17/05/2023

Marfrig tem prejuízo de R$ 634 mi no 1º trimestre

Marfrig tem prejuízo de R$ 634 mi no 1º trimestre

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A Marfrig Global Foods encerrou o primeiro trimestre de 2023 com prejuízo líquido de R$ 634 milhões, revertendo lucro líquido de R$ 109 milhões em igual período de 2022, informou a companhia, ontem (15), depois do fechamento do mercado. "O resultado (é) explicado pelo impacto limitado a nossa participação (33,27%) no resultado da BRF", informou a empresa, em comunicado de divulgação dos resultados trimestrais.

O Ebitda ajustado recuou 45,5%, de R$ 2,749 bilhões para R$ 1,498 bilhão no primeiro trimestre de 2023, enquanto a margem Ebitda ajustada ficou em 4,7% contra 12,3% um ano antes. A receita líquida aumentou 42,2%, para R$ 31,757 bilhões, de janeiro a março deste ano.

"Tradicionalmente, por razões sazonais, o primeiro trimestre do ano é o mais desafiador nas Operações da América do Norte, tanto em termos de oferta de animais quanto em termos de demanda por carne. Mesmo assim, apresentamos um resultado com margens satisfatórias, acima da média do mercado, fruto de um modelo de negócio bem estruturado e mais resiliente", disse o fundador e presidente do Conselho de Administração da Marfrig, Marcos Molina dos Santos, no comunicado.

Segundo Molina, na Operação na América do Sul, mesmo com um mês sem vendas para a China devido ao autoembargo brasileiro às exportações após o episódio de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) no Pará, foi registrado crescimento no volume de venda ante igual período de 2022. Já na BRF, o executivo destacou que "os esforços em melhorias operacionais já são perceptíveis e contribuem de forma importante para a melhora das margens operacionais e consequentemente na consolidação dos resultados".

A proteína bovina - foco das operações da Marfrig na América do Sul e na América do Norte - representou 59% da receita líquida total da empresa no trimestre. Produtos derivados de proteínas de aves e suínos - mercados nos quais a BRF está entre as líderes globais - tiveram participação de 41% nas vendas.

"O investimento em crescimento orgânico realizado ao longo dos últimos anos está chegando em fase de maturidade", disse Molina, no comunicado. "Esses investimentos aumentaram o porcentual de participação, na receita líquida, dos produtos com marcas e de maior valor agregado."

De acordo com a empresa, a dívida líquida subiu 90%, de RS 21,168 bilhões para RS 40,223 bilhões no período. A alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado, passou de 1,36 vez no primeiro trimestre de 2022 para 3,5 vezes no primeiro trimestre deste ano, em reais. O fluxo de caixa operacional atingiu R$ 673 milhões de janeiro a março. Os investimentos consolidados no primeiro trimestre foram de R$ 1,09 bilhão.

A operação América do Norte, capitaneada pela National Beef, registrou receita líquida de R$ 13,419 bilhões no primeiro trimestre, recuo de 15,5% em relação a igual período de 2022, ou em dólares, US$ 2,583 bilhões (-14,6%). O Ebitda ajustado ficou em RS 527 milhões, queda de 77,9% na mesma base comparativa. Em dólares, foram US$ 101,5 milhões (-77,7%). A margem Ebitda ajustada da operação foi de 3,9%, contra 15% um ano antes.

O volume total comercializado pela unidade foi de 466 mil toneladas. Do total, 400 mil toneladas (86%) foram destinadas ao mercado interno dos EUA e 14% ao mercado externo, com destaque para Japão e Coreia do Sul.

Já na Operação América do Sul, que engloba Brasil, Argentina, Uruguai e Chile, a receita líquida caiu 19,2%, para R$ 5,217 bilhões no primeiro trimestre de 2023. O Ebitda ajustado consolidado alcançou R$ 408 milhões, queda de 0,5%, enquanto a margem Ebitda ajustado consolidado passando de 6,4% para 7,8%. O volume de vendas foi de 354 mil toneladas, 2,8% maior na comparação anual. As exportações representaram 55% da receita da operação. Aproximadamente 63% do total das vendas externas foram destinadas a China e Hong Kong.

A companhia informou ainda os resultados da operação BRF, com receita líquida consolidada de R$ 13,121 bilhões, Ebitda ajustado de R$ 607 milhões e margem Ebitda ajustada de 4,6%.

Melhor margem na América do Norte
O CEO da Operação América do Norte da Marfrig, Tim Klein, destacou que, embora o Ebitda de US$ 101,5 milhões da unidade seja menor do que o observado nos últimos anos durante a pandemia de covid-19, foi o terceiro melhor resultado já registrado para um primeiro trimestre. "A demanda por carne bovina continua boa, embora um pouco enfraquecida por causa do fator inflacionário que estamos vivendo nos Estados Unidos", disse Klein a jornalistas. O executivo destacou ainda o efeito de ser um trimestre menor, de 12 semanas, contra 13 em igual período de 2022.

Segundo o executivo, a margem do primeiro trimestre pode ter sido o piso do ano. "Normalmente o segundo e o terceiro (trimestres) são os melhores, e esperamos que esses sejam trimestres melhores e que o ano seja melhor do que a margem Ebitda de 3,9% do primeiro trimestre", disse.

Conforme o executivo, a percepção de melhora das margens da operação norte-americana nos próximos trimestres vem tanto de uma reação da demanda quanto de um recuo nas cotações do boi. "Sazonalmente, vemos os preços do boi caírem nos meses de verão (do Hemisfério Norte). Já vimos isso começando a ocorrer e esperamos que continue", disse. Segundo Klein, já foi observada uma queda de 3%, e a expectativa é de outros "3% a 4%" entre o segundo e o terceiro trimestres.

Do lado da demanda, a temporada de churrascos nos EUA pode contribuir para o resultado da operação. "É época de churrascos, quando temos uma demanda melhor por carne bovina, o que normalmente amplia nosso spread. Estamos experimentando isso agora e esperamos que continue ao longo do segundo trimestre. Isso seria uma dinâmica da indústria, não apenas para a National Beef", disse (Broadcast, 16/5/23)