10/01/2019

Frango: Preço de insumo e queda na exportação prejudicam setor em 2018

Frango: Preço de insumo e queda na exportação prejudicam setor em 2018

2018 foi mais um ano desafiador ao setor avícola. De acordo com pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, o período foi marcado por elevação nos preços de importantes insumos, como milho e farelo de soja, e por restrições à carne de frango brasileira no mercado internacional. Esse cenário resultou em quedas nos preços da proteína no mercado doméstico, especialmente no primeiro semestre. Na segunda metade do ano, observou-se certa recuperação nos valores da carne, diante da diminuição na produção. 

 

A forte alta nos preços do milho e do farelo de soja de 2017 para 2018 reduziu em 14,4% o poder de compra do avicultor paulista frente ao cereal nesse período e em 16,7% em relação ao derivado. O avicultor seria ainda mais desfavorecido caso o frango vivo, negociado na Grande São Paulo, não tivesse registrado alta real de 3,9% entre 2017 e 2018 (valores deflacionados pelo IPCA de novembro/18).


 
No entanto, o movimento altista restringiu-se ao animal vivo. Ainda na região paulista, de 2017 para 2018, em termos reais, o frango congelado se desvalorizou 1,8% e o resfriado, 4,3%. Esse resultado se deve às sucessivas quedas nos preços da proteína entre janeiro a abril. Este último mês, inclusive, foi um dos mais críticos para a cadeia, tendo em vista que o frango congelado registrou a menor média mensal de toda a série do Cepea, iniciada em janeiro de 2004. Para o frango resfriado, a média de abril/18 foi a menor em 12 anos, em termos reais. 

 

Um dos fatores que levou a essa forte retração dos preços em abril foi a decisão da União Europeia de descredenciar algumas plantas frigoríficas brasileiras que estavam habilitadas a exportar carne de frango ao bloco econômico, já que o mercado doméstico não conseguiu absorver a maior disponibilidade da proteína. Posteriormente, visando reverter esse cenário, a indústria começou a reduzir a oferta da carne, e os preços esboçaram reação já em maio. Segundo o IBGE, de janeiro a setembro de 2018, foram abatidas 4,3 bilhões de cabeças de frango, quantidade 3% inferior à do mesmo período de 2017.

 

Ainda em maio, a paralisação dos caminhoneiros trouxe apreensão ao setor e as negociações de frango ficaram travadas no período. Com o fim do protesto, a retomada das atividades dos frigoríficos e as compras para abastecer as redes atacadistas foram intensas, refletindo de forma expressiva nas cotações da carne. No atacado da região paulista, em junho, os preços do frango congelado e do resfriado avançaram 26% em relação àqueles verificados em maio. Já em julho, os preços cederam, representando um maior ajuste entre a oferta e a demanda. 

 

Nos meses subsequentes, as cotações se sustentaram em patamares mais altos do que os observados ao longo do primeiro semestre, sendo isso resultante da menor oferta da proteína e do ritmo mais intenso das exportações a partir do meio do ano. 

 

No primeiro semestre, o volume exportado de carne foi 13% menor quando comparado ao mesmo período de 2017, com média mensal de embarques de 300,1 mil toneladas. Já no segundo semestre, a média mensal de embarques passou a ser de 325,03 mil t. De janeiro a dezembro, as exportações caíram 6,5% em relação às do mesmo período de 2017, de acordo com dados da Secex.

 

O desempenho das exportações em 2018 foi prejudicado também pelas mudanças nos critérios quanto ao abate halal. A Arábia Saudita, um dos principais importadores da carne de frango brasileira, reduziu em 17,5% suas compras até dezembro. Outros importantes players, como Japão, África do Sul, União Europeia e Hong Kong, também diminuíram o volume importado. 

 

Por outro lado, a China, um grande destino da carne nacional, aumentou em 11,9% as importações em 2018, sinalizando que a sobretaxa imposta pelo governo chinês em junho à carne de frango brasileira não trouxe grandes restrições ao comércio. Apesar das compras mais tímidas dos principais parceiros comerciais, o Brasil conseguiu escoar um volume maior para outros países, como, por exemplo, Coreia do Sul, Chile e México (Assessoria de Comunicação, 9/1/19)