26/03/2021

Mesmo em período de safra, preços não cedem no campo

Mesmo em período de safra, preços não cedem no campo

Legenda: Segundo o Ibre, o preço das matérias-primas brutas, como soja, milho, carnes e minério de ferro, acumula alta de 68% nos 12 meses encerrados em outubro Mauro Zafalon/Folhapress

 

Produtor cumpre contratos de venda antecipada e espera por melhores valores.

Apesar do andamento da safra, e em alguns casos a produção é recorde, os preços não recuam no campo. Os produtos direcionados para o mercado interno perderam um pouco de pressão, mas os que são exportáveis, favorecidos pelo dólar, continuam em alta.

A soja, cujo volume de colheita deverá atingir o recorde de 133 milhões a 135 milhões de toneladas, se mantêm a R$ 170 a saca no porto de Paranaguá, segundo o Cepea, com alta de 2% no mês.

Em Cascavel, no Paraná, a saca é negociada a R$ 159, valor superior ao de há um mês, segundo a Agrural.

 O preço da oleaginosa já esteve mais elevado na primeira semana deste mês, mas os produtores continuam reticentes nas vendas, à espera de preços melhores.

Na avaliação deles, o fôlego da Argentina e dos Estados Unidos está terminando, e o Brasil ficará só no mercado.

A Bolsa de Chicago também ajuda a manter os preços elevados, uma vez que o contrato de maio, um dos mais importantes para o Brasil, está há dez meses em alta.

O milho, importante para o mercado interno, está a R$ 93 a saca, com alta de 9% neste mês. As incertezas da safrinha ajudam a manter os preços elevados.

O arroz, mesmo com o avanço da safra no Rio Grande do Sul, é negociado a R$ 87 por saca, um patamar bem acima da média deste período do ano, segundo o Cepea.

 A alta dos grãos eleva os custos das proteínas. Estas, no entanto, têm também o dólar para impulsionar os preços. A arroba de boi se mantém acima de R$ 310, com reajuste de 3% no mês, e o frango acumula elevação de 5%.

A carne suína está em queda na granja, mas esse recuo pode demorar para o consumidor. A alta da carne bovina sustenta o preço da suína no varejo.

A picanha suína a R$ 30 no açougue é bem mais atraente para o bolso do consumidor do que os R$ 80 do mesmo corte da carne bovina.

A elevação de preços não é exclusividade do Brasil. Os dados de inflação divulgados pelo Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), nesta quinta-feira (25), mostram o quanto o consumidor norte-americano foi penalizado em 2020.

O custo da alimentação em casa, devido ao aumento das refeições no lar, subiu 3,5%, uma taxa bem superior à média de 2% dos últimos 20 anos.

Pesaram as carnes bovina (mais 9,6%), suína (6,3%) e de frango (5,6%) (Folha de S.Paulo, 26/3/21)