Governo faz jogo de cena com importação de alimentos,diz presidente da FPA
Pedro Lupion Foto FPA - Divulgação
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), divulgou uma nota criticando a medida divulgada pelo governo federal que poderá reduzir o Imposto de Importação de alimentos para baratear o preço dos produtos no mercado brasileiro.
“A ideia de diminuir tarifas de importação de gêneros alimentícios é mais uma medida desesperada e mal pensada do governo que insiste em ignorar os problemas macroeconômicos, o controle inflacionário, câmbio descontrolado e gasto público exorbitante. A desconfiança do mercado e a falta credibilidade agravam a situação”, diz o deputado.
Segundo o parlamentar, não existem problemas com desabastecimento, com a safra e não há sobrepreço. “Os preços dos produtos agropecuários brasileiros seguem os padrões mundiais, anunciar que vai abrir importações é simplesmente jogo de cena demagógico para induzir a população a achar que estão fazendo algo prático para baixar preços.”
O presidente da FPA ressalta que o setor produz com qualidade e quantidade, mesmo com os desafios econômicos que aumentam os custos de produção. Lupion afirma que as medidas de apoio e estímulo à produção adotadas pelo governo não conseguem fazer frente à alta de juros e câmbio.
O deputado disse que a inflação está descontrolada pela falta de capacidade do governo em cortar gastos. “Medidas efetivas de corte de gastos e valorização da economia seriam muito mais eficientes que mais essa desastrada tentativa, meramente política, de enganar a população”, encerra o texto.
Leia a nota na íntegra:
“A ideia de diminuir tarifas de importação de gêneros alimentícios é mais uma medida desesperada e mal pensada do governo que insiste em ignorar os problemas macroeconômicos, o controle inflacionário, câmbio descontrolado e gasto público exorbitante.
A desconfiança do mercado e a falta credibilidade agravam a situação.
Não existe desabastecimento, não há problemas de safra, não há sobrepreço!
Os preços dos produtos agropecuários brasileiros seguem os padrões mundiais, anunciar que vai abrir importações é simplesmente jogo de cena demagógico para induzir a população a achar que estão fazendo algo prático para baixar preços.
O agro faz sua parte ao produzir com qualidade e quantidade, apesar dos desafios econômicos que aumentam os custos de produção e diminuem a competitividade, num cenário em que medidas de apoio e estímulo à produção não conseguem fazer frente à alta de juros e câmbio.
A inflação como um todo, não apenas dos alimentos, está descontrolada pela falta de capacidade e compromisso do governo em cortar seus próprios gastos e ter o mínimo de responsabilidade com as suas contas.
O governo segue apenas fazendo discurso político e procurando transferir a culpa da sua incompetência para os outros.
Medidas efetivas de corte de gastos e valorização da economia seriam muito mais eficientes que mais essa desastrada tentativa, meramente política, de enganar a população…
Deputado Federal Pedro Lupion (PP-PR)
Presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA)” (Canal Rural, 24/1/25)
Um olhar crítico no poder e nos poderosos – Por Eliane Cantanhêde
Foto Reuters
Governo e alimentos: sem intervenção, sem subsídio, sem mudança na data de validade e... sem solução!
O estrago nas redes do uso do termo ‘intervenção’ por Rui Costa foi contido, mas a questão mexe com comida, esfria a popularidade de Lula e esquenta disputas internas.
Enfrentando várias frentes por causa da inflação dos alimentos, o governo Lula conseguiu vencer a primeira batalha, ao impedir que a onda contra “um conjunto de intervenções” virasse tsunami, como no Pix. Mas a guerra continua, e em terrenos muito mais pantanosos: como reduzir os preços e dar uma solução principalmente para a baixa renda, sem bater de frente com o já ariscos mercado e setor do agronegócio?
Sidônio Palmeira mostrou a que veio e reagiu rapidamente a uma palavra maldita usada pelo chefe da Casa Civil, Rui Costa, ao anunciar que o governo agiria contra a inflação da comida: “Intervenção”. Remete a “boi no pasto”, “fiscais do Sarney”, “congelamento”, todas essas invenções que tiveram efeito bumerangue e caíram em cheio sobre os objetivos, na economia e na popularidade dos invencionistas.
O governo inteiro, incluindo Sidônio e Costa, se mobilizou para neutralizar o dano e explicar que, na verdade, o ministro não quis dizer “intervenção”, mas sim “medidas”, ou que se tratou de “ato falho”. Funcionou, mas, cá prá nós, intervenção e medidas, nesse caso, soam praticamente como sinônimos e “ato falho” significa que, lá no inconsciente, o ministro quis dizer, ou defende, exatamente isso: intervenção nos preços. O que é reforçado pela imagem, não sem motivo, de que Lula e o PT são convictamente intervencionistas desde sempre.
Bem ou mal, o estrago na comunicação foi contido, mas São Sidônio não faz milagre e a questão está longe, longíssimo, de ser apenas de comunicação. Mexe com o prato na mesa do pobre, da classe média, de todo mundo, esfria a popularidade de Lula, que já não está lá essas coisas, esquenta as relações internas, por exemplo, entre Costa e Fernando Haddad, que já não são uma maravilha, e apimenta as conexões do governo com o agronegócio e o mercado, já tão ardidas.
Pairando acima de todo esse conjunto, há os efeitos na economia, já preocupante com inflação, desequilíbrio fiscal e juros na estratosfera, num ambiente internacional imprevisível. Logo, o governo está num mato sem cachorro e, o que é pior, sem saída e sem muitas alternativas. No máximo, faz uma reunião atrás da outra, conclui o óbvio e anuncia que vai anunciar alguma coisa. Que coisa?
Até aqui, o foco não está em dizer o que vai fazer, mas no que não vai fazer: intervenção nos preços, que aterroriza o agronegócio, subsídios, que irritam o mercado, e flexibilização da data de validade de produtos nas gôndolas do varejo – que foi sugerida pela associação de supermercados, é até adotada em alguns países, mas geraria uma festa macabra na internet contra Lula. Já imaginaram? “Lula quer vender comida estragada”, “para agradar supermercados, governo defende alimento podre”. Nem pensar!
Assim, a solução até aqui é a “natural”: safra recorde em 2025, São Pedro sendo mais camarada com tempestades e secas, o bom e velho equilíbrio entre oferta e procura. Enquanto isso, a oposição está na espreita, todos os setores se movem e a Casa Civil, a Fazenda, os ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário lançam ideias, como redução no imposto de importação, direcionar o Plano Safra para o que está mais caro na cesta básica e até reduzir os custos operacionais do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT).
Vamos combinar? Parece leque para abanar tsunami, com o pobre comendo menos, o humor da classe média piorando, as incertezas na economia aumentando. Bem... sem falar nas loucuras de Donald Trump e nos combustíveis, que afetam inflação e alimentos e têm muito a ver com aquela palavrinha maldita, “intervenção”. Mas isso é outra história, ou temas para novas colunas (Estadão, 26/1/25)
Ala do governo é cética sobre medidas para baratear alimentos
'Todos os produtos que tiverem preço interno maior do que o externo, vamos atuar imediatamente na alíquota de importação', disse Costa. Foto Wallisson Breno - Presidência da República
Grupo afirma que redução de imposto de importação é paliativo e não ataca cerne do problema.Uma ala do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é cética quanto à chance de medidas em estudo nos ministérios surtirem efeito significativo para baratear o preço dos alimentos.
Uma autoridade econômica disse à Folha que a melhor contribuição do governo é evitar ruídos desnecessários e "parar de criar confusão" que leve à alta do dólar, com impacto negativo nos preços dos alimentos.
A avaliação é que a redução da alíquota do imposto de importação de alimentos, anunciada nesta sexta-feira (24) pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, pode ajudar paliativamente, mas não ataca o cerne do problema: taxa de câmbio alta e demanda aquecida.
A declaração de Rui Costa, porém, representou um alívio para integrantes do governo que veem com preocupação o risco de ideias heterodoxas, como a taxação das exportações de alimentos, ganharem espaço nas discussões e acabarem sendo adotadas. O entendimento é que é melhor isentar a importação do que taxar a exportação.
O ministro foi no caminho contrário ao que o mercado temia, o que foi considerado positivo por essa ala do governo. Um auxiliar de Lula definiu a taxação das importações de "medida anti-Kirchner". Uma referência à ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner, que aumentou os impostos sobre as exportações de grãos, gerando uma crise com locautes ruralistas, bloqueios de estradas, desabastecimento e aumento da inflação.
Um ruído citado como exemplo, ainda sentido no mercado nesta sexta-feira, foi a informação de um estudo do governo para fornecer alimentos com custo reduzido por meio de uma rede popular de abastecimento, nos moldes do que o Farmácia Popular faz em relação a medicamentos.
Por outro lado, a informação de Haddad que a regulamentação da portabilidade do vale-refeição e vale-alimentação pode ajudar a baratear os preços de alimentos foi ignorada pelos agentes do mercado.
Um ministro do governo, que também falou na condição de anonimato, ressaltou que neste momento é melhor concentrar os esforços em medidas que possam retomar a credibilidade da política fiscal para coordenar as expectativas e ajudar na queda do dólar, que tem levado à alta dos preços. Ele disse que não há outra saída porque a inflação alta é resultado de "dólar, sazonalidade e risco fiscal".
O ministro ressalta que o governo precisa aproveitar o momento atual em que a cotação do dólar voltou ao patamar abaixo de R$ 6 para acentuar ainda mais tendência de queda.
Em tom irônico, um auxiliar de Lula comentou que para ter impacto só fazendo um "Tinder das vaquinhas" em razão da falta de rebanho por causa do abate recorde de reprodutoras bovinas. Esse quadro do ciclo de produção vem afetando os preços das carnes.
Para Carlos Thadeu Freitas Filho, da BCG Liquidez, especialista em inflação de alimentos, a taxação de exportações de alimentos teria um efeito no curto prazo para derrubar a inflação, mas acabaria causando um estresse e impacto no câmbio. Isso levaria a perdas ao final maiores do que ganhos, além de implicações de médio prazo negativas.
" O estresse seria tão grande neste momento, que o real ia depreciar tão forte por causa disso. Eu duvido que a pressão política do central é tão intensa nessa área [no agronegócio] que eu acho pouco provável", diz.
"Isso gera um estrago na cadeia de produção tão grande, que você consegue controlar os preços agora no curto prazo, mas no médio prazo os preços vão ser muito maiores", acrescenta.
O especialista vê como inócuas as medidas em estudo pelo governo, inclusive a de redução do imposto de importação. Na sua avaliação, a melhor coisa para controlar a inflação é ter uma economia estável para que outros grupos da inflação compensem a alta dos preços da alimentação (Folha, 25/1/25)
Governo reduzirá alíquota de importação para tentar baratear alimentos, e Lula quer novo Plano Safra
Foto Reprodução UOL
Segundo o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o governo não tomará nenhuma medida ‘heterodoxa’, como congelamento, para controlar preços: ‘Não terá fiscal do Lula nos supermercados e nas feiras’.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou nesta sexta-feira, 24, que o governo atuará na redução da alíquota de importação de alimentos que estiverem mais caros no mercado interno em relação ao mercado internacional. De acordo com ele, não há justificativa para o País ter produtos com preço acima do patamar internacional.
“Todos os produtos que tiverem preço interno maior do que o externo, vamos atuar imediatamente na alíquota de importação”, afirmou. Segundo o chefe da Casa Civil, a gestão federal fará uma análise dos produtos no mercado internacional com preços mais baixos em relação ao mercado interno.
A declaração ocorreu após reunião de ministros com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Rui Costa afirmou que, na esteira das medidas para reduzir o preço dos alimentos, o governo vai buscar estimular a produção e minimizar custos de mediação. Foto Wilton Junior - Estadão
“A redução de alíquota será para todo e qualquer produto que esteja com preço mais barato no mercado internacional e mais caro no mercado interno”, complementou. “Focaremos evidente no produto que esteja mais barato lá fora, para trazer o preço, no mínimo, o patamar que estiver no internacional.”
De acordo com Carlos Fávaro, ministro da Agricultura, o Brasil é exportador de alimento e, portanto, não pode um produto nacional estar mais caro no País do que no cenário internacional.
Rui Costa citou que, na esteira das medidas para reduzir o preço dos alimentos, o governo vai buscar estimular a produção e atuar para reduzir custos de mediação. “Queremos que o valor dos benefícios chegue integralmente ao trabalhador”, disse. Na avaliação do chefe da Casa Civil, o custo de intermediação de benefícios está alto.
Sem congelamento, nem tabelamento
Costa afirmou que Lula enfatizou que o governo não tomará nenhuma medida heterodoxa para controlar o preço dos alimentos no País. “Quero reafirrmar taxativamente: nenhuma medida heterodoxa será adotada, não haverá congelamento de preços, tabelamento, fiscalização, não terá fiscal do Lula nos supermercados e nas feiras”, disse. Ele afirmou que nenhuma medida como a criação de uma rede estatal de alimentos e de subsídios foi discutida no Executivo, nem sequer colocada em debate na reunião.
O ministro reiterou que o governo manterá um diálogo com produtores, redes de supermercados e frigoríficos sobre sugestões de como garantir a redução nos preços dos alimentos. A ideia é criar essa ponte com o mercado que, segundo ele, é “onde os preços se realizam”.
De acordo com o chefe da Casa Civil, Lula pediu ainda aos ministros da Agricultura e de Desenvolvimento Social e Agrário que deem um foco maior na hora de definir a aplicação de recursos envolvendo políticas agrícolas já existentes. O objetivo é que esses estímulos, usados na produção, sejam mais concentrados em itens que fazem parte da cesta básica.
O ministro disse ainda que a expectativa do governo é positiva para produção de alimentos em 2025, em meio à esperada supersafra no ano, que deve colaborar na redução dos preços dos alimentos. A safra em geral, segundo ele, deve crescer 8,2%, e o arroz, 13%.
“(Será) Diferente do que aconteceu em 2024, quando foi ano extremamente severo do ponto de vista climático, regiões fortemente produtoras de alimentos, a exemplo do Rio Grande do Sul, sofreu muito”, disse ele, em referência à seca e às fortes chuvas que acometeram o Estado no ano passado.
Preços ‘se formam no mercado’
“A convicção do governo brasileiro é de que os preços se formam no mercado, não são feitos nem produzidos artificialmente. Eles são realizados no mercado, seja no mercado internacional, que no caso tem relação forte com a questão do preço das commodities (matérias-primas cotadas em dólar), seja com relação ao valor do dólar, que tem também influencia sobre os preços”, comentou o ministro da Casa Civil.
Segundo Rui Costa, o presidente convocou a agenda por estar preocupado com os preços dos alimentos. No encontro, Lula solicitou uma apresentação dos ministros das áreas econômica e produtiva. Foi feita uma apresentação sobre o cenário de produção dos anos de 2022, 2023, 2024, além de uma perspectiva para o cenário de comportamento dos alimentos mais consumidos pela população brasileira para 2025.
Segundo o chefe da Casa Civil, a área econômica mostrou quadro “em que se apresentou influência muito forte de preço de commodities, definidos no mercado internacional pela variação histórica dos preços”. “Então, é um cenário que não tem a ver com a economia brasileira, mas com o preço dessas commodities.”
Novo Plano Safra
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que o presidente Lula determinou que o governo já comece a discutir um novo Plano Safra que estimule mais a produção de alimentos, sobretudo de itens que chegam na mesa da população.
Fávaro disse ainda que o ministério continuará estimulando a produção de alimentos no Brasil, “como ocorre desde o primeiro dia do governo Lula”. Ele ponderou ainda que, neste ano, diferentemente de 2024, haverá um clima favorável ao aumento na produção, o que faz com que a estabilidade dos preços possa ser garantida.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, reiterou que o governo trabalhará para aumentar a produtividade dos pequenos e médios produtores, para ampliar a produção e, assim, colaborar na redução dos preços dos alimentos.
Da reunião com o presidente, participaram, além de Costa, Fávaro e Teixeira, os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Esther Dweck (Gestão); o diretor-presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto; os secretário executivos Márcio Elias Rosa (do Ministério da Indústria e Comércio) e Fernanda Machiaveli (do Ministério do Desenvolvimento Agrário); e o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello (Estadão, 25/1/25)
Ministro sugere que brasileiro troque laranja por outra fruta em meio a alta de preços
RUI COSTA E LARANJA Foto Reprodução Instagram
Rui Costa diz que governo pode reduzir alíquotas de importação, mas que não há alternativas quando valor internacional está alto
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse nesta sexta-feira (24) que o governo pode reduzir a alíquota de importação de alimentos cujos preços estejam maiores no Brasil do que no exterior, para tentar segurar a inflação de alimentos. Mas acrescentou que dificilmente haverá alternativa quando o valor já estiver alto no mercado internacional.
Rui Costa então citou o exemplo da laranja, cujos preços dentro do Brasil e fora estão elevados, em grande parte por causa de doenças nas produções. E então sugeriu "mudar a fruta que a gente vai consumir".
"Há commodities que já estão caras lá fora [...] por exemplo, a laranja. Vários jornalistas econômicos já fizeram a matéria reportando a diminuição drástica de produção nos Estados Unidos, que é um dos maiores produtores do mundo, em função de doença na plantação. Tivemos também redução aqui no Brasil, em São Paulo, que é um dos maiores produtos do Brasil, também em função de doença", afirmou o ministro.
"O preço internacional está tão caro como aqui. O que se pode fazer? Mudar a fruta que a gente vai consumir. Em vez da laranja, [comer] outra fruta. Porque, não adianta você baixar a alíquota, porque não tem produto lá fora para colocar aqui dentro. Então focaremos, evidentemente, no produto que estiver mais barato lá fora", completou.
Rui Costa e os ministros Carlos Fávaro (Agricultura) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) concederam entrevista com jornalistas, logo após reunião com o presidente Lula no Palácio do Planalto para discutir medidas para baratear o preço dos alimentos.
O encontro durou cerca de três horas. Também participaram os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Esther Dweck (Gestão) e o diretor-presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Edegar Pretto.
O assunto virou prioridade para o governo Lula, que inclusive chegou a cobrar integrantes de sua equipe durante reunião ministerial nesta segunda-feira (20). Apesar da expectativa, os ministros não anunciaram nenhuma medida de curto prazo.
Na quarta-feira, o próprio Rui Costa havia declarado que o governo buscaria um "conjunto de intervenções que sinalizem para o barateamento dos alimentos". A fala provocou ruído, considerando que a expressão "intervenção" esteve associada no passado a medidas, como o tabelamento de preços.
O ministro da Casa Civil, no entanto, afirmou que estão descartadas medidas heterodoxas, como controle de preços, tabelamento.
"Quero reafirmar taxativamente: nenhuma medida heterodoxa será adotada. Não haverá congelamento de preços, tabelamento, fiscalização. Ele [presidente] até brincou: não terá fiscal do Lula nos supermercados, nas feiras. Não terá rede estatal de supermercados, de lojas", afirmou
O governo informou que vai trabalhar para intensificar iniciativas de estímulo à produção agrícola já existentes, em particular aquelas destinadas aos produtos que compõem a cesta básica. Rui Costa também citou, então, como pode se dar a redução de alíquotas de importação.
"Todo aquele produto que estiver com o preço interno maior do que o preço externo, nós vamos atuar de imediato, por exemplo, na alíquota de importação", afirmou o ministro a jornalistas.
Entre as iniciativas a curto prazo, Rui apenas mencionou mudanças nas regras de vale-alimentação e vale-refeição, como haviam sido divulgadas por Haddad. O chefe da equipe econômica vai apresentar nos próximos dias uma análise ao Palácio do Planalto.
O ministro da Casa Civil disse que o "custo de intermediação desses benefícios está alto" e quer que o valor chegue integralmente ao trabalhador (Folha, 25/1/25)