Nova fronteira agrícola na África tem desafios e oportunidades
LEGUMES NA HORTA . Foto Juliana Carreiro Estadão
Por Cleber Guarany
Aplicação da tecnologia agrícola brasileira naquele continente pode trazer resultados em curto prazo.
Quando olhamos para a África de fora, a primeira coisa que vem à mente é a insegurança alimentar. O Continente Africano sofre com a falta de alimentos. No entanto, ajudar a resolver esse problema representa uma oportunidade para o Brasil, tanto do ponto de vista humanitário quanto político e econômico.
A África é um continente diverso, composto por mais de 50 países, cada um com seus próprios contextos sociais, econômicos e culturais. Abriga uma população de quase 1,5 bilhão de pessoas. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), o continente importa cerca de US$ 50 bilhões em alimentos por ano. De forma irônica, a agricultura ocupa menos de 2% da área territorial africana, o uso de tecnologia é limitado e a produtividade ainda é baixa. Atualmente, é a maior fronteira para a produção de alimentos no mundo. Como toda fronteira, há desafios, mas também grandes oportunidades.
O Brasil possui um potencial imenso para se tornar o principal parceiro dos países africanos no desenvolvimento de uma agricultura sustentável. Além dos fortes laços históricos e culturais que nos unem, o Brasil desenvolveu um know-how significativo para enfrentar desafios semelhantes por meio de tecnologia e políticas públicas adequadas.
As condições climáticas e de solo brasileiras são bastante semelhantes às de diversos países africanos. Por essa razão, a aplicação da tecnologia agrícola brasileira naquele continente tem o potencial de trazer resultados positivos em um curto prazo, pois são adaptáveis ao desafio proposto.
Vale destacar que o Brasil, por meio de instituições como a Embrapa, International Center for Innovation and Transfer of Agricultural, Livestock and Environmental Technology (Ciittaa) e FGV Europe, já está desenvolvendo diversas iniciativas para combater a insegurança alimentar no continente e promover novos negócios para empresas brasileiras. Esse ambiente de negócios já despertou interesse dos principais atores globais.
Essa nova fronteira agrícola se estabelecerá e contribuirá significativamente para a redução da pobreza e o aumento da renda, além de diminuir as tensões sociais e a instabilidade econômica no continente. É crucial que aproveitemos essa oportunidade para impulsionar a produção de alimentos na África, compartilhando nosso conhecimento e tecnologia agrícola e contribuindo para o desenvolvimento sustentável do continente (Estadão, 23/8/23)