30/08/2022

Necessidade de recurso leva agro a crédito via mercado de capitais

Necessidade de recurso leva agro a crédito via mercado de capitais

crédito agrícola em 2022-23 Imagem Blog Agro Advisor

A maior demanda por crédito agrícola em 2022/23 tem levado produtores e companhias do setor no Brasil a ir além de fontes como bancos públicos e privados para avançar cada vez mais em financiamento via emissões no mercado de capitais.

Com o aumento esperado nas safras de soja e milho do Brasil e expectativa de boa lucratividade do agronegócio -apesar de custos mais altos por juros ou insumos mais caros-, muitos players financiadores têm ofertado recursos por meio de mecanismos menos tradicionais, enquanto o setor também buscado novas alternativas, como o Fiagro.

"Há uma redução dos níveis de crédito controlado (Plano Safra, do governo) para agricultura comercial e agroindústria, e também tivemos um aumento na necessidade de capital muito grande, com os próprios aumentos dos custos de produção", disse o gerente da Consultoria Agro do Itaú BBA, Guilherme Bellotti.

O Ministério da Agricultura estima que a necessidade de financiamento agrícola do Brasil é de R$ 800 bilhões, enquanto os recursos do governamental Plano Safra 2022/23, que inclui crédito subsidiado, somam R$ 340 bilhões.

De fato, "não tem dinheiro (do Plano Safra) para todo mundo", disse à Reuters o secretário de Política Agrícola do ministério, Guilherme Soria Bastos, na última semana, acrescentando que o governo fomenta a aproximação do setor com agentes financeiros privados.

"Isso fez com que os players se aproximassem dos bancos e mercado de capitais, seja através de CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio), fundos, Fiagros (Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais), etc", completou o especialista do Itaú BBA.

As emissões de CRAs, por exemplo, mais que dobraram no acumulado do ano até julho, em relação ao primeiro semestre de 2021, somando cerca de R$ 26 bilhões, conforme dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), levantados pela Nexgen Capital, que tem ampliado sua atuação neste segmento.

Negócios
Operações com novos mecanismos de financiamento, como os Fiagros, lançados no ano passado, também estão acontecendo.

Na quinta-feira passada, a Vinci Partners, controladora de uma plataforma de investimentos no Brasil, anunciou o fechamento de 360 milhões de reais para o Vica (Vinci Crédito Agro Fiagro Imobiliário).

Trata-se do primeiro produto da Vinci Partners no âmbito da joint venture com a Chrimata, empresa de investimentos focada no setor do agronegócio, anunciada em maio de 2021.

Já o Itaú BBA desembolsou R$ 57 milhões na semana passada para financiamento de duas emissões de CPR (Cédulas de Produto Rural), por revendas de insumos, uma de Mato Grosso e outra do Pará, em operações atípicas junto ao setor de distribuição.

No início do mês, a companhia de sementes Boa Safra e a gestora de investimentos independente Suno Asset lançaram seu primeiro fiagro, cujo IPO bateu um recorde de liquidez em sua estreia na bolsa de valores brasileira, a B3.

O ativo movimentou R$ 10,39 milhões no seu IPO, o maior volume de negociação para um Fiagro em um lançamento.

Em julho, foi a vez da Caramuru Alimentos, uma das principais processadoras de soja do país, emitir um CRA de R$ 600 milhões (Folha de S.Paulo, 30/8/22)