Exportação sobe e alta da carne suína e de frango persiste em 2020
Produção de suínos cresce 4% no próximo ano e exportação aumenta 20%, segundo a ABPA
O ano de 2019 começou com muitas interrogativas no setor de carnes suína e de frango. Acaba, no entanto, como um período de intenso avanço.
Há três anos o mercado de carne vinha sofrendo com as intervenções da Polícia Federal, questionamentos sobre a qualidade do produto de algumas empresas, paralisações na produção devido à greve dos caminhoneiros e queda de renda dos consumidores.
Tudo isso refletiu não apenas internamente, mas também no mercado externo, com a interrupção de compra do produto brasileiro por vários países. “Neste ano, apareceu a China, comprou muito e pagou bem”, disse Francisco Turra (Foto), presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).
O resultado foi que as exportações de carne de frango devem atingir 4,2 milhões de toneladas, 2,4% mais do que em 2018. Já as vendas externas de carne suína sobem para 740 mil toneladas, 14,5% mais.
A entrada da China no mercado mundial de carnes ocorreu devido à redução de produção no país asiático, provocada pela peste suína africana.
Para 2020, os números brasileiros continuam sendo animadores para o setor. Na avaliação de Turra, o Brasil deverá atingir recorde de 4,5 milhões de toneladas de frango e de 900 mil de carne suína nas exportações.
Com isso, as carnes suína e de frango vão ficar mais caras para os consumidores brasileiros, o que também deverá ocorrer com a bovina.
Essa aceleração das exportações é saudável porque fortalece o mercado interno, tanto na produção como na qualidade, segundo Turra.
Apesar do aumento das exportações, Ricardo Santin, que deverá assumir a presidência da ABPA no próximo ano, diz que não faltará produto para o mercado interno.
A presença forte da China e de Hong Kong no mercado brasileiro acendeu a luz amarela em outros países que tinham reduzido as compras no Brasil, como Rússia, Emirados Árabes, Coreia do Sul e Japão. Eles elevaram as importações.
China e Hong Kong ficaram com 54,4% da carne suína e 18,2% da de frango exportada pelo Brasil no período de janeiro a novembro deste ano.
Turra entende que o mercado de proteínas será muito bom nos próximos anos. Com isso, os produtores terão boas perspectivas para investir.
Em 2020, contudo, o setor vai encontrar os mesmos problemas deste ano: alta do milho e provável volatilidade do dólar.
O Brasil já expandiu muito sua participação no mercado externo de carnes, mas ainda busca alguns países importantes. Um deles é a Índia.
Apesar dessa ampliação da presença brasileira no exterior, o setor acredita que é importante crescer em competitividade, já que o mercado mundial está ficando cada vez mais competitivo, segundo Turra.
Após uma consolidação nas carnes, a indústria quer também um avanço das exportações de ovos. O mercado interno vai bem, com o consumo anual chegando a 230 unidades por pessoa. Em 2020, deverá somar 240, acima da média mundial.
As exportações, porém, ainda são restritas. Neste ano, o Brasil venderá apenas 8 mil toneladas. O leque de países importadores, porém, está aumentando, o que eleva a possibilidade de exportação.
CARNES
A produção de carnes bovina, suína e de frango atingiu 6,7 milhões de toneladas no terceiro trimestre deste ano, 2,5% acima do volume de igual período do ano passado, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
CRESCE MAIS
A produção de carne bovina, ao somar 2,2 milhões de toneladas, cresceu 4% em relação a igual trimestre de 2018. Já de suínos subiu para 1,1 milhão, com alta de 1%, e a de frango foi a 3,45 milhões, com aumento de 2%.
OVOS
A produção atingiu o recorde de 965 milhões de dúzias, com evolução de 4% em relação ao terceiro trimestre de 2018. No mesmo período, a captação de leite foi de 6,3 bilhões de litros, 1% mais.
NOVO RECORDE
A exportação de café solúvel deve ultrapassar 4 milhões de sacas, segundo a Abics (Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel).
RAÇÃO
A boa evolução da pecuária puxou também a produção de ração. Até setembro, o crescimento do setor foi de 3%. Essa taxa deverá ser ainda maior no último trimestre, devido ao bom desempenho das exportações de carnes (Folha de S.Paulo, 13/12/19)