Faesp/Senar: Eleições “sub judice” hoje correm o risco de serem anuladas
Alegando a concessão de efeito suspensivo ao Recurso Ordinário interposto no processo que denunciava fraudes processuais nas eleições marcadas para esta 2ª feira (4) na Faesp/Senar e que culminaram com a decisão favorável ao pleito impetrado pela chapa de oposição, através da sentença da Juíza Dra. Márcia Sayori, da 23ª Vara do Trabalho de São Paulo, o presidente da entidade, comendador Fábio Meirelles, promete realizar as eleições hoje.
Fábio Meirelles, que depois de meio século no comando da Faesp/Senar indicou seu filho Tirso para sucedê-lo, através de circular expedida na última 6ª feira informa ter cancelado o edital que previa as eleições no próximo dia 18 de dezembro. Os advogados que assessoram a chapa de oposição estão empenhados para que o processo eleitoral tenha isonomia entre as chapas que concorrem bem como se mantenham sob o estrito cumprimento da legislação em vigor.
Eles alegam também que a mudança da data da eleição fere a lógica da preclusão que se manifesta quando um ato não mais pode ser praticado, pelo fato de se ter praticado outro ato que, pela lei, é definido como incompatível com o já realizado, ou que esta circunstância deflua inequivocamente do sistema. E prometem recorrer de toda e qualquer chicana jurídica. Chicana, dentro do processo judicial, é um termo que se refere a ações que têm como objetivo obstaculizar, dificultar, trapacear.
Faesp/Senar informa a realização das eleições nesta 2ª feira
Através de circular expedida na última 6ª feira (1) (transcrita abaixo), o comendador Fábio Meirelles confirma a realização das eleições para esta 2ª feira, através de “assinatura é eletrônica” (sic):
Circular nº 71/2023 São Paulo, 01 de dezembro de 2023.
Prezado Sr. Presidente,
Na noite de ontem, o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª. Região, CONCEDEU EFEITO SUSPENSIVO AO RECURSO ORDINÁRIO da FAESP, INTERPOSTO NO PROCESSO Nº. 1001561-88.2023.5.02.0023, onde se discute o legitimo processo eleitoral em curso na Federação.
Em decorrência da citada decisão resta cancelado o edital publicado no dia 30 de novembro de 2023, para a convocação de eleições sindicais para o dia 18 de dezembro de 2023, como se nunca tivesse sido escrito e publicado.
Desta forma, uma vez restabelecido o processo eleitoral iniciado em 04/10/2023, as ELEIÇÕES PROGRAMADAS PARA O PRÓXIMO DIA 04 DE DEZEMBRO FICAM MANTIDAS, de modo que contamos com a presença do delegado representante desse sindicato para participação no pleito. Sendo o que nos reservava no momento, subscrevemo-nos”
Líderes rurais exigem mudanças e isonomia
Hotel Gran Corona - São Paulo - Imagem do Site- Divulgação
Legenda: Fachada do Hotel Gran Corona, 4 estrelas e diárias que variam entre R$ 300,00 a R$ 650,00 e que foi disponibilizado pela Faesp/Senar aos eleitores da chapa de Tirso Meirelles
A mudança repentina da data da eleição fez com que a Faesp/Senar, e a comissão eleitoral composta pelos seus colaboradores, chamassem à São Paulo os presidentes de Sindicatos Rurais alinhados com a candidatura do filho do comendador Fábio Meirelles. Para tanto, reservou e deve pagar as diárias, despesas, alimentação, destes dirigentes que se alinharam, pregam e defendem a manutenção do nepotismo e irregularidades denunciadas pela imprensa, no Hotel Gran Corona localizado à rua Basílio da Gama, 101, centro de São Paulo.
“Nosso hotel não dispõe mais de nenhum apartamento deste domingo à segunda-feira. Todos os nossos quartos estão reservados para a Faesp/Senar”, informava ontem ao meio-dia o recepcionista do hotel que se identificou, através do telefone (11) 3155 0053, como “Roberto”. Ao ser questionado se havia reserva para algum presidente de sindicato que apoia a chapa da oposição, ele foi claro: “Não, a Faesp/Senar só fez reservas para os dirigentes sindicais da situação”.
Paulo Junqueira, advogado, empresário do agronegócio e presidente do Sindicato e da Associação Rural de Ribeirão Preto afirma que “não se trata de um simples pleito eleitoral e sim da tentativa, através de sucessivas irregularidades de manter um abissal processo de apego ao poder e manutenção de privilégios a um restrito grupo e, mais, aos R$ 60 milhões que a entidade terá para investir em 2024”
Ele também disse lamentar que o pleito que poderia por fim a meio século de comando do “clã Meirelles” na Faesp/Senar não esteja à altura da importância do agronegócio paulista. “Esperávamos um pleito propositivo e limpo no qual situação e oposição pudessem, respeitosamente, discutir ideias e programas de gestão para aprimorar a imagem da instituição que tem sido alvo de reiteradas denúncias, inclusive de nepotismo, de mau uso dos recursos da entidade e de abusos como a distribuição de 500 mil kits contra a Covid-19 que ninguém sabe onde foram parar, já que em Ribeirão Preto não chegou nenhuma deles”.
Legenda: Comendador Fábio Meirelles, há meio século no comando da Faesp e seu candidato a sucedê-lo, o filho Tirso. A oposição critica a falta de isonomia no processo eleitoral e a defesa, a qualquer preço, das vantagens e regalias à família e a seus apaniguados
Paulo Junqueira disse ainda lamentar a oportunidade que os produtores rurais paulistas podem desperdiçar mantendo o “clã Meirelles” no comando da Faesp/Senar. “Chamo a atenção dos meus companheiros dirigentes sindicais sobre a responsabilidade do voto consciente. Eles não podem assumir o papel de cúmplices de um sistema equivocado e em desacordo com os mais elementares valores morais. Correm o risco de num futuro próximo serem cobrados por isto”.
Ele lembra também que “somos, na imensa maioria, uma classe que se dedica a manter os mesmos princípios de nossos pais e avós. Homens de princípios virtuosos, que respeitam a família, crentes em Deus. Não podemos ser irresponsáveis e colocar na principal entidade de nossa classe pessoas que não carreguem as nossas bandeiras e virtudes. Pessoas que nos envergonharão quando amanhã nossos filhos, netos e bisnetos nos culparem e nos acusarem pela escolha que fizemos”.
Estes argumentos alavancam as sucessivas e reiteradas denúncias que a grande mídia nacional imputa ao “clã Meirelles”. Haja vista veículos tradicionais como a Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo, Revista Veja, Revista Oeste e BrasilAgro, dentre outros, que colocam os movimentos do comendador Fábio Meirelles e do seu Filho Tirso em suas editorias de polícia.
“Estariam eles todos errados e só os Meirelles certos? Como podem pensar em se manter no comando da Faesp/Senar? Temos que nos insurgir contra esta gente e seus princípios que envergonham os verdadeiros e autênticos produtores rurais paulistas”, afirma um dirigente sindical rural.
Legenda: Governador Tarcísio de Freitas se esquiva de Tirso Meirelles em recente evento no Palácio dos Bandeirantes. Foto Site Faesp/Senar
Respeitável líder rural do interior do Estado de São Paulo, que apoia a chapa de oposição afirma que “Fábio Meirelles depois de meio século no comando da Faesp/Senar, não encontrou nenhum produtor rural paulista em que pudesse confiar, por isto indicou seu filho Tirso para sucedê-lo. Este moço só tem uma qualificação, é filho de quem é, pois não passa de um oportunista e aventureiro que só sobrevive porque o pai o empregou e o mantém na entidade. Uma simples busca no Google desnuda a imagem de produtor rural que o pai quer lhe impor. Como também menciona a condenação de Tirso Meirelles a 2 anos e 11 meses por triplo homicídio culposo em 2016, em acidente quando ele voltava de uma festa e os exames identificaram vestígio de álcool ou drogas em seu sangue”.
Outro dirigente de sindicato rural disse não estranhar a indicação de Tirso Meirelles para suceder o pai na presidência da Faesp/Senar: “Depois que Lula foi “descondenado” e voltou à presidência da República, depois que o ditador sanguinário Maduro da Venezuela foi recebido como “herói e Chefe de Estado” em Brasília, depois dos abusos de ministros do Supremo Tribunal Federal, depois que o Comando Vermelho chegou ao Ministério da Justiça, depois que Lula ajudou a financiar a campanha derrotada de Massa na Argentina, depois que o vídeo do suposta agressão ao ministro Alexandre de Moraes no Aeroporto de Roma até o momento não foi divulgada e, ainda, depois da indicação de Flávio Dino para o STF, no mesmo contexto de vergonhosas contradições, seria lamentável ver Tirso Meirelles na presidência da Faesp/Senar”.
Ele também menciona a semelhança na estratégia jurídica adotada pela esquerda, com o que ocorre na Faesp/Senar. “Temos informações sobre os altos e abusivos valores dos serviços prestados por advogados orientados para manterem, “custe o que custar”, o “status quo” da família do comendador Fábio Meirelles pelos próximos anos no comando da entidade”. “Esta gente não sabe o que é honra, ética, respeito, valores que nós produtores rurais prezamos. Eles só se preocupam com as vantagens que o orçamento anual de R$ 60 milhões possa trazer “para nóis” e “para nossos parças”.