21/06/2024

Ibovespa sobe 0,15%, aos 120,4 mil pontos, após Copom unânime

Ibovespa sobe 0,15%, aos 120,4 mil pontos, após Copom unânime

O câmbio seguiu pressionado, com o dólar à vista a R$ 5,47 na máxima desta quinta-feira, 20, pós-Copom, e o Ibovespa não encontrou força para estender a recuperação além dos 120 mil pontos, mesmo com a decisão unânime do Comitê de Política Monetária pela manutenção da Selic a 10,50% ao ano, sem o dissenso da reunião anterior.

A retomada das críticas do presidente Lula ao nível de juros não fugiu ao script esperado após os quatro diretores indicados pelo governo terem se alinhado, na quarta à noite, à ala majoritária do Copom, dos cinco mais antigos.

 

Nem a ventilação de novo nome "maduro" e "calejado" para substituir Roberto Campos Neto no comando do BC em 2025, como o do economista André Lara Resende - que seria do agrado de ala do PT desde que passou a abraçar ideias inovadoras, menos fiscalistas, em debate público que o afastou de parte do grupo originário do Real - chega a surpreender.

 

Assim, com a expectativa de juros altos por mais tempo no Brasil, e dúvidas sobre a condução da política fiscal em ambiente de Selic ainda elevada e de desancoragem das expectativas de inflação, o Ibovespa voltou a mostrar hesitação, resvalando para o campo negativo na mínima do dia, aos 120.156,30 pontos, tendo avançado moderadamente nos dois dias anteriores.

 

Ao fim, mostrava leve ganho de 0,15%, aos 120.445,91 pontos, conseguindo testar a casa dos 121 mil na máxima desta quinta-feira, a 121.606,64 - nível que não era visto no intradia desde quarta, 12. O giro desta quinta ficou em R$ 21,1 bilhões. Na semana, o Ibovespa sobe 0,65%, ainda cedendo 1,35% no mês e 10,24% no ano.

 

"A decisão de ontem do Copom foi muito importante para o mercado. Decisão foi boa, conservadora e unânime, o que ajuda o BC a reconquistar parte da credibilidade, após o dissenso na reunião de maio", diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research. "A desancoragem das expectativas de inflação justifica a manutenção da Selic. Hoje, os vértices mais curtos da curva doméstica cederam, enquanto os mais longos, não, refletindo a retomada dos negócios com Treasuries em Nova York após o feriado por lá, ontem", acrescenta o analista.

 

"A decisão unânime do Copom é positiva - mostrou independência das 'vontades do poder' -, mas declarações do presidente Lula ainda suscitam cautela", limitando a recuperação do Ibovespa nesta quinta-feira, observa Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos. Nesse contexto, "o mercado segue muito atento aos movimentos do governo e a suas ações", acrescenta (Estadão, 21/6/24)