecido, foi natural o aumento dos preços e o crescimento dos ingressos com nossos embarques”, destacou Ferreira.
Os cafés canéforas tiveram o maior aumento percentual, mas o arábica manteve o maior volume embarcado no acumulado dos 12 meses com 36,946 milhões de sacas enviadas ao exterior, um aumento de 19,8% na comparação com 2023. O número representa também o maior volume da história para o arábica, que respondeu por 73,2% das exportações.
Os embarques de canéforas, que representaram 18,5% das exportações, atingiram o recorde de 9,356 milhões de sacas, quase o dobro (97,9%) das sacas exportadas em 2023. Já o segmento do café solúvel registrou seu segundo melhor desempenho na história, com 4,093 milhões de sacas exportadas, um avanço de 13%. Os cafés torrados e torrados e moídos, com 48.687 sacas, completaram a lista.
Os cafés que possuem qualidade superior ou certificados de práticas sustentáveis responderam por 18,1% das exportações totais brasileiras no ano passado, com a remessa de 9,141 milhões de sacas ao exterior. Esse volume é 31,2% superior ao registrado em 2023.
Com um preço médio de US$ 277,28 por saca, a receita cambial com os embarques dos cafés diferenciados ficou em US$ 2,535 bilhões, o que corresponde a 20,3% do obtido com os embarques totais de café de janeiro a dezembro do ano passado. No comparativo anual, o valor é 59,9% maior do que o registrado em 2023.
Os Estados Unidos se mantiveram como o principal parceiro comercial dos cafés do Brasil no ano passado, com a importação de 8,131 milhões de sacas de janeiro a dezembro, o que equivale a 16,1% de todas as exportações e implica um crescimento de 34% na comparação com 2023. A Alemanha, com 15% de representatividade, adquiriu 7,590 milhões de sacas (+51,3%) e ocupou o segundo lugar no ranking.
O Porto de Santos permaneceu como o principal exportador dos cafés do Brasil em 2024, com 34,277 milhões de sacas e representatividade de 68% no total.
Gargalos
Apesar dos recordes alcançados, o presidente do Cecafé destacou que os exportadores associados vêm enfrentando uma série de entraves logísticos, principalmente nos portos, devido a contínuos atrasos e alterações de escala de navios para embarcar o produto, além de sucessivas rolagens de cargas.
Um levantamento iniciado pela entidade em junho, contando com dados de 27 empresas associadas, que representam 75% das exportações totais de café, revela que elas acumularam um prejuízo de R$ 42,332 milhões até o final de novembro do ano passado (Globo Rural, 15/1/25)