Inmet apresenta possíveis impactos da chuva no início da safra 2023-24
GRAFICO Com a previsão dos modelos climáticos
Com a previsão dos modelos climáticos indicando a persistência do atual fenômeno El Niño até, pelo menos, o final do verão 2023-24, surge a questão sobre qual será o impacto deste evento no início da atual safra de verão.
Em geral, em anos de El Niño, ocorre aumento da chuva na Região Sul do País, enquanto nas regiões Norte e Nordeste, há redução da chuva. Entretanto, é importante destacar que o clima no Brasil não é apenas influenciado pela atuação desse fenômeno, pois existem outros fatores a serem considerados, que também interferem nas condições de tempo e clima no País, podendo atenuar ou intensificar os efeitos do El Niño, fatores esses também considerados nas previsões climáticas. Nesse sentido, o acompanhamento e a atenção constantes das condições observadas e da previsão climática são extremamente necessárias, especialmente nas regiões produtoras.
O prognóstico climático aponta para o retorno gradual da chuva na porção sul das regiões Centro-Oeste e Sudeste, principalmente em novembro, fator importante para a elevação do armazenamento de água no solo e o estabelecimento das fases iniciais das culturas no campo, como a soja, milho e algodão. Entretanto, na porção norte das regiões Centro-Oeste e Sudeste, a irregularidade das chuvas, combinada com altas temperaturas, pode reduzir os níveis de água no solo.
Na Região Sul, a previsão de favorecimento de chuva acima da média pode beneficiar o início da safra de grãos nessas áreas. Porém, atenção especial é necessária para o Rio Grande do Sul, onde há previsão de excesso de chuva nos próximos meses, cenário que pode intensificar o excedente hídrico, causando o encharcamento do solo e, consequentemente, prejudicando a colheita da safra de inverno e o início do plantio das culturas de grãos.
Previsão de anomalias de (a) precipitação (chuva) e (b) temperatura média do ar para o trimestre outubro, novembro e dezembro/2023, elaborada conjuntamente pelo Inmet, CPTEC/INPE e Funceme (Blog Revista Cultivar com Inmet, 20/9/23)
Inmet divulga monitoramento, previsões e possíveis impactos do El Niño
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastre (Cenad) divulgaram monitoramento, previsões e os possíveis impactos do El Niño no Brasil em 2023.
Desde junho de 2023, as condições observadas de temperatura da superfície do mar mostram um padrão típico do fenômeno El Niño. Este padrão se apresenta na forma de uma faixa de águas quentes em grande parte do Oceano Pacífico Equatorial que, próximo à costa da América do Sul, são superiores a 3°C. Entre agosto e o início de setembro, essa região apresentou sinais de atividade convectiva anômala em associação ao desenvolvimento de nuvens profundas.
Neste ano, um efeito do El Niño foram as chuvas registradas no Rio Grande do Sul, entre 1º e 19 de setembro, cujos volumes ficaram em torno de 450 milímetros (mm). Nos demais estados do País, foi registrado um déficit de precipitação, com volumes superiores a 50 mm, abaixo da média histórica, na Região Norte.
Para o próximo trimestre (outubro, novembro e dezembro) a previsão indica maior probabilidade de chuva abaixo da faixa normal entre o leste, centro e faixa norte do Brasil. Entre a Região Sul, parte de Mato Grosso do Sul e de São Paulo, a previsão indica maior chance de chuva acima da faixa normal. Esta previsão reflete as características típicas de El Niño sobre o Brasil. Já a previsão de temperatura indica maior probabilidade de valores acima da faixa normal na maior parte do País.
Em relação à previsão do armazenamento de água no solo, parte sul de Mato Grosso do Sul e de São Paulo, além da Região Sul, indicam a manutenção da umidade no solo, com valores maiores que 70%. É importante ressaltar que com a atuação do El Niño, há probabilidade de ocorrência de grandes volumes que podem contribuir para a elevação dos níveis de água no solo, com valores superiores a 90%, ocasionando, inclusive, excedente hídrico.
Já as vazões naturais no rio Madeira apresentam valores 35% abaixo da média para o mês, e no rio Xingu, valores próximos à média para o mês. A situação de armazenamento nos reservatórios do SIN atingiu 75,7% e, nos da Região Nordeste, 48,1%, uma realidade melhor que a observada nos últimos quatro anos para esse mesmo período, porém, com situação crítica em pelo menos 12 sistemas hídricos locais regulados pela ANA.
Mais informações podem ser obtidas no link Painel El Niño - Boletim Mensal No 01 (revistacultivar.com.br)
(Blog Revista Cultivar com Inmet, 20/9/23)