11/05/2018

Exportação de café deve cair até 10% em 2017/18

Exportação de café deve cair até 10% em 2017/18

O presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), Nelson Carvalhaes, disse ontem que as exportações brasileiras de café deverão somar entre 30 milhões e 31 milhões de sacas nesta safra 2017/18 (julho do ano passado a junho próximo, abaixo dos 33,1 milhões de sacas do ciclo 2016/17. A queda reflete a bienalidade negativa da temporada atual.

Ontem, o CeCafé informou que em abril os embarques somaram 2,238 milhões de sacas, volume praticamente estável em relação a igual mês do ano passado. Os dados consideram café verde e industrializado. Em relação a março deste ano, porém, houve queda de 15,5%. Entre julho de 2017 e abril de 2018, as exportações brasileiras de café somaram 25,921 milhões de sacas, queda de 8,4% sobre igual período do ano-safra 2016/17.

No intervalo do Seminário Internacional do Café de Santos, que acontece no Guarujá, Carvalhaes disse que a partir de julho, os embarques do Brasil deverão começar a se recuperar com a entrada da colheita da temporada 2018/19 no mercado.

E a expectativa do CeCafé é que as exportações se recuperem na temporada que começa em julho, uma vez que a colheita brasileira de café também deverá ser maior no novo ciclo. A projeção da entidade é que as exportações fiquem entre 35 milhões e 36 milhões de sacas.

Na avaliação de Carvalhaes, a safra 2018/19 no Brasil será "boa", mas "não existe supersafra". Nesse ambiente, disse, o volume deverá ser suficiente para atender as exportações e a demanda doméstica de cerca de 21 milhões de sacas no período. De acordo com a última estimativa da Conab, a produção total brasileira do grão deve ficar entre 54,4 milhões e 58,5 milhões de sacas.

Para o dirigente do CeCafé, o câmbio também deve "colaborar para a melhora dos embarques" nos próximos meses. Em sua avaliação, um dólar a R$ 3,50 é "satisfatório para a exportação".

De fato, a valorização da moeda americana já tem ajudado a acelerar a comercialização futura de café. Segundo Lúcio Araújo Dias, superintendente comercial da cooperativa mineira Cooxupé, a alta do dólar e a recente valorização do café na bolsa de Nova York (entre o fim de abril e o início deste mês) estimularam as vendas futuras do grão da safra 2018/19.

Em entrevista nos corredores do seminário no Guarujá, ele afirmou que nos últimos dez dias os cafeicultores venderam cerca de 10% da safra de arábica prevista. Com isso, a estimativa de Dias é que a comercialização até agora esteja em 25% da safra. Os negócios dos últimos dez dias, para entrega em julho, foram fechados por R$ 450 a R$ 460 por saca, de acordo com ele.

Dias preferiu não fazer previsões sobre o comportamento dos preços futuros do café. Mas afirmou que o produto está sendo bastante influenciado pelo mercado financeiro. Assim, o mercado de café "depende do que vai acontecer com os juros nos EUA", afirmou. Existe, portanto, a possibilidade, segundo ele, de os fundos comprarem futuros de commodities para se proteger da inflação. Por outro lado, observou, também há no mercado estimativas de uma supersafra no Brasil, o que é um fator de baixa.

E para Vivek Verma, diretor geral da Olam Internacional, os preços do café deverão continuar sob pressão no mercado internacional, influenciados pela perspectiva de uma safra robusta no Brasil no ciclo 2018/19. "O cenário só muda se houver algum problema climático", disse após apresentação no seminário. A Olam, uma das maiores tradings de café do mundo, estima que a produção no Brasil na temporada 2018/19 deverá ficar em 60 milhões de sacas – 45 milhões de arábica e 15 milhões de conilon.

A colheita maior no país, que é o maior produtor mundial, deverá contribuir para um excedente global no ano-safra 2018/19, segundo a Olam. A previsão é de um superávit de 6,7 milhões de sacas (6,1 milhões de arábica e 600 mil sacas de robusta), considerando uma produção mundial de 164,4 milhões de sacas e consumo global de 157,8 milhões, conforme a estimativa da Olam.

Para o diretor geral da Organização Internacional do Café (OIC), José Sette, os preços no mercado internacional já "embutem" a perspectiva de uma safra maior no Brasil. Assim, "até que haja novidades", as cotações devem trabalhar numa "faixa estreita", afirmou o brasileiro (Assessoria de Comunicação, 10/5/180