13/03/2020

Exportadores queixam-se de taxas extra em transporte à China

Exportadores queixam-se de taxas extra em transporte à China

Empresas brasileiras exportadoras de carne suína e de frango queixam-se de que armadores passaram a cobrar uma taxa extra nos embarques de contêineres refrigerados para a China em decorrência do congestionamento nos portos do país, reflexo dos transtornos logísticos causados pela epidemia de coronavírus. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Proteínas Animais (ABPA), Francisco Turra, os armadores estão cobrando das indústrias exportadoras uma “Taxa de Congestionamento Portuário” nos transportes para a China e também uma “Taxa de Pico Sazonal” para todos os destinos, com exceção de portos nas Américas. “As empresas invocaram cláusulas da BL (Bill of Lading) para que o importador ou o exportador pague por custos extras nos portos de transbordo. Se não pagarem, a carga não vai ao destino”, disse ele ao Broadcast Agro.

O Bill of Lading ou Conhecimento de Embarque Marítimo é o mais importante documento da navegação. Ele é emitido pelo armador e contém informações sobre os bens a serem transportados e especifica os termos do transporte. Turra afirmou que os associados da entidade vão se reunir nos próximos dias para avaliar como reagir às novas taxas. “Isso afeta a competitividade na exportação; são custos adicionais que impactam nessa hora”, disse o dirigente.

Em estudo divulgado ontem, o banco holandês Rabobank informou que companhias de navegação estão cobrando uma taxa de congestionamento para transporte de contêineres refrigerados para a China, com valores que variam de US$ 1.000 a US$ 1.200 por contêiner refrigerado para uso dos plugues frigoríficos nos portos. De acordo com o relatório, os portos mais congestionados são Xangai, Xingang, Ningbo e Tianjin.

Francisco Turra observou que o governo chinês decidiu priorizar a chegada de alimentos nos portos do país. Segundo ele, normalmente as taxas que passaram a ser cobradas pelos armadores não são aplicadas.

Procurada, a Associação da Indústria de Carne Bovina (Abiec) informou não ter recebido até esta quarta-feira nenhuma comunicação sobre tais taxas por parte de seus associados (Broadcast, 12/3/20)