26/07/2021

Geadas prejudicam produção de cana na região de Ribeirão Preto

Geadas prejudicam produção de cana na região de Ribeirão Preto

GEADA CANAVIAL Foto internet

 Agricultores preveem diminuição na qualidade da matéria-prima, além da perda de peso e sacarose nas usinas. Gelo também afetou mudas nativas, segundo gestor ambiental.

A segunda onda de frio do inverno, que deixou os termômetros próximos de 0ºC, causou prejuízos para produtores de cana-de-açúcar na região de Ribeirão Preto (SP). Por conta dos danos, a produção pode ser menor na próxima colheita, segundo agricultores.

Em Jardinópolis (SP), o tempo frio e seco, junto à geada que atingiu a região na última semana, causou perda de cerca de 20% em um canavial. O produtor Gustavo Guimarães Lamonato afirma que o dano foi generalizado.

"Normalmente a gente vê isso em pontos localizados, mas esse ano foi bem extenso. A qualidade da matéria-prima vai diminuir, as usinas vão ter perdas de sacarose, e a gente vai ter perda de peso também", prevê.

Danos irreparáveis

Para calcular os prejuízos do tempo aos canaviais, a Associação dos Plantadores de Cana do Oeste de São Paulo está mapeando as regiões mais afetadas. Em Sertãozinho (SP), por exemplo, a terra ficou coberta de gelo onde já houve colheita.

O agrônomo André Bosch Volpe explica que as baixas temperaturas congelam e matam a planta por dentro, afetando diretamente a gema apical, que é o ponto responsável pelo crescimento da cana-de-açúcar.

"A cana continuaria crescendo a partir desse ponto, então dependendo do dano que ocorre, da intensidade da geada e do dano que ocorre na gema apical, essa cana pode chegar a morrer. Ela começa a deteriorar de cima para baixo, da ponta para o pé", afirma.

Reflexos no preço

Colher antes da hora o que foi afetado é a solução para que as usinas possam usar o que restou, mas, agora, a planta possui menos valor energético, segundo Volpe. Com isso, o preço das produções de açúcar e etanol pode aumentar.

"O que deve afetar possivelmente, no futuro, valor de açúcar e etanol para mais, talvez para o fim da safra. A hora que entrar o fim da safra a gente vai conseguir quantificar, de fato, quanto isso afetou em quebra de produção, a gente com certeza vai começar a refletir em preço", diz.

Além da cana-de-açúcar, a geada também afetou a Área de Preservação Ambiental da plantação. O frio intenso foi responsável pela morte de mudas nativas, conforme explica o gestor ambiental Fábio Solera.

"Algumas mudas estavam se recuperando, a gente achou que a recuperação ia acontecer, e veio a segunda geada. A segunda geada danificou um pouco mais a brotação das mudas, então agora estamos aguardando para ver se vamos ter que fazer todo o replantio", ressalta (G1, 25/7/21)