28/09/2023

Extrativismo vegetal fica estável, mas operação em grandes empresas cresce

Extrativismo vegetal fica estável, mas operação em grandes empresas cresce

Extrativista de açaí em Afuá, Marajó. Foto- Blog BBC News Brasil - ©Andreza Andrade- Bem Diverso

 

Valor da produção florestal cresce 12% em 2022 e vai ao recorde de R$ 34 bilhões.

Enquanto a silvicultura, atividade mantida por grandes empresas, mantém expansão acelerada no país, o extrativismo vegetal, mais de cunho social, perdeu força em 2022. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) apontou, nesta quarta-feira (27), que o valor da extração vegetal foi de R$ 6,2 bilhões no ano passado, com evolução de 0,2% sobre o período anterior.

Já a silvicultura somou R$ 27,4 bilhões, 14,9% a mais do que em 2021. Na soma dos dois setores, a produção florestal brasileira atingiu o recorde de R$ 33,7 bilhões.

No setor de extração vegetal, o segmento de alimentos é um dos poucos a manter evolução produtiva nos últimos anos. Em 2010, a produção somava 417 mil toneladas, volume que vem subindo e atingiu 833 mil no ano passado. O açaí, que dobrou de produção nesse período, é o principal fator de crescimento. Neste mesmo período, a produção de castanha-do-pará recuou 5%.

O segmento de aromas, produtos medicinais e corantes, embora pouco representativo no universo da extração vegetal, também vem obtendo crescimento ano a ano. Desde 2010, a evolução produtiva foi de 135%.

Outros grupos, como ceras, fibras e oleaginosas, perdem ritmo na atividade extrativa. O setor de fibra, que tem como base forte o Nordeste, terminou 2022 com apenas 8.600 toneladas na produção, um volume bem distante das 66 mil toneladas de 2010. O valor atual da produção representa apenas 20% do daquele ano.

Do valor total de R$ 6,2 bilhões do extrativismo vegetal, R$ 3,93 bilhões vieram da extração de árvores em florestas nativas por madeireiros, uma redução de 0,8% no ano. Na avaliação do IBGE, essa queda ocorre depois de uma forte aceleração de 38% em 2021.

O instituto acredita que a exploração extrativista de madeira vem perdendo espaço, sendo, aos poucos, substituída pela madeira de florestas cultivadas. No ano passado, Mato Grosso e Pará responderam por 71,4% da quantidade total de madeira em tora.

Sem os produtos madeireiros, o açaí, com R$ 830,1 milhões, e a erva-mate, com R$ 648,5 milhões, são os itens que mais geram valor de produção no setor extrativo.

A área de floresta plantada no Brasil vem se mantendo em 9,5 milhões de hectares nos últimos três anos, com o espaço dedicado ao eucalipto somando 7,3 milhões.

O valor da produção de madeiras em tora para a produção de papel e celulose é de R$ 9,1 bilhões, segundo o IBGE. A seguir vem a madeira para outras finalidades, cujo valor é de R$ 6,7 bilhões. A produção de carvão representa R$ 7 bilhões, e a de lenha, R$ 3,5 bilhões.

Segundo o IBGE, o extrativismo vegetal é o processo de exploração dos recursos vegetais nativos por meio da coleta ou apanha de produtos, como madeiras, látex, sementes, fibras, frutos e raízes, entre outros, de forma racional, permitindo a obtenção de produções sustentadas ao longo do tempo.

A silvicultura se ocupa do estabelecimento, do desenvolvimento e da reprodução de florestas, visando múltiplas aplicações, como a produção de madeira, de carvão e de resinas e a proteção ambiental, entre outras finalidades, segundo o órgão (Folha, 28/9/23)