Fazenda defende venda direta de etanol do produtor para os postos
A venda de etanol hidratado – álcool combustível – direta do produtor para os postos de combustível ajudaria a baratear os combustíveis e a aumentar a concorrência com a gasolina nos veículos de motor flex(que funcionam com os dois tipos de combustível). A conclusão consta de relatório divulgado nesta sexta-feira (14) pelo Ministério da Fazenda, que defendeu mudanças nas normas da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e na legislação tributária para aumentar a liberdade no mercado de combustíveis.
Divulgado pela Secretaria de Acompanhamento Fiscal, Energia e Loteria (Sefel), o documento ressalta que o mercado de distribuição de etanol, para quem os produtores são obrigados a vender o combustível, é concentrado. Segundo o relatório, três grandes empresas controlam 55% da distribuição de álcool hidratado no país. O texto não sugere mudanças na comercialização do álcool anidro, misturado à gasolina, que continuaria a ser realizada pelas distribuidoras.
Para evitar perdas de arrecadação e a eliminação completa dos atravessadores, a Fazenda recomendou que, em um modelo de venda direta para os postos, a cobrança de Programa de Integração Social (PIS) e de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) ocorra inteiramente na produção. A mudança, no entanto, exigiria alterações na legislação e precisaria ser aprovada pelo Congresso.
Atualmente, os tributos incidem em cada etapa da comercialização, e a eliminação da cobrança na distribuição quebraria a cadeia de arrecadação, onerando as distribuidoras e desonerando os produtores. “Ressalte-se que aqui não se está a defender o fim da venda do produtor ao distribuidor, mas sim o fim da sua obrigatoriedade, conferindo ao produtor o direito a realizar a venda direta aos postos revendedores”, explicou o texto.
O relatório sugeriu ainda a eliminação da exclusividade que obriga os postos de determinada bandeira a vender combustível apenas do distribuidor da mesma marca. Atualmente, somente postos do tipo “bandeira branca”, não filiados a nenhuma marca conhecida, podem comprar combustível do fornecedor que oferece o melhor preço e a melhor qualidade.
Segundo o Ministério da Fazenda, os contratos de exclusividade prejudicariam a venda direta de etanol do produtor, limitando-as apenas aos postos de “bandeira branca”. Para a pasta, a liberação da venda direta, com incidência total de PIS/Cofins na produção, geraria novos arranjos comerciais e aumentaria a concorrência e a eficiência do mercado.
Os debates em torno da venda direta de combustível dos produtores para os postos ganharam força depois da greve dos caminhoneiros, que durou 11 dias em maio deste ano. Na ocasião, o governo começou a buscar opções para baratear os preços na bomba. Ontem (13), um grupo de trabalho da ANP concluiu não haver impedimento regulatório para a venda direta de etano (Agência Brasil, 14/12/18)
Etanol: ANP aceita venda direta, mas quer briga – Por Cláudio Humberto
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) avalizou sentença do seu Grupo Técnico reconhecendo o direito das usinas de venderem etanol direto aos postos. Mas a ANP deu outra na ferradura, para alegrar o lobby das distribuidoras, que atuam como atravessadoras: negou-se a abrir mão das manobras que há três meses impedem o cumprimento da sentença da Justiça Federal da 5ª Região que autoriza a venda direta.
Cartório cartelizado
Resolução da ANP, de 2009, obriga produtores de etanol, gasolina e diesel a entregarem seus produtos para as distribuidoras.
Os vilões do mercado
Sob os auspícios da ANP, distribuidores são os que mais ganham no setor de combustíveis: atravessadores, impõem o preço que querem.
Fazendo vergonha
O Grupo de Trabalho da ANP, que reconhece o direito de venda direta, apenas recomendou a revisão da respectiva questão tributária (Jornal de Uberaba, 16/12/18)
Federação diz estar preocupada com decisão da ANP sobre venda direta
A Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), que representa o setor da revenda no país, manifestou em nota nesta sexta-feira sua preocupação em relação à decisão da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) de recomendar a autorização da venda direta de etanol das usinas para os postos de combustíveis.