08/07/2020

Milho: Análise Agromensal Cepea/Esalq/USP Junho/2020

Segunda safra de milho cairá 4,5% com clima adverso, diz ...

Os preços de milho apresentaram comportamentos distintos em junho. Na primeira quinzena do mês, os valores foram influenciados pela pressão de compradores, que estavam atentos à colheita de segunda safra, e pela maior oferta no mercado de lotes.

 

Na segunda quinzena, porém, a valorização do dólar fez com que vendedores voltassem as atenções à paridade de exportação e, consequentemente, reduzissem a oferta no mercado interno. A alta competitividade do milho no mercado externo impulsionou os valores do cereal nos portos.

 

Entre 29 de maio e 30 de junho, os preços em Paranaguá (PR) e Santos (SP) avançaram 11,5% e 6,6%, fechando, no dia 30, a R$ 50,25/sc de 60 kg e R$ 49,55/sc, respectivamente. Apesar das elevações da segunda quinzena, a queda mais intensa no início do mês prevaleceu e as cotações recuaram no acumulado de junho.

 

Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os preços cederam 2,2% para negociações entre empresas (mercado disponível) e 1,3% para os valores pagos ao produtor (balcão). Em Campinas (SP), o Indicador ESALQ/BM&FBovespa recuou 3,3% entre 29 de maio e 30 de junho, fechando a R$ 48,53/sc da 60 kg no dia 30. A média do mês foi de R$ 47,76/saca de 60 kg, queda de 4,7% frente a maio.

 

EXPORTAÇÃO

O ritmo de negócios para exportação permaneceu lento em junho, pois muito compradores ainda estavam finalizando os embarques de soja. Segundo dados da Secex, o Brasil exportou 348,12 mil toneladas em junho, 73,64% inferior ao do mesmo período do ano passado.

 

Por outro lado, as negociações a termo para entrega nas regiões dos portos em meses futuros seguiram aquecidas e com valores próximos a R$ 50/sc. Com isso, existe a perspectiva de que os embarques ganhem ritmo nos próximos meses.

 

CAMPO

Em São Paulo, a colheita começou em ritmo lento, mas foi interrompida pelas chuvas na primeira semana de julho, o que limitou ainda mais a disponibilidade de milho no estado. Em Mato Grosso, segundo o Imea (Instituto MatoGrossense de Economia Agropecuária), até o dia 29 de junho, a atividade alcançou 31,56% da área estadual estimada, 9,26 p.p. inferior à temporada passada.

 

No Paraná, até 29 de junho, a colheita chegou a 5% da área estimada, com atraso de 36 p.p. em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o Seab/Deral. As chuvas do início de julho também paralisaram os trabalhos de campo.

 

MERCADO INTERNACIONAL

Na Argentina, de acordo com a Bolsa de Cereales, até 2 de julho, a colheita atingiu 81,7% da área, o que representa aproximadamente 42 milhões de toneladas das 50 milhões estimadas. Nos Estados Unidos, o desenvolvimento do milho da safra 2020/21 foi prejudicado pelo clima seco no decorrer do mês; no entanto, na última semana de junho, as condições climáticas apresentaram leve melhora.

 

Segundo relatório do NASS/USDA, até o dia 29, as lavouras consideradas boas ou excelentes correspondiam a 73% da área, e consideradas as médias, a 22%. As classificadas entre razoáveis e ruins somavam 5%. Quantos aos preços, foram impulsionados devido à projeção de menor área plantada na atual temporada.

 

Na Bolsa de Chicago (CME Group), entre 29 de maio e 30 de junho, os vencimentos Jul/20 e Set/20 se valorizaram 3,91% e 3,48%, respectivamente, a US$ 3,385 /bushel (US$ 133,26/t) e US$ 3,415/bushel (US$ 134,44/t) no dia 30.

 

Projeções do USDA indicam que foram semeadas 37,23 milhões de hectares na temporada 2020/21, 5% menor que a área estimada em março, mas ainda 2,5% superior ao ano passado. Os estoques do cereal foram projetados em 132,69 milhões de toneladas, volume 0,4% acima do ano anterior (Assessoria de Comunicação, 6/7/20)