Frango: Análise Conjuntural Cepea/Esalq/USP Retrospectiva 2023
GRANJA AVES (Imagem Arquivo Agência Brasil).jpg
Os preços da carne de frango caíram com força no mercado doméstico em 2023, refletindo a produção recorde da proteína. Nem mesmo as maiores exportações, que atingiram nova marca histórica pelo terceiro ano consecutivo, impediram os recuos nas cotações internas.
A competitividade da carne de frango frente à de boi também diminuiu em 2023, em meio ao maior abate de bovinos e ao consequente aumento na disponibilidade interna dessa proteína. Assim, as maiores quedas nos preços do frango ocorreram em julho. Naquele período, o frango inteiro resfriado negociado no atacado da Grande São Paulo teve média de R$ 5,64/kg, o menor valor desde junho/20, em termos reais (deflacionado pelo IPCA de novembro/23). De janeiro a dezembro, na mesma região, o produto foi cotado na média de R$ 6,69/kg, expressiva queda de 13% frente ao mesmo período do ano anterior.
Para o frango vivo, os valores de junho foram os menores desde maio/20, com o quilo sendo negociado no atacado do estado de São Paulo a R$ 4,49, em valores reais (desta vez, deflacionado pelo IGPD-I de novembro/23). Na comparação anual de janeiro a dezembro, houve retração de 11%, com a média a R$ 4,85/kg em 2023.
Por outro lado, as exportações de carne de frango bateram novo recorde em 2023, impulsionadas por fatores relacionados ao conflito no Leste Europeu e aos surtos de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (H5N1) ao redor do mundo. No Brasil, os primeiros casos de H5N1 foram detectados em maio de 2023, em aves silvestres – devido aos esforços e sinergia tanto da iniciativa privada como de órgãos públicos, nenhum plantel comercial foi atingido até o momento.
Ainda assim, houve consequências e prejuízos significativos para o setor, mesmo o Brasil sendo considerado livre da doença, segundo critérios da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), que só altera o status sanitário quando os casos são detectados em granjas comerciais.
Todo esse contexto econômico-sanitário global fez com que muitos demandantes externos se voltassem ao Brasil, favorecendo, inclusive, a estratégia do setor avícola nacional de diversificar cada vez mais os destinos da carne (Assessoria de Comunicação, 8/1/24)