Governo dos EUA quer segunda safra anual de grãos
Nota de dólar cercada por grãos - Dado Ruvic - 9.mai.2022 Reuters
Diferentemente do Brasil, porém, clima por lá não é favorável.
A inflação dos alimentos bateu forte na mesa dos norte-americanos, e o presidente Joe Biden quer incentivar até uma segunda safra anual em diversas áreas do país para aumentar a oferta de comida.
Para os fazendeiros norte-americanos, a segunda safra não será tão fácil como é para os brasileiros. Condições climáticas na maioria das áreas de produção dos Estados Unidos não permitem o segundo plantio.
Devido a esses riscos, o governo dos Estados Unidos vai elevar o seguro nos municípios com possibilidade de segunda safra, beneficiando os produtores que se arriscarem neste segundo plantio.
Produtores que semeiam soja após o trigo atualmente arcam com os custos no caso de uma adversidade climática.
Na avaliação do governo, os fazendeiros dos Estados Unidos devem aumentar a produção de grãos para compensar, em parte, a ausência dos produtos da Ucrânia no mercado internacional.
Em uma fazenda em Illinois, nesta quarta-feira (11), Biden disse que pelo menos 20 milhões de toneladas de grãos estão parados nos armazéns da Ucrânia, com dificuldades para serem colocados no mercado internacional, devido à guerra provocada pelos russos.
O presidente dos Estados Unidos alertou sobre a necessidade de investimentos na agricultura para o aumento da produção, mas destacou também a necessidade da redução dos custos no processo produtivo.
Quanto aos custos, o fertilizante é um dos que mais subiram recentemente. Por isso, o governo vai dobrar o volume de crédito para a produção doméstica de adubo, um programa anunciado inicialmente em março deste ano.
Com o novo repasse, o subsídio dado ao setor atingirá US$ 500 milhões. Para se adequar a essa linha de crédito, o produtor de fertilizante necessita ser independente e não estar ligado aos atuais grandes fornecedores.
Além disso, o fertilizante tem de ser produzido nos Estados Unidos e por empresas norte-americanas, visando uma redução da dependência externa. Assim como o Brasil, os Estados Unidos também têm dependência externa nesse setor.
Ao incentivar o aumento de produção de grãos, Biden quer afastar o fantasma da inflação que, assim como nos demais países do mundo, afeta os Estados Unidos. A taxa anual de inflação está em 8,3%, impulsionada pelos alimentos, que registram alta de 9,4% no período. Há quatro décadas, o país não registrava taxas tão elevadas.
Para aumentar a produtividade e reduzir custos de produção, o governo norte-americano promete ampliar assistência técnica aos produtores e melhorar a infraestrutura do país (Folha de S.Paulo, 12/5/22)