23/04/2019

Governo anuncia compromisso de repassar custo do diesel para o frete

Governo anuncia compromisso de repassar custo do diesel para o frete

Legenda: Ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, anuncia "compromisso" com caminhoneiros

 

Pasta da Infraestrutura divulgou nota após ministro Tarcísio Freitas se reunir com representantes de entidades e caminhoneiros autônomos. Tabela foi instituída em 2018.

O Ministério da Infraestrutura divulgou uma nota nesta segunda-feira (22) na qual anunciou compromisso com os caminhoneiros de repassar o custo do diesel para a tabela de fretes.

A nota foi divulgada após o ministro Tarcísio Gomes de Freitas se reunir com integrantes da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) e de outras entidades, além de caminhoneiros autônomos.

"Após ouvir as reivindicações, foram firmados os seguintes compromissos: estudar a eliminação de multas desnecessárias aos caminhoneiros; transferência do custo do diesel para a tabela do frete; a fiscalização efetiva da referência de custo do piso mínimo do frete; a celebração de um termo de compromisso com as entidades representantes da categoria para tornar mais efetiva a fiscalização", informou a pasta.

A tabela de fretes foi criada no ano passado pelo governo Michel Temer, após a greve dos caminhoneiros que bloqueou estradas e comprometeu o abastecimento de combustível, de medicamentos e de alimentos em todo o Brasil. A criação era uma das reivindicações da categoria.

O mecanismo, no entanto, foi alvo de críticas até mesmo dentro do governo. Na ocasião, o então ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou que a tabela prejudica o agronegócio. A tabela também foi alvo de contestações da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) na Justiça.

Petrobras anuncia reajuste que deixa o litro do diesel nas refinarias R$ 0,10 mais caro

 

Reajuste do diesel

No último dia 11, a Petrobras anunciou reajuste de 5,74% no preço do óleo diesel. No mesmo dia, o presidente Jair Bolsonaro mandou a empresa suspender o reajuste até que ele tivesse uma reunião com o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, e com os ministros da equipe econômica.

A reunião aconteceu no dia 16. Após o encontro, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmaram que o valor do reajuste e o momento do anúncio cabem à Petrobras.

No dia 17, a empresa anunciou aumento de R$ 0,10 por litro no diesel.

'Agenda de trabalho'

Pouco antes de o ministério divulgar a nota, nesta segunda-feira, Tarcísio Freitas informou em uma rede social ter construído uma "agenda de trabalho" com os caminhoneiros para eliminar multas "injustas" e fiscalizar o cumprimento da tabela de fretes.

"Recebi hoje representantes dos caminhoneiros e Integrantes da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) para dialogar sobre as demandas da categoria. Estamos trabalhando em soluções efetivas. As portas estão sempre abertas e manter o diálogo é nossa prioridade", afirmou o ministro.

"Construímos em conjunto agenda de trabalho que envolve eliminação de multas injustas, transferência do custo do diesel para tabela de frete, fiscalização dessa referência de custo e termo de compromisso com entidades representantes para tornar a fiscalização mais efetiva", acrescentou.

Segundo Wanderlei Dedeco, um dos caminhoneiros autônomos que participaram da reunião, a categoria denunciará nos sindicados as empresas que não cumprirem a tabela e repassarão as denúncias ao Ministério da Infraestrutura e à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

O presidente da CNTA, Diumar Bueno, afirmou que o acordo do governo com a categoria prevê reajuste na tabela de frete a partir de "agora". "Esse é um dos compromissos do governo hoje, do ministro conosco, é fazer um reajuste no preço mínimo do frete para corrigir esses aumentos do diesel que tivemos", disse.

Íntegra

Leia a íntegra da nota do ministério:

Ministério da Infraestrutura constrói agenda de trabalho com caminhoneiros

Após 4 horas de reunião com integrantes da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) e cerca de 20 lideranças dos caminhoneiros, o Ministério da Infraestrutura firmou com a categoria uma agenda de trabalho a curto prazo. O objetivo é amortecer o efeito da variação do preço do diesel para a categoria e estabelecer o compromisso de manter aberto o diálogo com as lideranças.

Após ouvir as reivindicações, foram firmados os seguintes compromissos:

  • Estudar a eliminação de multas desnecessárias aos caminhoneiros;
  • Transferência do custo do diesel para a tabela do frete;
  • A fiscalização efetiva da referência de custo do piso mínimo do frete;
  • A celebração de um termo de compromisso com as entidades representantes da categoria para tornar mais efetiva a fiscalização.

De acordo com o ministro Tarcísio Gomes de Freitas, “a construção dessa agenda vai amortecer o efeito do diesel, vai fazer com que o dinheiro sobre na contratação de cada frete e vai fazer com que a referência de preço seja praticada”, disse. “Estamos com uma agenda sólida, que está sendo construída com base numa conversa e nos pleitos dos caminhoneiros”, finalizou Freitas (G1, 22/4/19)


Audiência de caminhoneiros com ministro tem choro, ameaça e reclamação

Legenda: Ministro recebe caminhoneiros para evitar nova paralisação

 Representantes pediram para que piso mínimo seja cumprido; caso contrário, muitos motoristas vão quebrar.

O encontro dos caminhoneiros com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, nesta segunda-feira, 22, em Brasília foi regado a reclamações, ameaças e até choro. Em vídeos a que o Estado teve acesso, os representantes cobraram do ministro a aplicação do piso mínimo do frete e uma solução para os constantes aumentos do diesel. Eles ouviram de Freitas que a variação do combustível não será mais problema quando os reajustes forem repassados de forma imediata para o piso, o que deve ocorrer em breve.

Na reunião, conturbada em alguns momentos, motoristas relataram ao ministro as dificuldades do dia a dia e os problemas financeiros decorrentes da falta de frete e dos “baixos valores pagos no mercado”. Em determinado momento, um deles chegou a chorar ao dizer que não “estava cumprindo com suas obrigações em casa” por não conseguir pagar as contas em dia. E emendou: “Só quero dignidade para trabalhar”.

Com Wallace Landim, o Chorão, fora da reunião, os representantes fizeram questão de dizer que o governo está negociando com as pessoas erradas. “Chorão não nos representa. Ele é motorista de van, não de caminhão”, esbravejou um dos representantes, no vídeo.

Divisão

Nas últimas semanas, houve um racha entre os caminhoneiros. Uma parte acredita que a única forma de o governo ouvir suas queixas é fazendo uma nova paralisação. Nesse caso, a data marcada é dia 29 de abril. 

Do outro lado, estão aqueles que preferem aguardar mais um tempo e continuar negociando com o governo melhorias para os caminhoneiros. Por trás da decisão, está a delicada situação financeira dos motoristas que estão endividados e não podem deixar de faturar neste momento. Outra explicação é que os caminhoneiros não querem atrapalhar o início de governo de Jair Bolsonaro (a maioria votou nele para presidente). Uma greve atrasaria ainda mais a lenta recuperação econômica do País e prejudicaria ainda mais a categoria.

A briga entre os dois grupos de caminhoneiros tem provocado uma série de ameaças, inclusive de morte, por meio de áudios e conversas de WhatsApp (O Estado de S.Paulo, 23/4/19)