24/01/2023

O que a China comprou do agro do Brasil por US$ 50,8 bi

O porto de Xangai é o maior do mundo em movimentação de carga. Getty Images

 porto de Xangai  Getty Images

 

Por Vera Ondei

 

Valor foi empregado em cinco setores de produtos do campo. Confira quais são eles.

 

A China importou do Brasil US$ 58,8 bilhões (R$ 306 bilhões na cotação atual) em produtos do agronegócio em 2022. O valor é 43,3% superior a 2021 e praticamente o dobro do desempenho registrado há cinco anos. No papel de maior parceiro comercial do país, o valor embarcado para China representa 31,9% do total exportado pelo agro de US$ 159 bilhões, segundo dados do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária).

 

 

Cinco setores do agro faturaram acima de US$ 1 bilhão em 2022. Os produtos do chamado complexo soja, carnes, produtos florestais, complexo sucroalcooleiro e fibras e produtos têxteis dominam a pauta. Foram US$ 48,915 bilhões, equivalente a 83,2% do tota embarcado.Há alguns fatores que determinam a voracidade chinesa pelo grão. Entre elas estão a demanda para movimentar a indústria de ração animal, principalmente a criação de suínos; a estratégia do país asiático em manter robustos estoques e a decisão de cultivar milho nas terras agricultáveis como primeira opção. Em 2022, as importações totais da China somaram 91,08 milhões de toneladas de soja, uma queda de 5,6% causada pelos altos preços globais da commodity.

 

O país asiático mudou a configuração global do mercado de alimentos nas últimas duas décadas e a estimativa é se manter nos próximos anos. Essa configuração tem como base uma população de 1,4 bilhão de habitantes e um desafio gigante de tirar da pobreza 200 milhões de pessoas. Por outro lado, a China possui uma classe média crescente e ávida por consumir alimentos mais elaborados e processados, da ordem de 300 milhões de pessoas. Embora o Banco Mundial e outras instituições apontem que a população do país tende a diminuir nos próximos anos, baixando para 1,35 bilhão até 2050, ainda assim haverá demandas diversas.

 

Além dos cinco setores de destaque, o Brasil também embarca outros produtos, como cacau, café, cereais, sucos, ração animal, óleos, chá, entre outros. Desse grupo, os mais representativos embarques são de café e suco. Do grão foram US$ 86,2 milhões para 21,7 mil toneladas. Os sucos, basicamente o de laranja, renderam US$ 95,1 milhões.

 

Dois movimentos devem chamar a atenção em 2023, do qual o agro do Brasil deve se beneficiar. No início de janeiro, o Banco Mundial reduziu a previsão de crescimento para este ano, quase encostando em um quadro de recessão, confirmado pelos ânimos dos empresários durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na semana passada, entre 16 e 20. Por outro lado, há oportunidades para países exportadores de alimentos. E meados do ano passado, a China começou a liberar a entrada de milho brasileiro, fechando dezembro com  com 1,165 milhão de toneladas  embarcadas em 2022. Pode ser mais. Vale lembrar que a China é o maior comprador mundial de milho. A estimativa é de que na safra 2022/23, os chineses comprem 18 milhões de toneladas do cereal.

 

 

Os 5 setores do agro que mais exportaram para a China

Complexo Soja

US$ 32,1 bilhões para 53,9 milhões de toneladas

O maior volume foi de soja em grãos, com 53,7 milhões de toneladas embarcadas por US$ 31,8 bilhões. De óleo, entre bruto e refinado, foram 162,7 mil toneladas por US$ 240 milhões.

Carnes

US$ 10,4 bilhões para 2,2 milhões de toneladas

A carne bovina representou a maior parcela. Foram 1,238 milhão de toneladas por US$ 7,9 bilhões. De carne de frango foram 539,6 mil toneladas por US$ 1,3 bilhão, seguida pela carne suína com 459,9 mil toneladas por US$ 1,1 bilhão. A China ainda comprou carne de ovinos, caprinos, pato, peru, equídeos, além de miúdos e preparações.

Produtos florestais

US$ 3,6 bilhões para 10,9 milhões de toneladas

A venda de celulose praticamente domina o setor. Foram 8,8 milhões de toneladas da pasta por US$ 3,3 bilhões.As demais vendas foram de madeira de floresta plantada e papel, totalizando US$ 263,9 milhões.

Complexo sucroalcooleiro

US$ 1,7 bilhão para 4,3 milhões de toneladas

Praticamente toda a venda do setor se concentra em açúcar, principalmente em bruto, que respondeu por US$ 1,690 bilhão. Os demais produtos são açúcares refinados, melaço e álcool etílico.

Fibras e produtos têxteis

US$ 1,1 bilhão 560,3 mil toneladas

Algodão e produtos têxteis de algodão, como fios, representam praticamente tudo que é embarcado para o país asíatico.

 

 

Quanto o agro do Brasil faturou com a China nos últimos 5 anos (dólares/para milhões de toneladas)

2018: 35,444 bilhões para 78,795 mi/ton

2019: 30,960 bilhões para 70,665 mi/ton

2020: 34,010 bilhões para 79,327 mi/ton

2021: 41,017 bilhões para 78,686 mi/ton

2022: 50,787 bilhões para 73,970 mi/ton (Forbes, 23/1/23)