“Narrativas do desmatamento vão pesar, se não agirmos”, diz Caio Carvalho
DESMATAMENTO - FOTO AMANDA PEROBELLI
As narrativas do desmatamento vão pesar sobre o agronegócio brasileiro se o País não agir, disse o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luis Carlos Corrêa Carvalho.
"Mudanças climáticas serão tônica do mundo pós reglobalização. As narrativas do desmatamento vão pesar, se não agirmos. Barreiras nos mercados consumidores serão forma de protecionismo disfarçado de proteção ambiental", disse Carvalho, na abertura do 21º Congresso Brasileiro do Agronegócio, realizado pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag).
"Cobranças da preservação da Amazônia brasileira são legítimas", acrescentou.
Em contrapartida, ele destacou que o agro tem uma ação regenerativa em potencial, especialmente nos mercados de descarbonização. "Energia e alimento são hoje nova desordem mundial. Vivemos insegurança alimentar e energética em pleno processo de expansão da bioeconomia. Neste cenário, Brasil tem aptidão em mitigar emissões em larga escala de produção e em agregar valor às commodities. O Brasil é resposta ao mundo em segurança alimentar e energética", afirmou.
Dentre o protagonismo do agro brasileiro para segurança energética e alimentar do mundo, Carvalho defendeu a importância do Renovabio - política nacional de biocombustíveis dentre o potencial de descarbonização do País. "Os mecanismos do Renovabio devem ser fortalecidos e nunca atacados", afirmou.
Carvalho disse também que dar suporte à segurança alimentar e apoiar sustentabilidade global pressupõe protagonismo do País. "É fundamental marco regulatório dos defensivos, que está sendo votado no Senado, e que gerará maior oportunidade para País responder à segurança alimentar com produtividade", defendeu.
Carvalho destacou o momento de incertezas enfrentado pelas cadeias globais do agronegócio. "Vivemos momento de elevada complexidade e de graves dificuldades nas cadeias globais, com redução de países com democracia. A guerra Rússia e Ucrânia tirou o movimento de foco nas mudanças climáticas e trouxe de volta a inflação mundial", citou.
Na avaliação de Carvalho, segurança alimentar e energética serão a nova ordem global. "Insegurança alimentar e energética voltam com força desestabilizadora da sociedade. Será de forma integrada que o Brasil manterá potência de segurança alimentar", observou.
Carvalho também disse que o mundo vive elevado grau de incerteza com fragilidade das instituições globais e avanço do protecionismo em meio à reestruturação da globalização e ao agravamento da guerra comercial entre China e Estados Unidos e à guerra entre Rússia e Ucrânia. "A defesa do multilateralismo é fundamental ao agro brasileiro", observou Carvalho.
Também presente na abertura do evento, o CEO da B3, Gilson Finkelsztain, destacou que o agro é o motor da economia brasileira, respondendo por 27% do Produto Interno Bruto no ano passado, mencionando que o País possui extensa área agricultável e tecnologias para produção. Ele destacou que o setor vem aumentando a presença no mercado de capitais e citou o Iagro B3, índice de empresas de agronegócio da bolsa com 32 empresas, que juntas somam R$ 700 bilhões de valor de mercado.
"O apetite pelo agro é tanto que desenvolvemos Iagro B3. Investidores nacionais e internacionais passam a contar com termômetro que mede desempenho das empresas do setor e empresas ganham visibilidade no seu mercado", disse o CEO da B3. Segundo Finkelsztain, a bolsa estuda a criação de um subíndice avaliando sustentabilidade das empresas (Broadcast, 1/8/22)