14/02/2024

La Niña pode começar no 2º semestre de 2024, prevê órgão dos EUA

La Niña pode começar no 2º semestre de 2024, prevê órgão dos EUA

LA NIÑA

Fenômeno climático tende a aumentar chuvas no Norte e Nordeste; no Sul, deve trazer mais seca.

O padrão climático La Niña pode surgir no segundo semestre de 2024, logo depois da transição do El Niño para um período breve de condições consideradas neutras, em meados deste ano. A previsão foi feita por órgão de meteorologia do governo dos EUA nesta quinta-feira (8).

O fenômeno La Niña é caracterizado por temperaturas excepcionalmente frias no oceano Pacífico equatorial e está associado a enchentes e secas, dependendo da região.

"Embora as previsões feitas durante a primavera [no hemisfério norte] tendam a ser menos confiáveis, há uma tendência histórica de o La Niña suceder fortes eventos do El Niño", disse o CPC (Centro de Previsão Climática) do Serviço Meteorológico Nacional.

O La Niña tipicamente causa mais chuva na Austrália, no Sudeste Asiático e na Índia e tempo seco nas regiões produtoras de grãos e oleaginosas nas Américas.

No Brasil, o La Niña tende a causar aumento no volume de chuvas nas regiões Norte e Nordeste. Já no Sul, a tendência é de mais seca e calor, enquanto, no Centro-Oeste e no Sudeste, os impactos oscilam.

O atual padrão climático El Niño, que causou clima quente e seco na Ásia e chuvas mais intensas do que o normal em partes das Américas, provavelmente dará lugar a condições neutras do que os cientistas chamam de El Niño Oscilação Sul [ou ENSO, na sigla em inglês]. Isso deve ocorrer de abril a junho de 2024, disse o CPC.

As condições neutras de ENSO referem-se aos períodos em que nem El Niño nem La Niña estão presentes, muitas vezes coincidindo com a transição entre os dois padrões climáticos.

"O La Niña provavelmente afetará a produção de trigo e milho nos EUA, e de soja e milho na América Latina, incluindo o Brasil", disse Sabrin Chowdhury, chefe de commodities da consultoria BMI.

O El Niño trouxe chuvas para o Rio Grande do Sul e a Argentina, favorecendo as safras de soja e milho. Já o último La Niña resultou em quebra de colheita para as lavouras gaúchas e no país vizinho.

 

Recentemente, a Índia, o maior fornecedor mundial de arroz, restringiu as exportações do produto básico após uma monção fraca, enquanto a produção de trigo no segundo maior exportador, a Austrália, foi atingida. As plantações de óleo de palma e de arroz no Sudeste Asiático receberam menos chuvas do que o normal.

"O desenvolvimento do La Niña é benéfico para as monções indianas. Normalmente, as monções proporcionam chuvas abundantes durante os anos do La Niña", disse o Departamento Meteorológico da Índia.

As monções de junho a setembro, que são vitais para a economia de US$ 3 bilhões da Índia, trazem quase 70% da chuva de que o país necessita para irrigar as culturas e reabastecer reservatórios e aquíferos (Folha, 10/2/24)