Japão mantém programa de carros a hidrogênio
O Japão quer transformar a região de Fukishima, devastada por terremoto e tsunami em março de 2011, numa área de usinas solares, eólicas e hídricas. A cereja do bolo será a maior usina de produção de hidrogênio do país e uma das maiores do mundo. A iniciativa revela a arriscada aposta japonesa de continuar investindo em hidrogênio como combustível de veículos.
Um painel no pavilhão japonês no World Future Energy Summit – traz as iniciativas verdes do governo de Fukishima: uma usina gera eletricidade a partir de restos de madeira; outra gera energia geotérmica desde 1995; e uma terceira fornece o equivalente ao consumo de 35 mil casas a partir de energia eólica.
O mapa mostra o desenho de uma usina solar na costa de Fukishima e que deve gerar 1 MW de energia a ser utilizada para agricultura. No mar, turbinas eólicas gigantes e flutuantes poderão produzir 8 MW. A nova instalação de produção de hidrogênio está sendo construída na vizinha Namie.
O painel resume o ‘Fukushima Plan for a New Energy Society’, iniciativa do governo com o setor privado. Em março de 2016, o premiê Shinzo Abe disse: “Queremos tornar Fukishima pioneira em criar uma sociedade de hidrogênio”.
“A reconstrução de Fukishima é um símobolo”, disse Ryo Nakajima, gerente de tecnologia do departamento de novos projetos de soluções energéticas da Toshiba. São investimentos de “vários bilhões” que incluemToshiba, Tohoku Eletric e Iwatani na implantação da usina de hidrogênio, que deve estar pronta para a Olimpíada de Tóquio, em 2020.
A produção de hidrogênio costuma ser feita com queima de gás, mas a nova unidade usará energias renováveis, principalmente solar. A nova indústria terá ao lado uma usina solar de 20 MW, diz Hirofumi Kurita, da equipe da Toshiba. O Japão importa o gás e petróleo que consome. “Não podemos depender do petróleo”, diz Nakajima.
Estima-se que existam hoje 2 mil carros movidos a hidrogênio no Japão. Toyota, Nissan e Honda produzem carros com a tecnologia e vão criar uma rede de distribuição de hidrogênio no país. A previsão é que o Japão tenha 40 mil veículos a hidrogênio em 2020.
Dez anos atrás houve uma corrida pela tecnologia de produzir hidrogênio, considerado então o ‘combustível do futuro’. Mas hoje a tendência do setor parece ter virado para o carro elétrico. “Os investimentos atuais das empresas na eletrificação dos veículos é de uma ordem diferente de magnitude que vimos antes em hidrogênio”, diz Dolf Gielen, diretor do Centro de Inovação e Tecnologia da Irena, entidade internacional que promove energias renováveis.
Hidrogênio como combustível é, porém, uma aposta japonesa. “Temos um projeto ambicioso em Fukishima”, diz Nakajima. A usina terá capacidade de produzir 900 toneladas de hidrogênio por ano, o suficiente para 10 mil carros.
No pavilhão do Japão, várias montadoras exigem modelos de carros elétricos e híbridos, evidenciando a disputa tecnológica. Um cartaz diz que um híbrido a bateria faz 26 quilômetros por litro e reduz emissões em uma tonelada ao ano. Outro cartaz anuncia as vantagens do hidrogênio, em árabe e inglês: 3 a 5 minutos é o tempo para encher o tanque (hoje a bateria de um carro elétrico pode levar horas para recarregar) e o carro a hidrogênio terá autonomia para 600 quilômetros (Assessoria de Comunicação, 17/1/18)