MP denuncia Edson Aparecido, fina flor do “trambique” e da “rapinagem”
Notícia divulgada nesta última 6ª feira (30) pelo G1, site da Globo, revela que Edson Aparecido (Foto ao lado de Geraldo Alckmin), ex-secretário da Casa Civil do Governo de São Paulo na gestão de Geraldo Alckmin, foi denunciado pelo Ministério Público de ter recebido R$ 340 mil da CCR, concessionária de serviços públicos.
Edson Aparecido, que já foi deputado estadual e federal, iniciou suas atividades profissionais ao lado do ex-ministro das Comunicações de FHC, Sérgio Motta, que foi acusado de ter dado um golpe com a instalação de uma usina de etanol a partir de madeira com tecnologia russa na região de Uberlândia.
Na Casa Civil, Edson Aparecido se aliou com fontes ligadas a usineiros considerados “reacionários” e “da vanguarda do atraso”, para boicotar evento internacional de Etanol de 2ª Geração (E2G) que seria promovido no auditório do Palácio dos Bandeirantes.Com frequência o auditório é cedido para eventos de grande porte e, segundo fontes do gabinete do então governador Geraldo Alckmin à época, pela primeira vez houve uma negativa para a cessão do local.
Conhecido deputado estadual e um respeitado líder sindical, ambos fundadores do PSDB, tentaram, em vão, fazer com que Edson Aparecido mudasse de opinião. Agora, com novas denúncias de corrupção envolvendo o ex-secretário de Alckmin, pode-se imaginar quais os motivos que o levaram a boicotar o evento que era de grande interesse do setores dos biocombustíveis e do meio ambiente.
A íntegra da notícia divulgada pelo G1 e também pelo site é esta:
Legenda: Edson Aparecido, Aloisio Mercadante, Luiz Marinho, Emídio de Souza e Antonio Mentor são citados em termo, segundo apurou a GloboNews. Executivos da empresa admitiram que pagaram caixa dois para campanha de políticos paulistas do PSDB, PT e PSD.
O Grupo CCR, que tem concessões de rodovias em São Paulo, fechou um acordo milionário com o Ministério Público Estadual. Executivos da empresa admitiram que pagaram caixa dois para campanha de políticos do estado, como os ex-governadores José Serra e Geraldo Alckmin (PSDB), o ex-ministro Gilberto Kassab (PSD) e a ex-senadora Marta Suplicy, quando estava no PT.
A GloboNews teve acesso a outros cinco nomes de políticos citados por executivos e ex-executivos da CCR durante a negociação do acordo assinado nesta quinta-feira (29) com o Ministério Público do Estado de São Paulo: Aloizio Mercadante, Luiz Marinho, Emídio de Souza e Antonio Mentor, todos do PT, e Edson Aparecido, do PSDB, ex-secretário da Casa Civil do governo Alckmin e atual secretário de Saúde da Prefeitura de São Paulo na gestão Bruno Covas.
Os políticos negam recebimento de recursos ilícitos.
A investigação em São Paulo começou após a delação premiada do operador Adir Assad à Lava Jato. Os promotores paulistas tiveram acesso à delação e interrogaram Assad, que deu detalhes de como se aproximou do grupo CCR, que administra rodovias importantes no estado.
Assad contou que se reuniu na sede da CCR com Renato Valle, presidente do grupo na época, e que apresentou um projeto de patrocínio das empresas dele de stock car para que a CCR fizesse publicidade.
Assad ressaltou que todos os contratos firmados entre as empresas dele e a CCR ocultavam o esquema de devolução de 80% dos valores correspondentes. Os promotores de São Paulo passaram a investigar os executivos da companhia. O Ministério Público descobriu que cerca de R$ 44 milhões em valores atuais, que voltaram para a CCR, foram usados para financiar campanhas eleitorais de políticos paulistas via caixa dois. Como a CCR é uma concessionária de serviço público, não poderia fazer doação a campanhas eleitorais de forma lícita.
Veja os políticos citados
Aloizio Mercadante (PT) – Foi beneficiário de R$ 1,7 milhão de caixa 2 recebido em 2010, quando foi candidato a governador do Estado de São Paulo pelo PT. Senador pelo Estado de SP entre 2003 e 2010, Mercadante foi ministro da Educação, da Ciência e Tecnologia e da Casa Civil durante os governos Dilma Rousseff (2011-2015).
Emídio de Souza (PT) – Pediu a um executivo da CCR R$ 3 milhões para a campanha de Mercadante de 2010. Foi a partir desse pedido que houve a destinação do R$ 1,7 milhão de caixa 2. Emídio foi prefeito duas vezes de Osasco, cidade da Grande São Paulo, já foi presidente do Diretório Estadual do PT.
Antonio Mentor (PT) – Recebeu R$ 150 mil de caixa 2 em 2012. Mentor foi deputado estadual pelo PT em São Paulo por vários mandatos. Não conseguiu se eleger para o cargo na eleição deste ano.
Luiz Marinho (PT) – Recebeu R$ 60 mil em 2012. Recebeu essa quantia com a ajuda do delator Adir Assad, por meio da compra de convites para um jantar de campanha do PT, comprados pelo próprio Assad. Ministro do Trabalho e da Previdência durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva, Marinho foi prefeito de São Bernardo do Campo por dois mandatos. Foi candidato a governador de São Paulo pelo PT neste ano.
Edson Aparecido (PSDB) – Recebeu R$ 340 mil, entre dezembro de 2012 e março de 2013, através de terceiros. Atual secretário de Saúde da gestão Bruno Covas (PSDB), foi deputado estadual e federal por vários mandatos e foi secretário da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin em São Paulo.
Serra, Alckmin, Kassab e Marta
Além deles, o SP2 apurou alguns nomes e valores que constam nos depoimentos do executivos da CCR, sendo:
José Serra (PSDB) - R$ 3 milhões para campanha do senador José Serra, candidato à presidência da república 2010;
Geraldo Alckmin (PSDB) - R$ 4,5 milhões para a campanha do ex-governador Geraldo Alckmin ao governo de São Paulo, também em 2010;
Gilberto Kassab (PSD) - R$ 2,8 milhões ao ministro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab, para a criação do PSD
Marta Suplicy (PT) - R$ 1 milhão para Marta Suplicy, na campanha dela ao senado em 2010, quando ainda estava no PT
Campos Machado (PTB) - R$ 1 milhão para acertos de campanha do deputado Campos Machado.
Serra, Alckmin, Machado e Kassab afirmam que tiveram as contas aprovadas pela Justiça.
O que dizem os citados
A defesa de Aloizio Mercadante diz que o ex-ministro "sempre foi muito crítico aos preços dos pedágios praticados nas estradas estaduais e defendeu, como candidato, uma revisão semelhante ao que os governos do PT estabeleceram nas estradas federais". Mercadante desconhece e estranha essa menção, porque nunca recebeu e não autorizou ninguém a solicitar apoio financeiro de empresas concessionárias de pedágio para sua campanha. "O ex-ministro espera ser ouvido e confia inteiramente na investigação e na justiça. A prestação de contas de sua campanha respeitou rigorosamente a legislação, foi aprovada integralmente pela Justiça Eleitoral e está disponível para consulta de qualquer cidadão há 8 anos".
A assessoria de Luiz Marinho disse que todos os valores recebidos pela campanha do ex-prefeito de São Bernardo do Campo constam das prestações de contas, todas devidamente aprovadas pela Justiça Eleitoral.
A assessoria de Edson Aparecido disse que o Secretário Municipal da Saúde desconhece o teor da delação ou qualquer aspecto desta investigação conduzida pelo Ministério Público. Entretanto, afirma com tranquilidade que jamais recebeu recursos ilícitos e que as contas de todas as suas campanhas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.
A assessoria de José Serra declarou que todas as campanhas do senador tucano sempre foram realizadas com rigor técnico, que as contas ficaram a cargo do PSDB e que sempre foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.
A assessoria de Gilberto Kassab declarou que todas as doações recebidas pelo PSD obedeceram à legislação e que o ministro aguarda com tranquilidade a divulgação das informações.
A defesa de Geraldo Alckmin afirmou que o ex-governador jamais recebeu recursos da CCR, que o financiamento das campanhas foi sempre dentro da lei, e que ele desconhece o conteúdo do inquérito.
A defesas de Marta Suplicy não retornou o contato da GloboNews.
As defesas de Emídio de Souza e Antônio Mentor não foram localizadas.
A CCR diz que segue contribuindo com as autoridades públicas para esclarecer os fatos que envolvem a companhia.
esquema CCR — Foto: Alexandre Mauro/G1
O Grupo CCR atua na área de infraestrutura, em segmentos de concessão de rodovias, mobilidade urbana, aeroportos e serviços. A companhia é responsável pela administração de algumas das rodovias mais importantes de São Paulo, como a Anhanguera, a Bandeirantes, a Castello Branco e a Raposo Tavares, além de serviços de mobilidade urbana como o Metrô da capital, com as empresas ViaQuatro e ViaMobilidade.
Já a íntegra de outras denúncias publicadas pelo site www.diariodocentrodomundo.com.
“Edson Aparecido, ex-secretário da Casa Civil do Governo de São Paulo, acostumado a eleições em nível federal na casa dos 200 mil votos, recebeu irrisórios 21.291, quando todos apostavam que seria o “puxador” de votos da bancada tucama.
No PSDB a derrota de Aparecido é tratada como tabu, mas algumas interpretações ajudam a explicar o fiasco.
Primeiro: Aparecido teria trabalhado com lideranças do partido, ex-subprefeitos e quadros técnicos de governo – e estes acabaram não entregando aquilo que prometeram: os votos.
O segundo responde pelo nome de Google, já que ao digitar o nome do candidato no sistema mundial de buscas o que volta é só dor de cabeça.
Aparecido, ex-secretário da Casa Civil de Alckmin, é investigado pelo Ministério Público por suspeita de enriquecimento ilícito por ter adquirido, em 2006, um apartamento de luxo por 30% de seu valor de mercado. O imóvel era de um empreiteiro que tinha contratos com o governo do estado.
Além disso, também teve seu nome envolvido no escândalo das merendas. Um dos beneficiários da propina, Luiz Roberto dos Santos, o “Moita”, era chefe de gabinete dele. De acordo com grampos telefônicos, a articulação das fraudes partiu da Casa Civil, onde Moita atuava.
Um terceiro motivo paira no ar e tem endereço no Palácio dos Bandeirantes: o próprio Alckmin.
O governador que fez o que foi possível para garantir a eleição de João Doria (está inclusive sendo investigado de ter usado a máquina do estado em prol da candidatura) não teria se empenhado da mesma forma pelo ex-braço direito.
No que se refere ao parlamento, como se nota, PT e PSDB desempenharam papéis invertidos em relação ao que se viu na disputa pelo Executivo.
Se na corrida para ocupar a cadeira de prefeito localizada no quinto andar do Edifício Anhangabaú, João Doria deixou Fernando Haddad comendo poeira, na Câmara municipal o que se viu foi Suplicy aclamado pelo povo e Edson Aparecido na chuva, sem apoio sequer dos amigos” (www.diariodocentrodomundo.