Milho: Análise Conjuntural Agromensal Cepea/Esalq/USP Julho/2020
Os preços de milho operaram em alta na maior parte de julho, mas com fundamentos diferentes no período. Nas duas primeiras semanas, as cotações subiram, influenciadas pela alta do dólar, pela firme demanda externa e pela elevação do frete. Já na segunda quinzena do mês, mesmo com a queda cambial, que reduziu o interesse de venda nos portos, produtores limitaram suas ofertas, mantendo as cotações em patamares elevados, contribuindo com o movimento de alta na maior parte do mês.
Apesar de a colheita ter ganhado ritmo em julho, vendedores priorizaram o cumprimento de contratos negociados previamente e seguiram atentos à paridade de exportação. Em julho, na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os preços subiram 5,7% para as negociações entre empresas (mercado disponível) e 5,8% para os valores pagos ao produtor (balcão). Em Campinas (SP), o Indicador ESALQ/BM&FBovespa registrou aumento de 4,7% entre 30 de junho e 31 de julho, fechando a R$ 50,79/saca de 60 kg no dia 31. A média do mês foi de R$ 49,70/saca de 60 kg, aumento de 4,1% se comparada à de junho. Já o dólar se desvalorizou significativos 4,2% no período, a R$ 5,213 no dia 31.
EXPORTAÇÃO
As negociações ganharam força em julho. Mesmo com as oscilações externas e a baixa cambial, compradores mostraram interesse para entregas imediatas. Contudo, no acumulado do mês, os preços em Paranaguá (PR) e Santos (SP) recuaram 1,6% e 0,6%, fechando a R$ 49,45 e R$ 50,57/sc de 60 kg, respectivamente, no dia 31. De acordo com dados da Secex, o Brasil exportou 4,15 milhões de toneladas de milho em julho, volume 30% menor em relação ao mesmo período do ano passado, mas muito superior às 348,1 mil toneladas embarcadas em junho.
CAMPO – O clima em julho permitiu que a colheita ganhasse ritmo em todas as regiões produtoras. Porém, agricultores começaram a indicar ajustes negativos na produtividade, especialmente nas lavouras do Paraná, de São Paulo e Mato Grosso do Sul, devido à seca durante o desenvolvimento. Esse contexto somado ao fato de que boa parte da produção já está comercializada devem manter limitada a disponibilidade do cereal. No Paraná, a colheita havia atingido 37% da área plantada até o dia 3 de agosto, segundo relatório divulgado pela Seab/Deral. A secretaria também divulgou estimativa de produção de 11,54 milhões de toneladas, queda de 13% frente à anterior. Em Mato Grosso, as atividades seguiram em ritmo intenso, com 93,55% da área colhida, avanço de 60 p.p. no mês, conforme indicou o levantamento do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária).
Já em São Paulo e Mato Grosso do Sul, a colheita de segunda safra seguiu em menor ritmo. Em julho, no primeiro estado, enquanto na região da Sorocabana os trabalhos estavam um pouco mais adiantados, na Mogiana e em Itapeva a colheita estava no início. Em Mato Grosso do Sul, as atividades chegaram a 13,4% da área até o final de julho, 55 p.p. abaixo do verificado no mesmo período de 2019, de acordo com a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul). A área produzida no estado foi revisada para baixo, com queda de 12,79%, somando 8,65 milhões de toneladas.
MERCADO INTERNACIONAL
Na Argentina, a colheita já está na reta final. Segundo a Bolsa de Cereales, até o dia 30, as atividades haviam atingido 97,4% da área estimada. Por enquanto as estimativas de produção se mantêm em 50 milhões de toneladas. Nos Estados Unidos, as lavouras apresentaram melhora no desenvolvimento. O relatório do NASS/USDA mostrou que, até o dia 2, as lavouras consideradas boas ou excelentes correspondiam a 72% da área. O USDA relatou também que 92% do total tinha formado espiga e 39% estavam em formação de grãos.
Quantos aos futuros, terminaram em baixa em julho, influenciados pelas boas condições das lavouras e pela melhora do clima no Meio-Oeste norte-americano. No entanto, a possibilidade de que aumento na demanda chinesa pode limitar as quedas nos próximos meses. No acumulado do mês, os vencimentos Set/20 e Dez/20 recuaram 7,47% e 6,7%, respectivamente, indo para US$ 3,16/bushel (US$ 124,40/t) e US$ 3,27/bushel (US$ 128,73/t) no dia 31 (Assessoria de Comunicação, 5/8/20)