Fundos testam ‘up’ no açúcar ante subsídio indiano menor
Legenda: Mesmo menores, subsídios ao açúcar na Índia dão desvantagens aos preços (Imagem: REUTERS/Rajendra Jadhav)
Ao anúncio de subsídios mais magros que o governo da Índia dará aos produtores de açúcar, feito nesta quarta (16), os fundos tentaram dar um ‘up’ nas posições negociadas de Nova York.
Como as especulações internacionais iam de 8 a 12 mil rúpias por tonelada, baseadas no apetite do setor privado indiano por ajuda maior – e sempre ganhando – as 5,8 mil rúpias divulgadas serviram de motor para o pregão na ICE Futures. Os investidores especulam com oferta menor do que seria com subsídios mais altos.
Mas não deve alterar muito o quadro de um período superavitário a frente. Mesmo com auxílio menor, ainda segue sendo auxílio para escoar 6 milhões de toneladas e aliviar os estoques.
“Tende a ficar (as cotações) do jeito que está e voltar a cair”, reafirma Maurício Muruci, da Safras & Mercado, que na edição de ontem de Money Times apontou os fundamentos de baixa, que só seriam ampliados pelos subsídios.
Os contratos mais negociados ficaram comprados em altas de 28 pontos/1,76% (março) e 22 pontos/1,72% (maio), respectivamente em 14.49 centavos por libra-peso e 13.85 c/lp. .
No total, foram 35 bilhões de rúpias, pouco mais de US$ 475 milhões, ante um previsão de produção total da 33 milhões de toneladas.
O país, em dois meses de safra, já produziu 107% a mais da commodity que no mesmo período de 2019.
Junto com a produção tailandesa (terceiro maior produtor e exportador), que não vai ser menor como se especulava, e um novo ano com expectativas ainda inseguras quanto ao ganho do etanol no Brasil – portanto, com chances de a produção de açúcar continuar bem mais elevada -, praticamente se garante superávit global do adoçante.
Há uma corrente no mercado que enxerga produção menor de cana no Brasil na safra 21/22, devido à seca recente, queda que corresponderia também a uma oferta menor de açúcar.
Mas tanto quanto o menor volume de cana ainda está cercado de interrogação, não necessariamente se reduz o mix proporcionalmente.
Se o dólar compensar como ocorreu este ano, pode-se sacrificar o etanol, por exemplo (Money Times, 16/12/20)
Índia aprova subsídio de US$ 475 mi para exportações de açúcar
A Índia, segunda maior produtora de açúcar do mundo, aprovou incentivos para ajudar usinas domésticas a venderem um volume recorde no exterior pelo segundo ano, o que aumentaria a oferta global e poderia pressionar os preços.
O governo autorizou gastos de cerca de 35 bilhões de rupias (US$ 475 milhões) para ajudar exportações de até 6 milhões de toneladas no ano iniciado em 1º de outubro, disse Prakash Javadekar, ministro da Informação, após reunião de gabinete na quarta-feira.
O aumento dos embarques ocorre quando a produção na Tailândia, maior exportadora depois do Brasil, deve cair para o menor nível em uma década devido ao clima seco.
Mesmo que haja uma ligeira queda dos preços globais em relação aos níveis atuais, as exportações de açúcar da Índia serão viáveis com o subsídio, disse em comunicado Abinash Verma, diretor-geral da Associação Indiana de Usinas de Açúcar.
Vários grandes países importadores já fazem cotações para o açúcar indiano, e a queda na produção tailandesa cria a oportunidade para a Índia exportar para mercados tradicionais, como Indonésia e Malásia, disse.
Os incentivos para as usinas visam cobrir despesas de marketing, incluindo manuseio, modernização e custos de processamento e despesas de transporte local e internacional, disse o governo em comunicado (Bloomberg, 16/12/20)